Levantamento
do projeto Supremo em Números, da FGV Direito Rio, mostra que, de janeiro de
2011 a março de 2016, apenas 5,8% das decisões em inquéritos no Supremo
Tribunal Federal foram desfavoráveis aos investigados – com a abertura da ação
penal. Ainda segundo a pesquisa, o índice de condenação de réus na Corte é
inferior a 1%.
No
Supremo são julgados políticos – deputados, senadores e ministros de Estado –
que detêm foro privilegiado. O tema voltou ao debate com a nomeação, pelo
presidente Michel Temer, de Moreira Franco como ministro da Secretaria-Geral da
Presidência. A nomeação, contestada, teria por objetivo conferir foro a
Moreira, citado em delação da Odebrecht, e evitar eventual investigação na
primeira instância. Nesta terça-feira, 14, o ministro do STF Celso de Mello manteve
a nomeação.
No
ano passado, a Corte barrou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva na Casa
Civil de Dilma Rousseff. A nomeação do petista – alvo da Lava Jato – também foi
questionada na época.
Para
o coordenador do Supremo em Números, Ivar Hartmann, na prática, o foro
representa uma “vantagem”. “É uma forma de escolher o juiz. Quando Dilma e
Temer decidiram nomear Lula e Moreira, optaram por um processo mais longo e com
grandes chances de não dar em nada”, disse Hartmann.
No
período analisado pelo Supremo em Números, em 404 ações penais, apenas três
resultaram em vitória da acusação; em 71 delas o sucesso foi da defesa; 276
prescreveram ou foram enviadas a instâncias inferiores (68% do total); em 34
houve decisões favoráveis em fase de recurso; e 20 permaneceram em segredo de
Justiça.
Em
relação a inquéritos, foram 987 no mesmo período. Deste total, 57 resultaram em
vitória da acusação; em 413 o sucesso foi da defesa; 379 prescreveram ou foram
remetidos a instâncias inferiores (38% do total); houve oito decisões
favoráveis em fase de recurso e 130 ficaram em segredo de Justiça.
“Existe
um princípio básico no Direito de que uma pessoa não pode escolher quem vai
julgá-la. Então, esse princípio está sendo violado. A única forma de corrigir
esse desvio seria o fim do foro”, afirmou Hartmann.
Caso Moreira Franco
Celso
de Mello afirmou na quarta-feira, 15, que levará a discussão ao plenário da
Corte se houver pedido de recurso dos autores dos mandados de segurança contra
a nomeação do peemedebista – os partidos PSOL e Rede. O PSOL já informou que
vai recorrer. (AE)
Quinta
-feira, 16 de Fevereiro de 2017 ás 12hs30
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