Ah, é? Ah, é isso, é assim? É
para partir para a ignorância? Vamos todos agora virarmos uns trogloditas, nos
socando nas ruas, uns cuspindo em outros? Joga pedra na Geni? Vamos partir para
o tacape? Para o tudo ou nada? Que coisa feia, dando exemplo para as crianças,
para os meninos e meninas que se divertem sem saber por quê, muito menos do quê
em rolezinhos-protestos.
Inacreditável. Estamos mesmo
conseguindo andar para trás a passos largos - passos não, saltos, e saltos
ornamentais provando que precisamos mais do que muito urgentemente fazer nada
mais nada menos do que superar. Parar com isso, com essa animosidade toda. Não,
não estamos divididos, pelo menos não em apenas dois pedaços como querem fazer
parecer. Há uma infinidade de opções.
Não vamos partir para a
ignorância.
De repente o ator conhecido,
ultimamente mais por ser petista, burro e destemperado, do que como ator, cospe
- sim, cospe no casal que o afrontou em um restaurante de São Paulo. Cospe no
homem. Cospe na mulher. (Ele agora vai sentir com quantos cuspes se desfaz uma
carreira)
O casal sem noção afrontou o ator
petista, burro e destemperado, falando um monte de asneiras e bobagens,
acusando o zézinho de ladrão, já que dali discussão civilizada sobre política
não sairia mesmo. Vomitaram clichês, mas ainda bem que apenas em gritos, por
insuportável sua quantidade.
Aí, o zezinho, o ator petista
burro e destemperado, vai para casa e corre para o computador para escrever e
contar para seus amiguinhos o quanto estava orgulhoso de ter cuspido no casal.
Um grupo bate palminhas. O outro quer queimá-lo em praça pública, esquecendo
apenas que ele é apenas um ator petista burro e destemperado. Sem qualquer
importância.
Nem muita personalidade teve o
ato, já que o projétil salivar já havia sido emitido por um outro "bravo
combatente" há poucos dias na cara do imbecilnaro. Imbecilnaro esse que
ousou evocar e pronunciar o nome do cão dos infernos em seus segundos de
votação.
Quequiéisso?
Acho preocupante e considero um
comportamento inadmissível ver amigos, inclusive jornalistas, rosnando e
babando contra veículos de comunicação grandes, os poucos que estão sobrando, e
propondo que no lugar se busque a informação para beber só nos poços
alternativos - maioria, água que se diz pura, mas na verdade já vem contaminada
com enormes equívocos históricos. Ou de origem e financiamento.
É desonestidade intelectual e uma
inusitada sordidez de ataque. Sabem que não é o que dizem, que não tem golpe
nenhum, que erraram, que o país está parado, que a maioria os quer ver pelas
costas seja por causa de pedaladas, dos pontapés, fora só uma, fora uma e o
outro, os dois, desde que saiam da frente, no deixem superar. Transformam-se em
chacotas, fantasmas dos líderes que já foram. E eles não têm altivez para ao menos
tentar solução, não semear a discórdia, parar de incentivar o confronto, e
muito menos patrocinar os escrachos que vêm sendo feitos pela molecada, tão
naturais e espontâneos que até assessoria de imprensa têm.
Uma coisinha, um cisco, vira uma
tese sociológica e acadêmica chaaata, muito chata, de como forças conservadoras
através de uma matéria com o perfil de uma sortuda, estão operando para que as
mulheres brasileiras todas regridam em suas conquistas e voltem a ser apenas
belas, recatadas, e do lar. Coitada da mulher sortuda que parece saída de uma
cândida fotonovela - se bem que com essa ela já toma o primeiro tranco para
perceber o que vai vir daí por diante, o rojão grosso que terá de segurar.
Precisaria de uma mágica, um
milagre para mudar os nossos políticos tentando fazê-los lordes - difícil.
Penso nisso quando lembro que vi o espancador Pedro Paulo jogado na fogueira da
ciclovia de pluma levada por Netuno. Atento ao marketing de quem ainda
pensa(va) em ser candidato ousou, mexendo na aliancinha no dedo - balbuciar que
"talvez" houvesse algum problema com a obra, e chamando de
"incidente" aquela tragédia. Tragédia cuja imagem que restou - os
dois corpos das vítimas jogados na areia da praia, e ao lado uma normal partida
de futebol - essa sim, levada ao mundo essa imagem informou mais sobre como
estamos do que as mais vigorosas teses intelectuais.
Nós já partimos para a
ignorância. Quando a humanidade se acostuma com trevas, ficamos nos abalroando
no escuro. Pisando uns nos calos dos outros. Chutando bem abaixo da linha do
Equador.
Por: Marli Gonçalves
Segunda-feira, 25 de abril, 2016
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