A
pouco menos de dois meses da votação definitiva do impeachment no Senado, o
presidente em exercício, Michel Temer, dedicou a maior parte do dia na
terça-feira(5), para receber parlamentares no Palácio do Planalto, incluindo 13
senadores. O peemedebista tratou com os congressistas de obras em suas bases
eleitorais.
Do
grupo de senadores que passou pelo Planalto, pelo menos sete deles se
apresentam como "indecisos" ou não quiseram responder à pesquisa
Estado que aponta quem apoia e quem é contra a saída definitiva da presidente
afastada Dilma Rousseff.
A
ideia de Temer é concluir as obras que estão perto do fim e que necessitam de
baixo desembolso de recursos, da ordem de R$ 100 mil, R$ 200 mil ou R$ 300 mil.
Com isso, o presidente em exercício beneficiaria pequenas e médias cidades,
atendendo senadores - que serão decisivos para garantir a sua permanência no
cargo - e seus prefeitos nas eleições de outubro.
O
governo está dando prioridade à finalização de construção de Unidades de Pronto
Atendimento, creches, escolas e postos de saúde.
Na
semana passada, quando comandou a primeira reunião do núcleo da infraestrutura,
o presidente em exercício já havia determinado à equipe econômica que fizesse
um levantamento das obras paradas e inacabadas para que possam ser finalizadas,
com baixo desembolso de recursos.
Na
terça-feira(5), o assunto foi tratado na reunião de Temer com o presidente do
Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), e outros sete senadores. No encontro, ficou
acertado que no início de agosto haverá uma nova reunião para que sejam
definidas algumas prioridades dos Estados e municípios.
Os
Ministérios da Fazenda e do Planejamento farão uma lista das obras
prioritárias. O Senado também montará um grupo parlamentar para apresentar as suas
prioridades.
O
peemedebista tem dedicado boa parte da sua agenda a atender congressistas.
Segundo auxiliares, o presidente em exercício costuma telefonar para os
parlamentares para "dar uma atenção".
Temer
também decidiu atuar diretamente no atendimento de demandas dos deputados e
senadores. A ofensiva serve para que o presidente em exercício faça reuniões
com os parlamentares.
Indecisos
Temer,
por exemplo, recebeu a bancada do PPS. Entre os parlamentares estava o senador
Cristovam Buarque (DF), que aparece como indeciso em relação ao impeachment de
Dilma. Temer ouviu do parlamentar, que já foi ministro da Educação no governo
Lula propostas para a área. O presidente em exercício fez questão, ainda, de
ampliar o número de senadores presentes e abrir para a imagem o encontro que
teve com Renan Calheiros, para prestigiar os parlamentares.
O
senador Otto Alencar (PSD-BA), outro "indeciso", foi convidado a
participar do encontro. Da mesma forma, estiveram no encontro senadores que
dizem não saber ainda como votar no impeachment, como Omar Aziz (PSD-AM), Acir
Gurgacz (PDT-RO), Roberto Rocha (PSB-MA), Wellington Fagundes (PR-MT) e Eduardo
Braga (PMDB-AM).
Relatório
Na
reunião, Temer recebeu das mãos do senador Ataídes Oliveira (PSDB-TO), que é
presidente da Comissão de Obras Paradas, um relatório produzido pela
Controladoria-Geral da União (CGU), atualizado até setembro de 2015, que aponta
que os investimentos em empreendimentos atrasados, paralisados, inacabados e
não iniciados totalizam R$ 79,721 bilhões. Deste total, já foram pagos R$
19,085 bilhões.
Ataídes
afirmou que Temer quer "tomar conhecimento" dessas obras,
"verificar a prioridade delas nos Estados e municípios" e conversar
com os governadores também sobre as prioridades deles.
A
ideia do presidente, ainda de acordo com o senador, "é estabelecer uma
verba mínima para destravar centenas de obras pelo Brasil afora".
Acrescentou também que o presidente quer ver as obras que "demandam menor
verba" e que são urgentes para a população como as UPAS, hospitais,
escolas e creches.
Esta
liberação de recursos, naturalmente, acabaria também por beneficiar o PMDB que
tem o maior número de prefeitos do País: 1.024 das 5.568 prefeituras, 18,4% do
total, de acordo com dados do Tribunal Superior Eleitoral. (AE)
Quarta-feira,
06 de julho, 2016
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