O
escândalo da Petrobras está produzindo reações curiosas no governo, alguns até
mesmo engraçados, se o momento não fosse trágico. Anuncia-se que o PT pretende
questionar no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) a escolha, por sorteio, do
ministro Gilmar Mendes para relator das contas da campanha presidencial do
partido em 2014. Por sorteio, ressalte-se, e a mando do presidente do TSE,
ministro Dias Toffoli, o mais próximo ao PT de todos os integrantes do Supremo
Tribunal Federal. Nunca vi tamanha confissão de culpa.
Também o ministro da Justiça, José Eduardo
Cardozo deitou falação sobre a politização das investigações, insinuando que a
oposição está querendo ter um terceiro turno da eleição que perdeu. Logo quem,
o mesmo que acabara de dizer que a presidente Dilma havia determinado que as
investigações prosseguissem, doam a quem doer. Como se a presidente tivesse o
poder de mandar parar as investigações se quisesse.Além do mais, Cardozo abriu
uma investigação para punir delegados envolvidos na Operação Lava-Jato por
terem expressado opiniões pessoais de crítica ao governo e apoio à candidatura
oposicionista em uma página do Facebook fechada ao público.
Com
isso, os petistas mais afoitos querem identificar razões partidárias para os
vazamentos de partes dos depoimentos do ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto
Costa e do doleiro Alberto Yousseff. Tanto os membros do Ministério Público
quanto o juiz Sérgio Moro, responsável pelas investigações, saíram em defesa
dos delegados da Polícia Federal, e não fariam isso se vissem no comportamento
de algum deles desvios que pudessem prejudicar as investigações.
O
importante é que o sistema que está sendo revelado mostra que toda sustentação
política dos governos petistas é montada na base da corrupção, os partidos
indicando diretores de órgãos estatais simplesmente para deles retirar dinheiro
para financiar suas campanhas, e claro que os benefícios pessoais se impõem.
Então dividem os órgãos estatais e os ministérios por partidos, e cada um que é
nomeado sabe exatamente por que está sendo nomeado, para que e o que tem que
fazer. E a investigação já mostrou que o mesmo esquema existe em outras áreas
do governo, que ainda serão investigadas.
É
evidente que essa maneira de fazer política, que foi aprofundada absurdamente
nos anos petistas, tem que parar, não há país que aguente uma situação dessas
por tanto tempo. Esse sistema de distribuição de ministérios para partidos, de
divisão de diretorias de empresas públicas para partidos para montagem de
governo está falido.
Não
apenas isso, prejudica a imagem do país no exterior e afugenta os investidores
sérios, prejudica a economia do país e prejudica sobretudo os mais pobres pois
monta-se um governo disfuncional. É
preciso mudar, e a crueza dos fatos vai se encarregar dessa mudança.
Provavelmente no próximo mês, ou no máximo no início do próximo ano vamos ter
uma relação de 70 a 100 políticos desfilando diante da opinião pública como
implicados nesses desvios de dinheiro da Petrobras.
Serão
governadores, senadores, deputados, ex-governadores, ex-senadores,
ex-deputados, a maior parte será indiciada e julgada pelos tribunais
superiores. Estamos na verdade passando por um processo que está em curso desde
o mensalão. Um processo que está sendo construído, depurado, e a consequência
dessa depuração deve ser a mudança de nosso sistema político-eleitoral.
Havia
esquemas de corrupção localizados, pessoas corruptas atuando, mas nunca houve
um esquema desse porte organizado pelo governo. A ideia de que é tudo igual
ajuda a quem está envolvido com essas denúncias. Não é todo mundo igual, nunca
houve um partido que tenha chegado ao poder e que tenha montado um esquema
dessa amplitude.
Além
do mais, esse esquema de corrupção que o PT montou nesses 12 anos faz com que o
país não tenha condições de se desenvolver. Uma estrutura de 40 ministérios
para financiar sua base eleitoral inviabiliza qualquer governo, perdemos
competitividade, perdemos produtividade. Além de todas as decisões de cunho
econômico equivocadas, temos um governo disfuncional.
MERVAL
PEREIRA
Domingo,
16 de outubro, 2014.
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