Em
despacho expedido quinta-feira (26/4), o juiz Sérgio Moro, da 13ª Vara Federal
de Curitiba, disse que a ação penal em que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da
Silva é acusado de receber vantagens indevidas por meio da reforma de um sítio
em Atibaia (SP) tem mais provas, além das delações de executivos da Odebrecht.
O caso permanece, por ora, em Curitiba, decidiu o magistrado. Apenas os
depoimentos de diretores da Odebrecht foram retirados do processo, onde há
outras provas abundantes sobre o sítio de Lula.
“Oportuno
lembrar que a presente investigação penal se iniciou muito antes da
disponibilização a este Juízo dos termos de depoimentos dos executivos da
Odebrecht em acordos de colaboração, que ela tem por base outras provas além
dos referidos depoimentos”, escreveu Moro no despacho, com o qual negou pedido
da defesa para que o caso fosse remetido à Justiça Federal em São Paulo ou em
Brasília.
O
pedido da defesa foi feito após a Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal
(STF) ter determinado, na última terça-feira (24/4), o envio de acusações feitas
por executivos da Odebrecht contra Lula, que estavam sob responsabilidade de
Moro, para a Justiça Federal em São Paulo, onde os supostos crimes teriam
ocorrido.
Em
decorrência da decisão, os advogados de Lula entraram com uma petição para que
não só as delações como também todo o processo fosse remetido à Justiça em SP
ou em Brasília, onde Lula exerceu a Presidência da República à época dos fatos.
Isso porque o ex-presidente não poderia ser julgado em duas jurisdições pelo
mesmo caso, que não teria relação com desvios na Petrobras, afastando-se assim
a competência de Moro, alegou a defesa.
No
mesmo dia, o Ministério Público Federal (MPF) manifestou-se no processo,
afirmando que a decisão do STF tem caráter “superficial”, não afetando a
competência de Moro para julgar tanto o caso do sitio em Atibaia como um outro,
no qual o ex-presidente é acusado de receber propina por meio da compra de uma
nova sede para o Instituto Lula.
Para
Moro, há “precipitação” de ambas as partes, pois a decisão do STF sequer foi
publicada. “É certo que a decisão deverá ser considerada para a avaliação da
competência deste Juízo para a presente ação penal, mas isso não é algo
automático”, afirmou o juiz. Ele acrescentou que a questão da competência, de
fato, pode ter sido afetada, mas será julgada no momento adequado em outro tipo
de processo, já aberto pela defesa, chamado exceção de competência.
As
ações sobre o sitio em Atibaia e a sede do Instituto Lula, em São Paulo,
tramitam em separado da ação sobre o tríplex no Guarujá (SP), em decorrência da
qual Lula foi preso no último dia 7. (Abr)
Quinta-feira,
26 de abril, 2018 ás 16:00
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