Preso
no caso do triplex, o ex-presidente Lula responde a mais seis ações penais,
além de ter sido denunciado em outras duas. O petista foi condenado por
corrupção e lavagem de dinheiro a 12 anos e um mês de prisão por ter recebido
um triplex no Guarujá (SP) em vantagem indevida para beneficiar a construtora
OAS. As negociações envolveram, segundo as investigações, R$ 2,4 milhões. Mas
ele ainda tem pela frente seis ações, algumas na reta final, e foi alvo de pelo
menos 258 denúncias e delações que demandam investigações, segundo já revelou a
coluna de Cláudio Humberto no Diário do Poder.
Há
duas ações em andamento em Curitiba (PR), nas mãos do juiz federal Sérgio Moro,
e outras quatro em Brasília, sob a responsabilidade da 10ª Vara Federal. Os
casos de corrupção são investigados pelas operações Lava Jato, Janus e Zelotes.
Entre
as duas denúncias, uma trata da suposta propina de R$ 12,5 milhões da Odebrecht
– o valor é referente a um terreno em São Paulo onde, segundo delatores, seria
sediado o Instituto Lula, e imóvel vizinho ao seu apartamento em São Bernardo
do Campo. Assim como o triplex, a força-tarefa afirma que os imóveis foram
comprados por meio do uso de ‘laranjas’ e custeados pela empreiteira.
Perante
ao juiz Sérgio Moro, também se defende de ação em que é acusado de receber das
empreiteiras OAS, Odebrecht e Schahin vantagens indevidas de R$ 1,1 milhão por
meio de reformas no Sítio Santa Bárbara, que frequentou diversas vezes, em
Atibaia, e está em nome de Fernando Bittar, do filho de seu correligionário e
ex-prefeito de Campinas, Jacó Bittar.
Em
Brasília, corre o processo em que Lula responde por obstrução de Justiça. O
Ministério Público Federal pediu a absolvição do ex-presidente. O caso é
derivado da delação do ex-senador Delcídio do Amaral, que relatou as
autoridades suposta compra do silêncio do diretor da Área Internacional da
Petrobrás, Nestor Cerveró, a mando do petista. No entendimento do procurador
Ivan Marx, ao contrário do que afirmou Delcídio, “o pretendido silêncio” do
ex-diretor de Internacional da Petrobrás Nestor Cerveró, à época em prisão
preventiva, “não foi encomendado ou interessava a Lula, mas sim ao próprio
senador”. Ele ainda diz que o ex-parlamentar ‘atribuiu falsamente a Lula a
ordem para a prática do crime, e falsamente à família Bumlai (ligada a Lula) o
pagamento da quarta e quinta entregas de valores para comprar o silêncio de
Cerveró’.
No
âmbito da Operação Janus, Lula é réu por corrupção, lavagem de dinheiro,
organização criminosa e tráfico de influência por supostamente ter recebido
valores da Odebrecht por meio de uma empresa do sobrinho de sua ex-mulher,
Taiguara Rodrigues. Segundo o MPF, “as práticas criminosas ocorreram entre,
pelo menos, 2008 e 2015 e envolveram a atuação de Lula junto ao BNDES e outros
órgãos sediados em Brasília com o propósito de garantir a liberação de
financiamentos pelo banco público para a realização de obras de engenharia em
Angola”. Em delação premiada, a Odebrecht entregou contrato, em Angola, com a
empresa Exxergia, pertencente a Taiguara, e disse que somente o contratou a
pedido de Lula. Os detalhes dos relatos continuam sob sigilo.
Lula
responde a outros dois processos, no âmbito da Operação Zelotes. Um é sobre
suposta aceitação de promessa de vantagem indevida de R$ 6 milhões para
favorecer montadoras na edição da medida provisória 471, de novembro de 2009.
Já
o processo sobre suposto tráfico de influência e corrupção na compra dos caças
Grippen estava paralisado para cumprimento de cartas rogatórias, quando é
necessário ouvir pessoas fora do País ou em localidades fora de Brasília, e
deve ter seus interrogatórios realizados em fevereiro. A previsão é que em
março o caso esteja concluso para sentença do juiz Vallisney de Souza Oliveira.
O caso foi revelado pelo Estado em 2015.
Em
outra denúncia, Lula e companheiros de partido, como o ex-ministro e candidato
a delator Antônio Palocci, a ex-presidente Dilma Roussef, entre outros, são
acusados por formarem suposta ‘organização criminosa’. Apelidado de ‘Quadrilhão
do PT’, o caso foi denunciado pelo ex-procurador-geral da República Rodrigo
Janot em 2017. A denúncia acusa recebimento de R$ 1,48 bilhão em propinas pelos
petistas, no esquema de desvios na Petrobrás. O ministro Edson Fachin
encaminhou a denúncia contra 16 pessoas para a Justiça Federal de Brasília.
Lula
ainda foi denunciado por obstrução de Justiça por ter supostamente articulado
com a ex-presidente Dilma Rousseff sua nomeação como ministro-chefe da Casa
Civil, na tentativa de obter foro privilegiado e escapar das investigações do
juiz Sérgio Moro. A nomeação foi impedida pelo STF e, depois do impeachment de
Dilma, o caso passou para a Justiça comum. Esta denúncia está na primeira
instância. (DP)
Segunda-feira,
9 de abril, 2018 ás 00:05
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