A
articulação aberta de Fernando Bezerra Coelho, líder do governo no Senado, para
que o projeto de lei que autoriza a prisão em segunda instância tivesse sua
discussão adiada para o ano que vem, demonstra, mais uma vez, que o compromisso
do governo no combate à corrupção não vai tão longe como dizia o discurso de
campanha. Não por acaso a pesquisa Datafolha indicou queda na percepção de que
o governo faz algo nesse sentido.
Lembra
bastante o que se deu com Dilma Rousseff, que começou o governo sendo chamada
de faxineira e, aos poucos, foi perdendo essa imagem até terminar a gestão
sendo colocada como símbolo de um dos governos mais corruptos da história
recente.
No
caso de Bolsonaro, como já abordei aqui nessa coluna, são inúmeros os
indicativos de que o combate à corrupção não é uma prioridade, embora, com a
visão turva da polarização gerada nas últimas eleições, muitos eleitores do
capitão teimem em não perceber.
Assim,
na Esplanada há ministros indiciados e condenados, o líder de seu governo é
alvo da operação Lava Jato, o pacote anticrime do titular da Justiça, o ex-juiz
Sergio Moro, recebeu apoio quase nulo do Palácio do Planalto e muitas ações
concretas foram tomadas para avacalhar com as investigações em torno do hoje
senador Flávio Bolsonaro, filho mais velho do presidente.
É
bom lembrar que o presidente esvaziou o Coaf, fez interferências na Receita e
na Polícia Federal, e viu o filho entrar em uma batalha jurídica para suspender
as investigações relacionadas a Fabrício Queiroz, confesso promotor de
“rachadinha”.
Até
agora, o presidente e seus filhos não deram explicações para diversos relatos
de fantasmas em seus gabinetes nem explicaram razões pelas quais parentes de
milicianos estavam lotados em gabinetes parlamentares da família.
Em
suma, o governo pode orgulhar-se de alguma coisa, mas certamente, até aqui, não
é do combate à corrupção. (O tempo)
Sábado,
14 de Dezembro, 2019 ás 14:00
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