Liberdade de expressão

“É fácil submeter povos livres: basta retirar – lhes o direito de expressão”. Marechal Manoel Luís Osório, Marquês do Erval -15 de abril de 1866

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23 setembro, 2018

Propaganda não é usada por candidatos para se promover, mas para denegrir os outros

Seja nos blocos do horário eleitoral, veiculados de manhã e à tarde, ou nos comerciais que entram na programação, as campanhas aumentam o tom dos ataques em propagandas no rádio. O mesmo acontece nas publicações na internet. Na comparação com a televisão, que tem o maior alcance e audiência entre o eleitorado, há mais citações aos rivais, críticas e até ironia.

Segundo o TSE (Tribunal Superior Eleitoral), houve até sexta-feira (21) 34 pedidos de direito de resposta na campanha presidencial. A maior parte -o número exato não é divulgado pelo tribunal -é para peças que foram veiculadas exclusivamente no rádio.

Com maior tempo nas propagandas, 44% do espaço, Geraldo Alckmin é quem mais cita e critica adversários. Sua campanha já teve 21 pedidos de direitos de resposta. O TSE aceitou um até agora.

Alckmin teve que ceder 1 minuto de seu tempo de programa na terça-feira (18) para a resposta concedida pela Justiça eleitoral a Jair Bolsonaro (PSL). O direito veio após o tucano usar os primeiros programas para fazer referência ao trecho da entrevista de Bolsonaro ao Jornal Nacional em que ele diz que votou contra a PEC das Domésticas em dois turnos.

“Ei, Bolsonaro: o que você tem contra pobre?”, questiona o locutor do programa fictício de Alckmin no rádio.

Na resposta, a campanha justifica o voto do deputado, critica a velha política e diz que é hora de virar o jogo elegendo “um presidente patriota e que tem Deus no coração”.

“Bolsonaro votou contra a PEC dos empregados domésticos por entender que tal medida geraria desemprego, informalidade e redução de salários a uma classe de mais de sete milhões de pessoas, o que de fato ocorreu. Muitos perderam o emprego por conta da PEC”, afirma o capitão reformado, que lidera as pesquisas de intenção de voto.

A decisão não fez Alckmin baixar o tom. No rádio, aposta em jingles curtos e cita outros candidatos como Marina, Álvaro Dias e, principalmente, Fernando Haddad.

Na internet, o tucano estreou a onda de ataques mais duros e diretos ao líder das pesquisas. A primeira vez que comparou Bolsonaro a Hugo Chávez, ex-presidente da Venezuela, foi em uma propaganda veiculada apenas na página oficial do PSDB no Youtube, na primeira semana da campanha. Foi também em vídeo exclusivo para a web que, pela primeira vez, acusou o candidato do PSL de agredir mulheres verbalmente.

Sem ataques ou citações nos programas de televisão, PT e PDT rompem o pacto de não agressão nas redes sociais. Vice na chapa de Ciro Gomes, Kátia Abreu provocou o petista Fernando Haddad em postagem na sua conta do Twitter, na última semana.

Numa imagem que reproduz o livro “Onde está o Wally?” está escrito “procura-se o Haddad no impeachment da Dilma”. “Tenho que rir. Não resisto. Turma é criativa”, escreve a ex-ministra de Dilma Rousseff.

“Tem pessoas que criticam ataques, apontado como algo ruim. Eu encaro como algo importante para a democracia. É democrático falar sobre algo que o rival não queira falar ou expor” afirma o cientista político Antonio Lavareda. “Não é qualquer comercial crítico que consegue resultados. Tem o efeito bumerangue [quando o efeito do ataque se volta para que o fez]”, completa.

Na disputa pelo governo de São Paulo, a propaganda no rádio tem sido ainda mais bélica. João Doria (PSDB) teve que ceder espaço a Paulo Skaf (MDB) depois de veicular no dia 12 de setembro um peça em que uma personagem aparece dizendo que leu outro dia que Michel Temer liberou R$ 14 milhões para o filho do Skaf fazer um filme.

É referência a uma reportagem do portal de notícias R7 que informa que o governo liberou R$ 14 milhões em captação de recursos, por meio da Lei Rouanet, para a produtora do filho do candidato. O TRE concedeu direito de resposta ao emedebista.

Na resposta, a campanha de Skaf diz que o tucano tenta enganar o eleitor. “Isso é mentira e uma falta de respeito com a família de Skaf. Com família não se brinca. O que houve foi uma autorização para captação de recursos privados e não um favorecimento de pai para filho, como mente João Doria”, diz.

Essa não foi a única peça usada pelo tucano para criticar o rival. Outro programa do tucano apresenta alunos de uma escola que respondem verdadeiro ou falso para questões apresentadas pela professora, que fala que o emedebista taxou as escolas do Sesi e defendeu cobrar mensalidade na USP. Ao final da avaliação da classe, Skaf é reprovado em coro.

Enquanto o Doria mira em Skaf, o governador e candidato à reeleição Márcio França (PSB) não poupa críticas ao ex-prefeito de São Paulo no rádio.

França repete em propagandas que é leal e cumpriu seus dois mandatos como prefeito de São Vicente. Em um programa fictício de rádio na propaganda, uma personagem diz que Doria “acelerou tanto que foi embora” da prefeitura.

Diante dos ataques, a campanha de Doria criou um jingle em que diz que vão ficar de “tititi, mentir e tentar enganar o eleitor”. (Folhapress)


Domingo, 23 de setembro, 2018 ás 14:00

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