Seja
nos blocos do horário eleitoral, veiculados de manhã e à tarde, ou nos
comerciais que entram na programação, as campanhas aumentam o tom dos ataques
em propagandas no rádio. O mesmo acontece nas publicações na internet. Na
comparação com a televisão, que tem o maior alcance e audiência entre o
eleitorado, há mais citações aos rivais, críticas e até ironia.
Segundo
o TSE (Tribunal Superior Eleitoral), houve até sexta-feira (21) 34 pedidos de
direito de resposta na campanha presidencial. A maior parte -o número exato não
é divulgado pelo tribunal -é para peças que foram veiculadas exclusivamente no
rádio.
Com
maior tempo nas propagandas, 44% do espaço, Geraldo Alckmin é quem mais cita e
critica adversários. Sua campanha já teve 21 pedidos de direitos de resposta. O
TSE aceitou um até agora.
Alckmin
teve que ceder 1 minuto de seu tempo de programa na terça-feira (18) para a
resposta concedida pela Justiça eleitoral a Jair Bolsonaro (PSL). O direito
veio após o tucano usar os primeiros programas para fazer referência ao trecho
da entrevista de Bolsonaro ao Jornal Nacional em que ele diz que votou contra a
PEC das Domésticas em dois turnos.
“Ei,
Bolsonaro: o que você tem contra pobre?”, questiona o locutor do programa
fictício de Alckmin no rádio.
Na
resposta, a campanha justifica o voto do deputado, critica a velha política e
diz que é hora de virar o jogo elegendo “um presidente patriota e que tem Deus
no coração”.
“Bolsonaro
votou contra a PEC dos empregados domésticos por entender que tal medida
geraria desemprego, informalidade e redução de salários a uma classe de mais de
sete milhões de pessoas, o que de fato ocorreu. Muitos perderam o emprego por
conta da PEC”, afirma o capitão reformado, que lidera as pesquisas de intenção
de voto.
A
decisão não fez Alckmin baixar o tom. No rádio, aposta em jingles curtos e cita
outros candidatos como Marina, Álvaro Dias e, principalmente, Fernando Haddad.
Na
internet, o tucano estreou a onda de ataques mais duros e diretos ao líder das
pesquisas. A primeira vez que comparou Bolsonaro a Hugo Chávez, ex-presidente
da Venezuela, foi em uma propaganda veiculada apenas na página oficial do PSDB
no Youtube, na primeira semana da campanha. Foi também em vídeo exclusivo para
a web que, pela primeira vez, acusou o candidato do PSL de agredir mulheres
verbalmente.
Sem
ataques ou citações nos programas de televisão, PT e PDT rompem o pacto de não
agressão nas redes sociais. Vice na chapa de Ciro Gomes, Kátia Abreu provocou o
petista Fernando Haddad em postagem na sua conta do Twitter, na última semana.
Numa
imagem que reproduz o livro “Onde está o Wally?” está escrito “procura-se o
Haddad no impeachment da Dilma”. “Tenho que rir. Não resisto. Turma é
criativa”, escreve a ex-ministra de Dilma Rousseff.
“Tem
pessoas que criticam ataques, apontado como algo ruim. Eu encaro como algo
importante para a democracia. É democrático falar sobre algo que o rival não
queira falar ou expor” afirma o cientista político Antonio Lavareda. “Não é
qualquer comercial crítico que consegue resultados. Tem o efeito bumerangue
[quando o efeito do ataque se volta para que o fez]”, completa.
Na
disputa pelo governo de São Paulo, a propaganda no rádio tem sido ainda mais
bélica. João Doria (PSDB) teve que ceder espaço a Paulo Skaf (MDB) depois de
veicular no dia 12 de setembro um peça em que uma personagem aparece dizendo
que leu outro dia que Michel Temer liberou R$ 14 milhões para o filho do Skaf
fazer um filme.
É
referência a uma reportagem do portal de notícias R7 que informa que o governo
liberou R$ 14 milhões em captação de recursos, por meio da Lei Rouanet, para a
produtora do filho do candidato. O TRE concedeu direito de resposta ao
emedebista.
Na
resposta, a campanha de Skaf diz que o tucano tenta enganar o eleitor. “Isso é
mentira e uma falta de respeito com a família de Skaf. Com família não se
brinca. O que houve foi uma autorização para captação de recursos privados e
não um favorecimento de pai para filho, como mente João Doria”, diz.
Essa
não foi a única peça usada pelo tucano para criticar o rival. Outro programa do
tucano apresenta alunos de uma escola que respondem verdadeiro ou falso para
questões apresentadas pela professora, que fala que o emedebista taxou as
escolas do Sesi e defendeu cobrar mensalidade na USP. Ao final da avaliação da
classe, Skaf é reprovado em coro.
Enquanto
o Doria mira em Skaf, o governador e candidato à reeleição Márcio França (PSB)
não poupa críticas ao ex-prefeito de São Paulo no rádio.
França
repete em propagandas que é leal e cumpriu seus dois mandatos como prefeito de
São Vicente. Em um programa fictício de rádio na propaganda, uma personagem diz
que Doria “acelerou tanto que foi embora” da prefeitura.
Diante
dos ataques, a campanha de Doria criou um jingle em que diz que vão ficar de
“tititi, mentir e tentar enganar o eleitor”. (Folhapress)
Domingo,
23 de setembro, 2018 ás 14:00
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