Contrariado
com a pressão do PMDB por cargos no governo, o presidente Michel Temer está
montando uma equação política para compensar o partido. Em conversas
reservadas, nos últimos dias, Temer assegurou que ou o PMDB terá o comando de
mais um ministério ou a liderança do governo na Câmara, atualmente ocupada pelo
deputado André Moura (PSC-SE).
A
bancada do PMDB reivindica o Ministério da Justiça, já que o atual titular,
Alexandre de Moraes – até há duas semanas filiado ao PSDB –, foi indicado por
Temer para o Supremo Tribunal Federal (STF). Nos bastidores, tanto
peemedebistas da Câmara como do Senado reclamam do avanço do PSDB sobre cargos
estratégicos, como a Secretaria de Governo, comandada por Antônio Imbassahy.
A
insatisfação preocupa Temer num momento em que a equipe econômica quer acelerar
a tramitação da reforma da Previdência, hoje na Câmara. Além disso, há receio
de que os vazamentos de delações premiadas de executivos e ex-diretores da
Odebrecht à Lava Jato provoquem instabilidade política.
Em
conversas reservadas, o presidente tem dito que o PMDB não pode incentivar o
racha da base aliada no Congresso. Depois da recusa do ex-ministro do STF
Carlos Velloso em assumir a Justiça, Temer tem feito outras sondagens, mas
ainda não decidiu quem será o sucessor de Moraes. Antes rejeitado, o deputado
Osmar Serraglio (PMDB-PR) ganhou apoio na bancada e é agora o nome indicado
pelo partido para a cadeira da Justiça. Rodrigo Pacheco (PMDB-MG) perdeu pontos
por críticas à Lava Jato.
“Não
estamos fazendo pressão nem colocando faca no pescoço de ninguém”, disse o
líder do PMDB na Câmara, Baleia Rossi (SP). “O presidente Temer já sinalizou
claramente que vai fortalecer o nosso partido. Tenho certeza absoluta de que
ele, pela experiência que tem, saberá valorizar a nossa bancada.”
Se
ficar sem o comando da Justiça, o PMDB deve ganhar a liderança do governo na
Câmara, como uma espécie de “compensação”. Neste caso, o mais cotado para o
posto é o deputado Lelo Coimbra (PMDB-ES). André Moura, o atual líder, entrou
em rota da colisão com o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), mas, se
não ficar no posto, pode ser compensado com outro cargo.
“O
PMDB não vai agir como o PT, que fazia oposição ao próprio governo”, afirmou o
deputado Lúcio Vieira Lima (PMDB-BA), que disputou – e perdeu – a
vice-presidência da Câmara.
O
confronto entre senadores do PMDB, o Ministério Público e o Judiciário é outro
foco de apreensão de Temer. Nos bastidores, auxiliares do presidente dizem que
o líder do governo no Senado, Romero Jucá (RR) cometeu um “sincericídio” ao
dizer que, se o foro privilegiado acabar, a medida deve valer para todos os
Poderes. Nesta terça-feira, 21, Jucá disse ao Estado que não está agindo em
retaliação à Lava Jato e procurou distanciar o Planalto da polêmica. (AE)
Quarta-feira,
22 de fevereiro de 2017 ás 00hs00
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