O
procurador-geral da República, Rodrigo Janot, diz acreditar que o presidente em
exercício Michel Temer (PMDB) montou o seu ministério com o objetivo de colocar
um freio nas investigações da Operação Lava Jato.
Trechos
do pedido de prisão do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), do
senador Romero Jucá (PMDB-RR) e do ex-presidente José Sarney (PMDB-AP) enviado
por Janot ao Supremo Tribunal Federal demonstram essa interpretação.
Na
peça, o procurador-geral da República afirma que as conversas gravadas pelo
ex-presidente da Transpetro Sergio Machado com os peemedebistas demonstram que
um "acórdão" seria colocado em prática após a chamada "solução
Michel", isto é, com a aprovação do afastamento de Dilma Rousseff no
Senado e a chegada de Temer à Presidência.
Para
Janot, as nomeações de Jucá para o Ministério do Planejamento, do filho de
Sarney, Zequinha Sarney, para o Ministério do Meio Ambiente, e de Fabiano
Silveira, ligado a Renan, para o ministério que substituiu a
Controladoria-Geral da União, tiveram esse objetivo. Também entraria nessa
estratégia a distribuição de cargos para o PSDB.
Para
o PGR, a intenção dos peemedebistas era "construir uma ampla base de apoio
político" para conseguir aprovar pelo menos três projetos no Congresso, um
para enfraquecer o instrumento da delação premiada, outro para reverter a
decisão do STF de permitir a prisão após a segunda instância e um terceiro para
mudar a lei sobre acordos de leniência.
"Essas
três medidas seriam implementadas no bojo de um amplo acordo político -
tratar-se-ia do propalado e temido 'acordão' - que envolveria o próprio Supremo
Tribunal Federal", afirma Janot.
Apesar
dos apontamentos do PGR, o ministro Teori Zavascki, relator da Lava Jato no STF,
negou o pedido de prisão dos três peemedebistas. Para o magistrado, apenas a
presunção de "força política" dos investigados para tentar obstruir a
maior operação já desencadeada contra a corrupção não é elemento suficiente
para mandar prendê-los.
Procurada,
a assessoria de imprensa de Temer não retornou ao questionamento da reportagem.
O presidente em exercício, porém, já repetiu inúmeras vezes que apoia as
investigações da Lava Jato. (AE)
Quarta-feira,
15 de junho, 2016
Nenhum comentário:
Postar um comentário