Liberdade de expressão

“É fácil submeter povos livres: basta retirar – lhes o direito de expressão”. Marechal Manoel Luís Osório, Marquês do Erval -15 de abril de 1866

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31 maio, 2016

A FARRA DOS CARTÕES



Se o Temer, de fato, pensa em fazer uma administração austera para se diferenciar da bagunça financeira do governo petista, precisa urgentemente acabar com o cartão corporativo e criar uma rubrica para gastos do governo com total transparência. É inadmissível a orgia financeira da presidência da república com o dinheiro do contribuinte. Além dos gastos com alimentação, hotéis de luxo, roupas, flores e bugigangas diversas, a Dilma ainda está amparada pelo sigilo que protege as compras. O Lula determinou, quando exercia o cargo de presidente, que as despesas do governo ficariam em segredo. Ou seja: institucionalizou a maracutaias. E assim, desde então, nenhuma das autoridades de posse do cartão presta contas dos seus gastos.

Afastada do cargo, Dilma continua como se ainda estivesse no comando do país. Só este ano já foram gastos quase 4 milhões de reais. Em 2014, na época da eleição, o governo gastou R$ 64 milhões usando os cartões em todos os órgãos. Apenas a presidência da república torrou R$ 22 milhões (mais de 6 milhões de dólares). Não se conhece no mundo uma mordomia dessa grandeza, onde integrantes da cúpula do governo fazem compras indiscriminadamente com dinheiro público sem a obrigação de prestar contas.

O presidente em exercício parece que pretende moralizar a bagunça. Proibiu, por exemplo, despesas com compras de flores que a Dilma pretendia fazer recentemente para ser recepcionada pelos militantes petistas. É pouco, ou quase nada, mas já é um aceno à moralização. Temer precisa cortar na carne acabando com os cartões de seus principais auxiliares. Enquanto o país vive um momento de caos na economia, com 12 milhões de desempregados, a inflação ameaçando sair dos eixos, as contas públicas fora de controle e os preços dos alimentos nas alturas, ainda existem 11.510 cartões nas mãos de funcionários públicos que farreiam com o nosso dinheiro todo o dia.

O cartão corporativo já foi objeto de escândalo no governo do PT. Descobriu-se, à época, que ministros usavam-no até para comprar tapioca e fazer compras pessoais e íntimas como foi o caso de Orlando Silva, do Esporte. O escândalo ainda arrastou Matilde Ribeiro, da Igualdade Racial, e Altemir Gregolin, da Pesca. Mesmo assim, os cartões voltaram a financiar o luxo dos seus donos porque o PT virou a Casa da Mãe Joana. 

Temer daria um bom exemplo se eliminasse a farra dos cartões e tornassem transparentes os gastos da presidência da república e de seus auxiliares diretos. O povo brasileiro precisa de demonstrações efetivas de que o governo (interino) está sendo vigilante com o seu dinheiro.

Em 2014, a Dilma e a sua equipe gastaram uma media de 24 mil reais por dia usando os cartões, incluindo aí os feriados e fins de semana, no ano em que a presidente passou pouco tempo no comando do país. A despesa foi declarada sigilosa. Ou seja: os gastos estão amparados por uma lei draconiana que só beneficia a quem dela se serve de forma sorrateira e esperta. Como está sob reserva, é difícil saber se o dinheiro está sendo usado em hospedagens, restaurantes, passagens aéreas e locais suspeitos como motéis e casas de massagens, proibidos por lei.

Outra medida que mostraria um governo preocupado com os gastos público seria a de acabar com as viagens dos jatinhos da FAB que cortam o país nos fins de semana levando a bordo ministros e assessores para seus estados. Uma despesa desnecessária já que existem aviões de carreira disponíveis a toda hora para qualquer lugar do Brasil. Aqueles que se envergonham ou temem ser hostilizados  em aeroportos comerciais estão condenados a não exercer cargos públicos. 

O fim dessas mordomias certamente levaria o brasileiro a acreditar que realmente o país está mudando para melhor. Certamente seria visto com um olhar diferente. Se nada for feito de forma a impedir a evasão do dinheiro do povo, mais cedo ou mais tarde a massa vai novamente às ruas cobrar as mudanças. E dessa vez, as consequências serão imprevisíveis.

Jorge Oliveira

Terça-feira, 31 de maio, 2016

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