Em
quase três meses de instabilidade no mercado financeiro, o governo injetou R$
233,5 bilhões na economia. O valor foi obtido pela Agência Brasil com base em
comunicados do Banco Central (BC), que tem atuado para segurar o dólar, e do
Tesouro Nacional, que tem recomprado títulos públicos para garantir a
estabilidade.
Somente
o BC injetou US$ 54,09 bilhões – o equivalente a R$ 209,27 bilhões pela cotação
de quinta-feira (5/7) da moeda norte-americana (R$ 3,869) – no mercado desde 18
de maio, quando anunciou que atuaria de forma mais agressiva para conter a alta
do dólar. Desse total, US$ 43,44 bilhões (R$ 168,07 bilhões) decorreram de
leilões de novos contratos de swap cambial (venda de dólares no mercado futuro)
e US$ 10,65 bilhões (R$ 41,2 bilhões) vêm de leilões de dólares das reservas
internacionais com compromisso de recompra, ocorridos na última semana de
junho.
Desde
28 de maio, quando iniciou os leilões de recompra, até a última quarta-feira
(4), o Tesouro Nacional readquiriu US$ 24,228 bilhões em títulos prefixados e
corrigidos pela inflação de médio e de longo prazo. O dinheiro vem do colchão
da dívida pública, reserva financeira usada em momentos de instabilidade, que
caiu de R$ 575 bilhões para R$ 551 bilhões desde o início do programa de
recompras
Em
relação aos swaps cambiais, o levantamento referente ao Banco Central inclui
apenas os leilões de novos contratos, não a rolagem (renovação) dos contratos
existentes. Desde 23 de junho, a autoridade monetária deixou de ofertar novos
lotes, apenas renovando o montante de contratos de swap em circulação, em que
troca contratos prestes a vencer por contratos com vencimento daqui a alguns
meses.
Intervenção cambial
Criados
em 2001, os swaps cambiais funcionam como uma venda de dólares no mercado
futuro, que permitem ao Banco Central intervir no câmbio sem queimar reservas
internacionais. Nessas operações, o BC aposta que os dólares vão subir mais que
os juros futuros. Os investidores apostam o contrário. No fim, ocorre uma troca
de rendimentos que resulta em prejuízo para a autoridade monetária caso o dólar
aumente mais que os juros.
Nos
leilões com compromisso de recompra, o BC de fato leiloa dinheiro das reservas
internacionais, mas compromete-se a pegar o dinheiro de volta meses mais tarde,
quando o mercado financeiro estiver menos conturbado. Atualmente, as reservas
internacionais do Brasil somam em torno de US$ 380 bilhões (R$ 1,47 trilhão,
segundo o câmbio de sexta-feira, 6).
Tranquilidade no mercado
Em
relação aos títulos públicos, o Tesouro Nacional informa que as recompras de
papéis, que começaram durante a paralisação dos caminhoneiros, têm como
objetivo diminuir a instabilidade no sistema financeiro, fornece um referencial
de preços para o mercado e diminuir o risco de papéis prefixados de prazo mais
longo e taxas maiores em circulação.
Normalmente,
os investidores que querem se desfazer dos títulos públicos e embolsar os
ganhos até o momento os vendem no chamado mercado secundário, onde os papéis já
emitidos pelo Tesouro trocam de mãos. No entanto, em momentos de instabilidade,
o excesso de vendedores no mercado secundário faz o preço dos títulos
despencar.
Para
evitar que os investidores vendam papéis com elevado deságio, o Tesouro
Nacional entra no mercado para comprar títulos, pagando preços melhores. Ao
atuar no sistema financeiro, o Tesouro também fornece uma referência para o
mercado secundário, que terá que oferecer preços mais atraentes para os
investidores que querem se desfazer dos papéis. Para o governo, a recompra
ajuda ainda a retirar do mercado papéis mais afetados pela turbulência
financeira, reduzindo o custo da dívida pública para o Tesouro. (ABr)
Domingo,
08 de julho, 2018 ás 12:00
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