Com
21 votos de senadores o Senado abrirá o processo de impeachment contra a
presidente Dilma, já autorizado pela Câmara. A partir dessa decisão, Madame
será afastada por 180 dias da presidência da República, seguindo-se o
julgamento, dirigido pelo presidente do Supremo Tribunal Federal. Durante esse
tempo, Michel Temer ocupará o palácio do Planalto, podendo nomear o ministério
que bem entender e tomar as providências necessárias ao exercício do governo.
A
condenação precisará dispor do mínimo de dois terços, ou seja, 54 senadores,
quando Dilma será definitivamente afastada. Caso contrário, sem esses votos,
ela retorna a seus plenos poderes.
O
governo joga na possibilidade de 21 senadores não apoiarem a abertura do
processo, e, mais ainda, na impossibilidade de se reunirem 54 senadores
favoráveis, numa segunda etapa, coisa que invalidaria o afastamento da
presidente. Mesmo derrotada na primeira etapa, Dilma poderia retornar com
tapete vermelho, caso vitoriosa na segunda, ou seja, na falta dos 54 senadores
para condená-la.
A
gente fica imaginando quem compôs essa fórmula confusa e contraditória, quando
bastaria determinar que perde o mandato o presidente da República que não
contar com a maioria dos votos parlamentares, tomados em conjunto ou
isoladamente nas duas casas do Congresso.
Tanto
faz, agora, o mecanismo de aferição da performance dos chefes da República.
Assim dispõe a Constituição e assim se fará.
O
importante é que tudo se resolva no mais breve espaço de tempo possível.
Ninguém aguenta mais tamanha balbúrdia constitucional.
Até
porque, Dilma ou Michel Temer são vinhos da mesma pipa. Equivalem-se como o
Seis e o Meia Dúzia, responsáveis pelo marasmo que há muito tempo nos assola.
Saindo Madame, chegando o Mordomo, arrefecerá o desemprego em massa? Diminuirá
o custo de vida? Reduzirão as taxas, impostos ou tarifas? Será recuperada a
economia, baixarão os juros, aumentarão os investimentos sociais? Crescerão em
número e qualidade as escolas, os hospitais e os estabelecimentos penais?
Vivemos
uma farsa encenada no país desde que perdemos o sentido da importância das
instituições nacionais. Prevalece entre nós a obstinação de levar vantagem em
tudo, como nos tempos do velho Gerson, aliás, tão maltratado. As elites
pretendem manter-se no controle da nação. As massas, na sua contestação. A
classe média, sem saber para onde dirigir-se. A juventude, abandonada. A
intelectualidade, perdida. Não será entre Madame e o Mordomo que encontraremos
uma solução.
Carlos
Chagas
Quinta-feira,
21 de abril, 2016
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