Um
debate inédito ocorreu sexta-feira (28/9), reunindo quatro candidatas à
Vice-Presidência da República que discutiram correntes políticas sobre as
mulheres no Brasil, a iniciativa é do Instituto Locomotiva e o jornal El País,
com apoio da ONU Mulheres e do IBMEC.
O
debate “Mulheres na Política” contou com as presenças de Ana Amélia (PP),
candidata à vice na chapa de Geraldo Alckmin (PSDB); Manuela D’Ávila (PC do B),
candidata à vice de Fernando Haddad (PT); Kátia Abreu (PDT), candidata à vice
de Ciro Gomes (PDT); e Sonia Guajajara (PSOL), candidata à vice de Guilherme
Boulos (PSOL).
O
Instituto Locomotiva apresentou para as candidatas uma pesquisa que embasou o
debate. De acordo com os dados, 94% das mulheres afirmam não se sentir
representadas pelos políticos em exercício; 90% das mulheres discordam que “os
políticos pensam nas necessidades da população para tomar suas decisões”; e 93%
das mulheres discordam que os políticos atuais procuram ouvir os brasileiros
para tomar suas decisões.
Ao
mesmo tempo, 76% das mulheres concordam que seu voto pode fazer a diferença no
país, enquanto 72% das mulheres afirmam se interessar em algum grau por
política. Já 95% das mulheres acreditam que deveria haver mais mulheres na
política. Além disso, 55% das mulheres
concordam que “A política é o melhor caminho para as mulheres sofrerem menos
preconceito”.
Ainda
segundo o levantamento, há hoje no Brasil, 107 milhões de mulheres. Em relação
à política, elas representam 52% do eleitorado, o que significa que 77 milhões
de mulheres poderão votar e escolher suas candidatas e seus candidatos no
primeiro turno das eleições, no dia 7 de outubro. Em termos econômicos, elas
são 44% da população economicamente ativa. E quanto à representatividade no
Congresso, elas ocupam 10% das posições no parlamento federal.
Em
relação a representatividade feminina na política nacional, as candidatas
explanaram seus pontos de vista.
A
candidata gaúcha, Ana Amélia que é vice na chapa de Geraldo Alckmin, ressaltou
a necessidade de aumento nessa representatividade. “Vivemos hoje a necessidade
do Empoderamento da mulher, mas também sabemos de sua força e a sensibilidade
para mudar. O espaço da mulher na política ainda é pouco, apesar de já
sobressairmos na economia do país. Ainda temos um longo caminho a percorrer”.
Já
Manuela D’ Ávila que é vice de Fernando Haddad destacou a importância da
equiparação dos salários. “Vivemos os dilemas de um mundo em transformação.
Ainda trabalhamos mais e ganhamos menos. Precisamos lutar pela equiparação dos
salários e por uma agenda que garantam direitos das mulheres no mercado de
trabalho”.
A
vice de Ciro Gomes, Kátia Abreu defendeu a necessidade da união feminina para que
mudanças ocorram. “Ainda há muitas demandas da sociedade a serem cumpridas, e
temos apenas 10% das mulheres eleitas no Congresso. Por isso, as mulheres
precisam unir forças para trabalhar e conseguir promover as mudanças que
desejam para o país”.
“Como
primeira indígena a disputar um cargo de vice-presidente da República, acredito
que é preciso superar diferenças em relação às mulheres indígenas, mas também
em relação às mulheres transgênicos e LGBT, para que possam ocupar mais espaços
nas instituições brasileiras”, destacou Sonia Guatapará, vice de Guilherme
Boulos.
As mulheres hoje no Brasil
O
levantamento mostra que hoje, de cada R$ 100, R$ 42 vem do trabalho da mulher;
que em 20 anos, o país passou a ter 8,4 milhões de mulheres a mais no mercado formal
de trabalho; e que 29 milhões de lares são chefiados por mulheres.
No
entanto, as mulheres ainda ganham 76% do salário dos homens. A equiparação de
salários entre sexos injetaria R$ 482 bi anuais na renda feminina.
“Nos
últimos anos, o Brasil mudou muito e as mulheres impulsionaram as principais
transformações. Têm mais dinheiro no bolso, estão mais inseridas no mercado de
trabalho e são mais chefes de família”, disse Maíra Saruê Machado, diretora
executiva do Instituto Locomotiva.
A
pesquisa aponta ainda que, atualmente, as mulheres movimentam R$ 1,8 trilhão
por ano na economia brasileira. “Mas apesar do esforço das mulheres, existe
ainda uma grande desigualdade entre homens e mulheres no mercado de trabalho. A
desigualdade de gênero também traz prejuízos financeiros para o país. Por isso,
é importante a presença cada vez mais forte da mulher no mercado de trabalho e
na política, já que são meios que proporcionam mais autonomia a elas e promovem
um papel mais afirmativo das mulheres no cenário nacional”, ressaltou Maíra
Saruê Machado
Metodologia
O
levantamento é baseado em pesquisa quantitativa nacional e pesquisas
qualitativas e análise de dados secundários. Fez 2015 entrevistas realizadas em
35 cidades na primeira semana de setembro, com mulheres brasileiras com 16 anos
ou mais. (DP)
Sexta-feira,
28 de setembro, 2018 ás 14:30
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