O
presidente Michel Temer completou o primeiro mês de interinidade.
Como
esperado, nada fácil.
Uma
verdadeira via crucis política para quem assume o governo, em caráter
transitório.
O
rito processual do impeachment no Brasil (agora usado pela segunda vez, em
pouco tempo) vem de lei infraconstitucional de 1950 (Lei nº 1.079/50).
Já
é tempo de uma revisão mais profunda nessa legislação, até pela experiência
nociva da “agonia prolongada” dos governantes, tanto os que saem, quanto os que
ficam, prolongando no tempo as incertezas e mazelas da nação, igualmente
agonizante.
Entre
os aspectos nocivos do rito legal do impeachment está a desproporção entre o quórum
exigido para decidir se abre ou não o processo contra o Presidente da República
e o estabelecido no julgamento final.
No
primeiro caso é exigida a maioria simples de votos, presente a maioria absoluta
do Senado, que é de 41 senadores.
Já para a impugnação do mandato do Presidente,
o quórum passa a ser de 2/3 dos senadores, que corresponde a 54 parlamentares.
Considerando
os vícios inerentes à política nacional, pela inexistência de programas
partidários consistentes, é de imaginar-se a grande pressão sobre o governante
interino, cuja natural preocupação política será de não correr riscos no
julgamento decisivo.
Aí
estão as maiores razões das dificuldades do atual presidente Michel Temer.
Acusado
de vacilante e conivente com as aparências de corporativismo do seu próprio
partido (PMDB), a condução do seu governo revela uma estratégia
pré-estabelecida.
O
Presidente parece ter resolvido governar o Brasil, da mesma forma como dirigiu
a Câmara dos Deputados, ou seja, com os avanços e recuos típicos da Casa
política, onde a última palavra é sempre da maioria e não de quem eventualmente
preside o parlamento.
Existiria
outro caminho, que garantisse estabilidade política ao governo e ao país, afora
esse opção do governo?
O
jornalista Newton Carlos, em artigo recente, fez uma metáfora com o governo
Temer comparando-o ao futebol.
Escreveu
o periodista, que o Presidente não poderia montar uma equipe, cujo principal
objetivo fosse ganhar o campeonato no primeiro tempo, mas sim confirmar o
impeachment no segundo tempo.
Pelo
que se nota é isso que vem acontecendo.
O
presidente convive com as idiossincrasias da política nacional, aparentemente
submetendo-se as pressões dos 27 partidos, com representantes e influencia no
colegiado.
Tarefa
dificílima. Terá que filtrar o que é possível absorver, sem desvios graves e
aguardar com paciência, a decisão do segundo tempo do jogo do impeachment.
Será
realmente essa a estratégia oficial?
Não
se sabe.
Porém,
se verdadeira a conclusão, o país terá com certeza um segundo governo Temer,
caso a interinidade seja trocada pela investidura definitiva.
Inevitavelmente,
surgirá novo cenário no jogo do poder, após o julgamento final do Senado.
Poderão
ocorrer mudanças da água para o vinho.
Até
porque, se isso não ocorrer, a governabilidade até 2018 estará inteiramente
comprometida.
Aguardemos!
Por:
Ney Lopes
Quinta-feira,
16 de junho, 2016
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