Liberdade de expressão

“É fácil submeter povos livres: basta retirar – lhes o direito de expressão”. Marechal Manoel Luís Osório, Marquês do Erval -15 de abril de 1866

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06 junho, 2015

CRISE DO REFORMISMO




Em tempos em tempos voltamos às reformas políticas como solução para as crises do Brasil. Ou não seria aos arremedos de reforma? Ideologias e práticas são confundidas, como se já não bastasse conceber mudanças efetivas num cenário político desconectado da sociedade.

Aqueles que se intitulam de esquerda – ou que reforçam o rótulo de “progressistas” nos costados expostos para plateias bovinas -, até por uma questão de sobrevivência, associam o conservador a estereótipos negativos - autoritário, retrógrado, reaça, fascista. O antidemocrata por excelência.

Mas, ao passo que o reacionário planeja mudanças voltadas para um passado romantizado e utópico, o revolucionário “de esquerda” idealiza saltos para o futuro. Ambos, cada um à sua maneira, são utopistas radicais. Acreditam na possibilidade de reformas extremas, tanto quanto na natureza invariável de um homem possuidor de uma vontade sem limites para reformar um mundo estático cujos valores essenciais – liberdade, igualdade e fraternidade – podem ser vivenciados sem antagonismos. Exemplos de tais falácias abundam nas tragédias causadas por utopias no século XX.

Ao contrário dos seus estereótipos, o político conservador recusa a ação do presente baseada na fuga para o passado (reacionarismo) ou para o futuro (revolução) e reage defensivamente a estes apelos por perceber o potencial de violência que a política utópica carrega. O mundo é visto com lentes realistas: a complexidade da política é manipulada por um intelecto imperfeito, marca da natureza humana.

O conservador pratica, assim, uma espécie de ideologia de ocasião, que emerge em nome da estabilidade apenas quando há graves ameaças à ordem vigente. Para este tipo de homem, reformas são preventivas e servem para melhorar ou preservar a realidade em risco, de modo que os atalhos da violência e da destruição sejam evitados.

Humildade, prudência, ceticismo e senso acurado dos próprios limites e da complexidade da realidade obrigam ao pragmatismo, à valorização das tradições e circunstâncias, à coexistência de valores múltiplos e antagônicos, ao pluralismo político.

Não foi sem (bem) pensar que os britânicos recentemente reconduziram o insosso, mas eficaz, Cameron para gerir os destinos do país. Preferiram a continuidade de políticas e programas que conferiram estabilidade à sociedade inglesa num mundo conturbado.

Como esclarece o cientista político J. P. Coutinho, no ensaio que me serviu de fonte, o lema conservador “viver e deixar viver” presume a inexistência de radicais a governar-nos, cabendo à uma sociedade tolerante “evitar que o poder seja exercido por monomaníacos”. (Erick Wilson Pereira)

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