Os
presidenciáveis Jair Bolsonaro (PSL) e Marina Silva (Rede) se enfrentaram no
debate da RedeTV!, na sexta-feira (17/8), ao discutirem diferença salarial
entre homens e mulheres no país. Com isso, quebraram a sonolência que marcou o
programa.
A
candidata contestou o adversário sobre afirmação dele de que a diferença
salarial entre homens e mulheres não é uma questão por já ser vetada pela CLT
(Consolidação das Leis do Trabalho).
Foi o
momento mais tenso do encontro, que reuniu oito candidatos, e da campanha até
agora. O PT foi à Justiça reivindicar o direito de Lula participar, mas o
pleito foi negado. O ex-presidente está preso em Curitiba e com a candidatura
sob análise.
“Não é uma
questão de que não precisa se preocupar. Tem que se preocupar sim”, disse
Marina a Bolsonaro.
O deputado
havia dito que “é mentira” que defendeu que mulher deve ganhar menos que homem.
“Na CLT já está garantido à mulher ganhar igual ao homem. Não temos que nos
preocupar com isso”, falou.
Bolsonaro,
no entanto, já afirmou que “não empregaria [homens e mulheres] com o mesmo
salário”.
Marina
afirmou no debate que a realidade comprova que ainda há diferença
remuneratória, apesar de ambos terem as mesmas capacidades, e que é função do
presidente da República lutar contra o problema.
O formato
do debate exigia que os candidatos andassem até o centro do palco e fizessem
questões um ao outro.
Diante de
Bolsonaro, Marina criticou o rival por “pegar a mãozinha de uma criança e
ensinar como é que faz para atirar”. “É esse o ensinamento que você quer dar?
Você acha que pode resolver tudo no grito, na violência”, disse ela, sob
aplausos da plateia.
Sem tempo
para resposta, o deputado encerrou a discussão com uma menção à Bíblia: “Leia o
livro de Paulo”.
O embate
entre os dois começou com pergunta do deputado sobre a opinião da adversária a
respeito de porte de arma. A ex-senadora se disse contrária à proposta.
Foi o
primeiro debate televisivo após o registro da candidatura de Lula. Ausente, o
ex-presidente foi criticado por outros postulantes. O petista sofreu ataques
por insistir em ser candidato e foi relacionado a escândalos de corrupção nos
governos do PT.
A RedeTV! Decidiu,
na última hora, retirar o púlpito vazio que seria identificado com o nome do
ex-presidente. A emissora disse que a medida foi tomada por decisão da maioria
dos candidatos.
Só
Guilherme Boulos (PSOL) foi contra a retirada.
Também
participaram os candidatos Geraldo Alckmin (PSDB), Ciro Gomes (PDT), Henrique
Meirelles (MDB), Álvaro Dias (Podemos) e Cabo Daciolo (Patriota).
“Aqui não
tem púlpito para bandido”, disse Bolsonaro na entrada no estúdio, aludindo à
decisão do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) de negar mandado de segurança
apresentado pelos advogados do ex-presidente.
Durante o
debate, Álvaro Dias chamou a candidatura de Lula de encenação.
“É uma
afronta ao país, um desrespeito à Justiça, uma violência ao Estado de Direito.
A democracia exige respeito à lei e todos somos iguais perante a lei”, afirmou
ele.
O partido
de Lula chegou a pedir ao TSE autorização para que ele fosse ao debate, mas o
pleito foi rejeitado.
Diante de
pergunta sobre o espaço vazio que seria reservado ao PT, Marina aproveitou para
alfinetar a sigla de Alckmin, falando que “esse púlpito está preenchido pelos
mesmos que estavam no palanque anterior, no palanque do candidato do PSDB”.
Bolsonaro
se dirigiu a Meirelles para associá-lo ao PT. O capitão reformado lembrou que o
adversário foi presidente do Banco Central nos dois mandatos de Lula.
Questionado
sobre a dívida pública, o deputado, com longas pausas, respondeu que, segundo
seus economistas, será difícil lidar com o tema. Na sequência, defendeu a
redução do peso do Estado.
Boulos
também atacou Meirelles após o candidato do MDB dizer que a equipe econômica da
qual ele fez parte, no governo Temer (MDB), foi chamada de “time dos sonhos”
pela imprensa.
“Esse time
dos sonhos do qual você fala virou time dos pesadelos para muitos brasileiros”,
rebateu o psolista. Meirelles foi ministro da Fazenda de Michel Temer.
Alckmin e
Ciro adotaram uma dobradinha, escolhendo fazer perguntas um ao outro pelo menos
três vezes, sobre temas econômicos sobretudo.
Cabo
Daciolo (Patriota), um dos mais comentados em redes sociais no debate anterior,
na Band, circulou com uma Bíblia a tiracolo e repetiu as menções a Deus. (DP)
Sábado
18 de agosto, 2018 ás 11:00
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