O
Tribunal Superior Eleitoral (TSE) deve decidir na noite desta terça-feira dar
prosseguimento a mais uma ação contra a campanha da presidente Dilma Rousseff
movida pelo PSDB e a coligação que apoiou a candidatura de Aécio Neves,
candidato derrotado nas eleições de 2014.
Quatro
dos sete ministros já votaram pela continuidade do processo - a Ação de
Impugnação de Mandato Eletivo (AIME) 761.
Os
ministros estão julgando um recurso do PSDB contra a decisão da ministra
relatora do caso, Maria Thereza de Assis Moura, que havia decidido em fevereiro
pelo arquivamento dessa ação. Ela considerou que a coligação de Aécio Neves não
apresentou provas suficientes contra a campanha de Dilma.
Quando
os tucanos recorreram ao plenário, porém, Gilmar Mendes abriu divergência e
decidiu pela continuidade do processo – outros três ministros o acompanharam:
João Otávio de Noronha, Henrique Neves e Luiz Fux.
Eles
argumentam que o avanço da Operação Lava Jato trouxe outras evidências contra a
campanha da presidente. Faltam se manifestar nesta noite Luciana Lóssio e Dias
Toffoli, o atual presidente do TSE.
A
BBC Brasil preparou um guia sobre o que significam esses processos e que
consequências podem ter:
No
final do ano passado, o TSE aprovou as contas de campanha da chapa Dilma Rousseff-Michel
Temer com ressalvas. No entanto, segundo a professora de Direito Eleitoral da
FGV-Rio Silvana Batini, isso não tem qualquer relevância no sentido de
comprovar se a campanha da presidente foi correta ou não.
Ela
explica que o processo de prestação de contas no TSE é meramente formal e tem
de ser concluído muito rapidamente, antes da diplomação dos candidatos, em
dezembro.
"É
uma conferência formal da contabilidade. A candidata declara a doação da
empresa, o TSE confere se tem o recibo e aprova. O que a prestação de conta não
afere é se aquela doação veio ou não de dinheiro desviado da Petrobras",
exemplifica.
Dessa
forma, nota a professora, há outros tipos de ações que permitem investigar
irregularidades na campanha e julgar se um mandato deve ou não ser cassado.
Essas ações servem para apurar se houve abusos que desequilibram a disputa,
como doações irregulares e uso da máquina pública.
O
PSDB moveu quatro ações desse tipo (AIJE 154781, AIJE 194358, AIME 761 e RP
846). Nesses processos, o partido aponta supostos episódios de uso da máquina
pelo governo na campanha de Dilma, como participação indevida de ministros e
envio de 4,8 milhões de folders pró-Dilma pelos Correios.
Também
cita a operação Lava Jato e a possibilidade de recebimento de doações de
empreiteiras envolvidas em desvios de recursos da Petrobras, o que
caracterizaria abuso de poder econômico.
No
âmbito das ações de investigação judicial eleitoral (AIJEs) já foram inclusive
colhidos alguns depoimentos. O empreiteiro Ricardo Pessoa, dono da UTC, foi um
dos convocados, mas se manteve calado.
Na
prática, as quatro ações podem ter o mesmo resultado – cassar o mandato de
Dilma Rousseff e Michel Temer. Esses são os principais processos que correm no
TSE contra a presidente e seu vice.
Já
a prestação de contas (PC 97613) foi reaberta pelo ministro relator Gilmar
Mendes, sob a justificativa de que novos indícios de irregularidades vêm
surgindo, conforme avança a apuração da Lava Jato.
O
que pode resultar em uma condenação?
Batini
ressalta que, para haver condenação de Dilma no TSE, é preciso ficar provado
que as eventuais irregularidades levantadas nas quatro ações interferiram no
resultado do pleito.
"Para
que isso aconteça (a cassação da presidente), é preciso que a Justiça reconheça
que aquele abuso teve uma gravidade muito grande que de fato tenha ameaçado a
legitimidade da eleição e a liberdade do voto", disse.
"Outra
possibilidade é que eles reconheçam que não houve abuso ou que houve abuso, mas
não foi grave o suficiente", explicou.
No
caso do escândalo de corrupção da Petrobras, por exemplo, teria que ser provado
que o dinheiro desviado foi usado especificamente na campanha da presidente,
ressalta o advogado Alberto Rollo, presidente do Instituto de Direito Político Eleitoral
e Administrativo.
Mariana
Schreiber
Terça-feira,
06 de outubro, 2015
Nenhum comentário:
Postar um comentário