Os
cortes de despesas que o governo deve anunciar nesta quinta-feira (27) vão
atingir mais fortemente os Ministérios da Integração, das Cidades e dos
Transportes. Segundo apurou a reportagem, o bloqueio adicional não afetará todos
os órgãos na mesma proporção do orçamento destinado a cada um. A equipe
econômica, que ainda tenta reverter parte desse contingenciamento extra,
enfrenta dificuldade em garantir o cumprimento da meta fiscal, que prevê um
déficit de no máximo R$ 139 bilhões.
Segundo
informou um integrante da equipe econômica, o governo vai revisar todos os
itens de despesa para 2018 e também 2017 para traçar um plano emergencial. Os
números do Tesouro divulgados ontem mostraram um quadro dramático. O rombo
acumulado em 12 meses até junho alcançou R$ 182,8 bilhões, um déficit R$ 43,8
bilhões maior do que a meta de 2017. Economistas apontam que a meta pode
estourar em R$ 20 bilhões, exigindo do governo ações ainda mais duras para
evitar ter de pedir ao Congresso autorização para aumentar o déficit. As
cúpulas das áreas política e econômica do governo se reúnem hoje pela manhã no
Ministério da Fazenda para discutir medidas.
O
presidente Michel Temer foi aconselhado a jogar mais duro com o corporativismo
do funcionalismo público federal e vai autorizar o adiamento do reajuste de
várias categorias de servidores em 2018. O assunto entrou em pauta e outras
possíveis medidas estarão sendo discutidas a partir de hoje, disse a fonte da
equipe econômica.
Até
agora, a área econômica espera conseguir resgatar mais R$ 1 bilhão em
precatórios não sacados que estão depositados na Caixa. Ontem, a Petrobrás
anunciou que aderiu ao Refis e vai pagar à vista R$ 1,3 bilhão neste ano de uma
dívida de R$ 4,3 bilhões que está sendo renegociada. O restante será pago em
145 prestações a partir de janeiro de 2018. Caso haja o ingresso dessas
receitas, o corte adicional no Orçamento, programado em R$ 5,9 bilhões, pode
ficar menor. O valor, no entanto, ainda é insuficiente para impedir que haja
novo aperto nas contas. O corte atualmente em vigor é de R$ 39 bilhões.
O
governo precisa divulgar até o fim do mês a programação orçamentária, onde vai
especificar quais órgãos serão afetados pelo corte. Os três principais
ministérios afetados são responsáveis por importantes programas, como a obra de
transposição do Rio São Francisco (Integração), Minha Casa Minha Vida (Cidades)
e as concessões de rodovias, portos e aeroportos e ferrovias à iniciativa
privada (Transportes). A área econômica está trabalhando na distribuição do
corte e enfrenta pressão dos ministérios.
Para
evitar um colapso da máquina administrativa, a secretária do Tesouro, Ana Paula
Vescovi, informou que com o corte o governo fará um remanejamento das despesas
de uma rubrica para outra para garantir o atendimento de serviços essenciais à
população. “Isso não elimina a necessidade de conscientização dos ministérios
do momento restritivo que passamos”, afirmou
Recentemente,
as polícias Federal e Rodoviária Federal suspenderam a prestação de serviços,
como a emissão de passaportes e patrulha das rodovias.
Rombo
Pelos
cálculos do professor da Escola de economia da Fundação Getúlio Vargas Márcio
Holland, os números divulgados ontem apontam um rombo acima de R$ 20 bilhões em
relação à meta. Segundo ele, dois terços desse adicional do déficit são
decorrentes do aumento de despesas com pessoal e um terço, são gastos para
pagamento dos benefícios da Previdência. “O déficit deve passar de R$ 160
bilhões este ano e já jogando contra um déficit menor no próximo ano”, disse
Holland, ex-secretário de política econômica. Em 2018, a meta é não ultrapassar
um rombo de R$ 129 bilhões. (AE)
Quinta-feira,
27 de julho, 2017 ás 10hs00
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