Quase
uma semana depois do início do motim da Polícia Militar no Espírito Santo, em 4
de fevereiro, o presidente Michel Temer rompeu o silêncio e divulgou nesta
sexta-feira, 10, uma nota para afirmar que condena a paralisação, dizer que
está acompanhando o desenrolar da situação e pedir para que os policiais voltem
ao trabalho.
"O
presidente Michel Temer acompanha, desde os primeiros momentos, todos os fatos
relacionados à segurança pública no Espírito Santo. Condena a paralisação
ilegal da polícia militar que atemoriza o povo capixaba", diz a nota,
assinada pela Secretaria Especial de Comunicação Social da Presidência da
República, que agora está a cargo da Secretaria-geral da Presidência,
subordinada a Moreira Franco, que está com sua nomeação suspensa na Justiça.
Apesar
de o documento não informar, a reportagem apurou que os ministros da Defesa,
Raul Jungmann, e do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência, Sergio
Etchegoyen, vão neste sábado, 11, ao Espírito Santo a pedido do presidente para
acompanhar a situação. Temer já foi criticado em outras ocasiões - como na
crise penitenciária - por demorar para se manifestar sobre o episódio.
Além
da demora na manifestação do presidente, fontes reconhecem que o desgaste é
ampliado pelo fato de o Ministério da Justiça, que recentemente ganhou o status
de cuidar da Segurança Pública, estar sob o comando interino de José Levi, por
conta da licença de Alexandre de Moraes, que foi indicado pelo presidente para
a vaga no Supremo Tribunal Federal (STF).
A
nota afirma ainda que o presidente tem se informado todos os dias com o
governador Paulo Hartung e vai fazer "todos os esforços para que o
Espírito Santo retorne à normalidade o quanto antes" e destaca que, ao
saber da situação, o governo determinou o imediato envio de dois mil homens
para restabelecer a lei e a ordem no Estado. "Agirá da mesma forma sempre
que necessário, em todos os locais onde for preciso", diz o texto.
Desde
o início do motim, o número de mortes violentas no Espírito Santo subiu para
121. Os dados foram divulgados pelo Sindicato dos Policiais Civis (Sindipol)
com base nos registros do Centro Integrado Operacional de Defesa Social
(Ciodes), órgão do governo do Espírito Santo que reúne instituições como PM,
Polícia Civil e Guarda Municipal de Vitória, entre outros. A Secretaria de
Segurança não confirma os números. Pelos dados divulgados pelo Sindipol, o dia
mais violento foi a segunda-feira, 6, quando foram registradas 40 mortes. Nesta
sexta-feira, 10, houve quatro homicídios até as 10h.
No
texto divulgado nesta sexta pelo Planalto, Temer ressalta que o direito à
reivindicação não pode tornar o povo brasileiro refém e pede que os policiais
retornem ao trabalho. "O estado de direito não permite esse tipo de
comportamento inaceitável. O presidente conclama aos grevistas que retornem ao
trabalho como determinou a Justiça e que as negociações com o governo
transcorram dentro do mais absoluto respeito à ordem e à lei, preservando o
direito e as garantias do povo que paga o salário dos servidores públicos,
sejam eles civis ou militares", finaliza a nota. (AE)
Sábado,
11 de fevereiro de 2017 ás 12hs10
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