O
juiz Sérgio Moro disse no México que ‘a corrupção seguirá existindo, mas
devemos romper as regras da impunidade”. O juiz da Operação Lava Jato falou a
estudantes de Direito e também foi ao Senado mexicano, nesta terça-feira, 27, e
esteve com ministros da Suprema Corte de Justiça, a quem detalhou sua luta contra
a corrupção que, a partir do Brasil, se espalhou por outros países.
Moro viajou a convite da
ONG Mexicanos contra a Corrupção.
Moro
já aplicou 118 sentenças na Lava Jato, condenando empreiteiros, doleiros,
ex-executivos da Petrobrás e políticos, entre eles o ex-presidente Lula, que
pegou 9 anos e meio de reclusão, pena que subiu depois a 12 anos e um mês no
julgamento do Tribunal Regional Federal da 4.ª Região.
O
juiz destacou a relevância dos delatores na Lava Jato. “Foi muito importante a
colaboração de delinquentes confessos. Um ex-diretor da Petrobrás revelou os
crimes de outro. Isso possibilitou processar um caso muito mais grande que
revelou todo um sistema criminoso”, disse Moro, segundo reportagem publicada no
site do jornal El País.
“É
importante ter provas. Não se pode julgar somente com depoimentos.”
El
País informou que em uma reunião com jornalistas, Moro revelou os caminhos da
Lava Jato para se converter no caso judicial mais famoso da América Latina
rompendo pacto de impunidade entre o poder político e grandes corporações
empresariais.
O
juiz assinalou a cooperação da Suíça como fator de grande peso para o avanço da
Lava Jato. “A investigação contou com a cooperação da Suíça.”
Moro
observou que Berna impôs condições para a cooperação. “Dariam informações sobre
subornos, mas exigiram que o Brasil não processasse por delitos fiscais por
meio dessas provas cedidas.”
A
operação ultrapassou as fronteiras brasileiras e alcançou políticos e
empresários na Argentina, Chile, Colômbia, Equador, Panamá, Peru, República
Dominicana, Venezuela e México.
Moro
disse que o impressionou o juiz italiano Giovanni Falcone que, nos anos 1980 e
1990, aplicou mais de 300 sentenças condenatórias a mafiosos sicilianos na
Operação Mãos Limpas.
Moro
falou sobre as multidões que tomaram as ruas em 2016 para protestar contra a
corrupção nas principais capitais brasileiras. Muitos manifestantes usavam
máscaras e camisetas com sua imagem. O juiz disse que não foi iniciativa sua e
nem pediu a ninguém.
Disse,
ainda, que as sentenças da Lava Jato ‘não são trabalho de um só homem’. Segundo
ele, o Brasil tem ‘uma democracia muito exigente, depois dos anos de governo
militar’. Ele pontuou que, atualmente, as instituições estão fortalecidas, como
o sistema de Justiça. Destacou a ‘independência’ dos órgãos de investigação.
“A
Lava Jato contou com o apoio da opinião pública e da imprensa”, anotou. “Têm
sido determinantes porque evitam a obstrução da Justiça.”
Ao
se referir aos réus da Lava Jato, políticos e empresários, Moro afirmou aos
mexicanos. “Esta gente é muito poderosa.”
“Também
foi importante ter sorte.” (AE)
Quinta-feira,
1º
de março, 2018 ás 00hs05
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