Restam
apenas quinze dias para as convenções, mas apenas dois dos onze candidatos
anunciaram o companheiro de chapa. A vaga tornou-se estratégica: na história
recente, três viraram presidentes
No
apagar das luzes de 2015, o então vice-presidente da República, Michel Temer,
enviou uma carta a Dilma Rousseff que repercutiu no meio político. Apesar de a
ocasião preceder o Natal, a missiva não trazia mensagens de paz e prosperidade.
Ela expressava o descontentamento com a função que lhe foi reservada pela
petista: “vice-decorativo”. Cinco meses depois, Dilma sofreu impeachment e o
“vice decorativo” assumiu o cargo de presidente. Temer é o último exemplo após
a redemocratização a demonstrar que o cargo é bem mais importante que a mera
função decorativa. Em três ocasiões, nos últimos 33 anos, o vice foi chamado a
assumir o comando do País. Foi assim com José Sarney, em 1985, que ocupou o
lugar de Tancredo Neves, e depois com Itamar Franco, após o impeachment de
Fernando Collor, e recentemente com Temer.
Apesar
da importância dos vices, os principais candidatos à Presidência começaram a
realizar esta semana suas convenções sem terem definido quem serão os nomes que
os acompanharão nas suas chapas. A ausência dos vices é um reflexo da
imprevisibilidade das eleições deste ano. Tudo fica para a última hora. Como o
cargo é um instrumento de barganha na definição das composições das chapas,
vai-se adiando as escolhas à espera das alianças.
Na
sexta-feira 20, o primeiro nome a oficializar sua candidatura, Ciro Gomes
(PDT), foi par
Na
sexta-feira 20, o primeiro nome a oficializar sua candidatura, Ciro Gomes
(PDT), foi para sua convenção sem anunciar com quem fará a dobradinha. Ciro
busca fechar um leque de alianças, que vai de partidos de esquerda, como PSB e
PCdoB, ao centro e à direita, como DEM, PP e PR. Se conseguir o que espera,
terá a seu favor um bom tempo de TV – espaço que talvez precise utilizar para
explicar ao eleitor como conseguirá, com seu temperamento explosivo,
administrar tamanha profusão de posicionamentos políticos diferentes na sua
chapa. Assim, Ciro aguarda a definição dos partidos para oferecer a vice ao
melhor parceiro que conseguir seduzir. Filho de José Alencar, ex-vice de Lula,
o empresário Josué Alencar é cobiçado como um nome para vice de mais de um dos
candidatos. Ciro pensa nele, na sua busca por atrair o PR, partido ao qual
Josué está filiado. Outra possibilidade de Ciro é dar a vice a alguém do PSB.
No
domingo 22, o segundo candidato a ter nome oficializado na convenção, Jair
Bolsonaro (PSL), repetirá o mesmo roteiro. Bolsonaro fez duas tentativas para
indicar um companheiro de chapa. Sua preferência inicial era pelo senador Magno
Malta (ES), para trazer o PR para seu lado. Malta declinou. Disputará o Senado.
Até porque seu partido até agora não definiu para que lado irá. Namora com Ciro
e com Geraldo Alckmin (PSDB), além de Bolsonaro. Sem Malta, Bolsonaro chegou a
anunciar na terça-feira 17 que seu vice seria o general reformado Augusto
Heleno, que comandou as forças brasileiras no Haiti. O PRB, partido de Heleno,
demoveu-o da ideia. Não quer celebrar aliança com o candidato do PSL para fazer
composições diferentes em cada estado e engordar sua fatia de deputados
eleitos, de olho na cláusula de barreira.
Marina
Silva (Rede) vive a mesma dificuldade. Ela chegou a apelar até para o futebol.
Uma das alternativas para vice seria o presidente do Flamengo, Eduardo Bandeira
de Mello, que tem expertise também em administração. Antes de presidir o time
carioca, Bandeira de Mello passou pelo Banco Nacional de Desenvolvimento
Econômico e Social (BNDES). Ela cogita também o nome do ex-deputado Maurício
Rands (Pros).
Oscilando
entre os 6% e 7% e cercado de pressão por todos os lados, Geraldo Alckmin
também patina na escolha do vice. Hoje, no radar do tucano, há dois nomes: o
ex-ministro da Educação Mendonça Filho (DEM-PE) e o também presidenciável
Alvaro Dias (Pode-PR). Esta conta com a bênção de Fernando Henrique Cardoso,
que recomendou que o partido esqueça o Nordeste e mire num candidato do Sul.
Porém, Alckmin teria confidenciado a pessoas próximas que gostaria de ter
Mendonça como parceiro de cédula. Além do mais, Alvaro recusa o papel
secundário.
Entre
a possibilidade de ser vice e sua própria candidatura, o senador paranaense é
outro que ainda está sem companheiro de chapa. Ele chegou a especular o dono da
Riachuelo, Flávio Rocha, como vice, mas o empresário que também seria candidato
a presidente, desistiu. O movimento demoveu Álvaro de alimentar essa
possibilidade. Os únicos pré-candidatos que anunciaram a composição da chapa
foram João Amoêdo (Novo) e Guilherme Boulos (PSol). Amoêdo escolheu o cientista
político Christian Lohbauer. Na vice de Boulos figura a indígena Sônia
Guajajara. Neste caso, não um “vice decorativo”, mas uma vice que gosta de
decorar a si própria. (IstoÉ)
Sexta-feira,
20 de julho, 2018 ás 18:00
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