A
Câmara dos Deputados finalizou na noite desta terça-feira, 10, a votação do
projeto de lei que destrava a venda das distribuidoras da Eletrobras e vai
fazer a conta de luz de todos os brasileiros aumentar entre 4% e 5% em 2019.
Isso
porque o texto do relator, o deputado Júlio Lopes (PP-RJ) – investigado na
Operação Lava Jato –, transfere a conta das subsidiárias da região Norte com
furtos de energia, conhecidos como “gatos”, para todos os consumidores do País.
O
cálculo foi feito pela Associação Brasileira de Grandes Consumidores (Abrace) a
pedido do jornal Estado de São Paulo.
O
presidente da Abrace, Edvaldo Alves de Santana, ex-diretor da Aneel, critica as
emendas. “Vale a pena assumir esses custos para privatizar essas empresas?
Vale, mas não qualquer custo”, disse. “A conta a se pagar é muito grande. A
indústria não tem como expandir dessa forma”, afima.
Atualmente,
a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) calcula para cada empresa um
índice de furto considerado aceitável, cujos custos são pagos por clientes das
próprias empresas. O projeto propõe liberar as distribuidoras de cumprir essa
regra e coloca o ressarcimento dos custos que elas tiveram com os “gatos” desde
2009 na conta de todos os consumidores brasileiros.
A
aprovação do texto base, na semana passada, facilita a venda de seis
distribuidoras da Eletrobras. Com a mudança, a Eletroacre (Acre) e a Ceron
(Rondônia), que serão leiloadas em 26 de julho, ficarão mais “baratas” para os
investidores interessados em comprá-las.
No
caso da Amazonas Energia, campeã de gatos em todo o País, o índice de furtos,
que já foi revisto para ajudar a empresa, pode novamente ser ajustado para
baixo. Isso será bancado pelos consumidores de todo o País e, mesmo que o novo
dono reduza esse nível de roubos, poderá ficar com todo o lucro obtido até a
primeira revisão de tarifas da empresa, que ocorrerá cinco anos após o leilão.
Jabutis
A
aprovação, na semana passada, do texto-base do projeto de lei que facilita a
venda das distribuidoras da Eletrobras, quebrou um acordo firmado entre os
presidentes da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e do Senado, Eunício Oliveira
(MDB-CE). Eles deixaram caducar uma Medida Provisória que tratava da venda das
distribuidoras da Eletrobras, justamente porque foram incluídos uma série de
jabutis – emendas que desfiguraram o sentido do texto enviado pelo Executivo –
que resultariam em aumento da conta de luz.
Além
da questão dos “gatos”, a principal emenda colocada por Júlio Lopes é a que
autoriza um reajuste no preço do gás fornecido pela Petrobras às termoelétricas
contratadas na época do racionamento de energia, em 2002. O projeto propõe que
o reajuste seja bancado por todos os consumidores de energia do País. A conta é
estimada em R$ 2,1 bilhões por ano pela Aneel. O projeto segue para o Senado.
Lava Jato
O
deputado Júlio Lopes é investigado por suspeita de ter recebido dinheiro de
caixa dois e propina da Odebrecht. Numa planilha do ex-executivo da Odebrecht
Benedicto Júnior, Júlio Lopes aparece com pagamentos que somam mais de R$ 15
milhões. Em depoimento, Benedicto Júnior, disse que mais R$ 6,5 milhões foram
pagos em dois anos. Dinheiro para a campanha e também para evitar problemas na
obra da Linha 4 do metrô. Segundo o delator, Júlio Lopes tinha vários
codinomes.
De
2007 a 2014, Lopes foi secretário de Transportes na gestão do ex-governador
Sérgio Cabral. (DP)
Quarta-feira,
11 de julho, 2018 ás 18:00
Nenhum comentário:
Postar um comentário