A
Ancine – a agência nacional de cinema –, que em 2015 manipulou um orçamento de
R$ 716,9 milhões, é um bunker impenetrável dos militantes do PCdoB que ocuparam
todos os espaços. Seus integrantes foram instruídos pelo presidente Manoel
Rangel, histórico membro do partido, que já está lá dentro, em sucessivos
mandatos, há 11 anos, a fazer campanha contra o governo do presidente Michel
Temer com passagens internacionais pagas a preço de ouro pelo órgão.
Realizadores, mesmo os mais importantes do País, que não rezam na cartilha dos
adeptos do partido, são desprezados pela agência, seus projetos vetados e seus
seus nomes expostos em uma lista negra da agência, prática histórica do partido
de linha albanesa.
Como
não bastasse a perseguição a quem não pensa e age como eles, o órgão é um dos
mais ineficientes do governo. Com praticamente todos os cargos ocupados por
ex-dirigentes estudantis da UNE, da UJES (União da Juventude Socialista) e da
UBES (União Brasileira dos Estudantes Secundarista), facções do PCdoB, de onde
saiu o presidente, a Ancine vem atuando de forma incompetente e sectária na
análise de projetos. Virou uma prática perder documentos e demorar até seis
meses para responder a um simples ofício. Seus funcionários não fazem consultas
por telefone para tirar dúvidas, depois que eles adotaram a “desmaterialização”
da agência, que consiste em não fazer contato pessoal com ninguém.
O
método albanês de aparelhamento permite que os empregados da Ancine trabalhem
em casa, no exterior ou mesmo na praia, já que estão “desmaterializados”, ou
seja, invisíveis. O dossiê que o governo recebeu contra o órgão mostra que
dezenas de passagens aéreas continuam sendo distribuídas para realizadores que
se propõem a criticar o presidente Michel Temer lá fora, a pretexto de
participar de festivais de cinema. A escolha é feita da seguinte forma: o
festival no exterior, patrocinado pela Ancine, seleciona o filme e a agência
paga as passagens daqueles que têm a missão de panfletar o golpe no Brasil
quando chamado ao palco para falar da sua produção.
Os
fatos mostram que a campanha contra Temer está dando certo. Aconteceu
recentemente nos festivais de cinema de Cannes e no FesTin, de Lisboa. Neste, o
discurso do golpe, de uma diretora brasileira que encerrou o festival, foi
rebatido por outro diretor que gritou da plateia: “Não é verdade essa história
do golpe. O Brasil está botando pra fora o governo mais corrupto da sua
História”, contestou da galeria.
Operando
no Rio de Janeiro, na Rua Graça Aranha, o prédio preto da Ancine é um “buraco
negro”, apelido dado pelos produtores de cinema que sofrem o degaste de ver
seus documentos perdidos na infernal burocracia lá dentro que a todo momento,
no melhor estilo da burocracia de estado, baixa uma norma diferente para
dificultar os trabalhos de quem faz cinema no Brasil. A incapacidade de
gerenciar a agência com eficiência é fruto do aparelhamento da sua diretoria e
da incapacidade dos seus militantes de democratizar o órgão que está virando um
elefante branco.
A
Ancine é hoje um depósito de filiados ociosos do PCdoB e do nepotismo. Apenas para citar alguns, estão aboletados lá
dentro Renata Petta, cunhada do deputado Orlando Silva, o irmão do ex-ministro
Aldo Rebelo e Indira Amaral, ex-primeira Dama de Aracaju, cujo marido também é
militante. De cinema essas pessoas entendem tanto quanto o ex-presidente Lula,
investigado na Lava Jato, de energia nuclear. Não se sabe até hoje quantos
funcionários trabalham na Ancine nem como os milhões de reais são administrados
por seus diretores. Sabe-se, porém, que o seu presidente e os diretores vivem
passeando pelo mundo a pretexto de falarem sobre a contribuição da agência ao
cinema brasileiro.
A
história de Manoel Rangel como cineasta é inexpressiva. É mais conhecido como militante
do PCdoB, depois de ter atuado na União da Juventude Socialista em São Paulo.
Como cineasta não passou de três curtas-metragens de ficção: Retratos, Vontade
e O pai, entre os anos de 1999 e 2004. É ardoroso defensor da Dilma e da
política do PT e luta para permanecer no cargo em maio do próximo ano, quando
termina o seu mandato, reforçando a prática nociva do continuísmo no serviço
público. (A/E)
Quarta-feira,
13 de julho, 2016
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