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07 maio, 2016

GLEISI HOFFMANN E PAULO BERNARDO SÃO DENUNCIADOS POR JANOT NA LAVA JATO



O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, denunciou ao Supremo Tribunal Federal (STF) em um dos processos da Operação Lava Jato a senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR), o marido dela, o ex-ministro do Planejamento e das Comunicações Paulo Bernardo, e o empresário Ernesto Kugler, ligado ao casal.
 Os três são acusados de corrupção passiva e lavagem de dinheiro por suposto recebimento de valores desviados da Petrobras para a campanha de Gleisi ao Senado em 2010. Janot afirma na denúncia que delações premiadas da Lava Jato e provas obtidas a partir delas apontam indícios suficientes do envolvimento do trio em atos de corrupção.

Senadora de primeiro mandato, Gleisi é uma das principais defensoras da presidente Dilma Rousseff no Congresso Nacional. A petista chegou a chefiar a Casa Civil no primeiro mandato de Dilma, mas deixou o primeiro escalão para concorrer ao governo do Paraná, em 2014. Ela acabou na terceira colocação da disputa eleitoral. Atualmente, a parlamentar paranaense integra a comissão especial do impeachment no Senado.

Ex-deputado federal pelo Paraná, Paulo Bernardo comandou o Ministério do Planejamento na gestão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Em 2011, quando Dilma sucedeu Lula no Palácio do Planalto, Paulo Bernardo permaneceu no governo, mas trocou de pasta, transferindo-se para o Ministério das Comunicações. Ele deixou a Esplanada dos Ministérios somente ao final do primeiro mandato de Dilma.

Relator dos processos da Lava Jato no STF, o ministro Teori Zavascki terá de submeter a denúncia da PGR à análise da Segunda Turma do tribunal, composta por cinco magistrados.

Se os ministros decidirem receber a denúncia, Gleisi e Paulo Bernardo vão virar réus na ação penal. O caso está tramitando no Supremo porque Gleisi tem foro privilegiado por ser senadora.

Se Gleisi, Paulo Bernardo e o empresário Ernesto Kugler se tornarem réus, terá início, então, a fase de coleta de provas e testemunhos. Só depois de concluída a etapa de instrução e produção de provas é que o Supremo julgará se eles serão condenados ou absolvidos.
A acusação
Segundo o Ministério Público, Gleisi é acusada de receber R$ 1 milhão em propina do esquema de corrupção que atuava na Petrobras. A senadora petista foi citada nas delações premiadas do doleiro Alberto Yousseff e do ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa.

De acordo com os relatos dos dois delatores, houve pagamento indevido de R$ 1 milhão para a campanha de Gleisi ao Senado, em 2010. Yousseff e Costa afirmam que o dinheiro foi repassado a pedido de Paulo Bernardo, que, à época, estava à frente do Ministério do Planejamento.

O doleiro contou aos procuradores da República que o pedido de recursos foi feito por Ernesto Kugler Rodrigues, amigo do casal. O empresário nega ter atuado na campanha da senadora.

Antonio Carlos Pieruccini, um novo delator da Lava Jato, disse que transportou a propina para Gleisi, em dinheiro em espécie, de São Paulo para Curitiba em quatro viagens. Pieruccini afirmou que entregou o dinheiro para Ernesto Kugler.

“Indagado acerca dos fatos constantes do anexo 01 (senadora Gleisi Hoffmann) afirmou: que, em 2010, o declarante transportou R$ 1.000.000,00 (um milhão de reais) de São Paulo para Curitiba, a pedido de Alberto Yousseff; que Alberto Yousseff disse que os valores se destinavam à então candidata à senadora Gleisi Hoffmann; que Alberto Yousseff disse que os valores seriam usados para o financiamento da campanha de Gleisi Hoffmann; que a conversa inicial com Alberto Yousseff ocorreu provavelmente em fevereiro ou março”, relata trecho da delação premiada de Pieruccini.

Indiciamento
No fim de março, Gleisi Hoffmann e o marido dela foram indiciados pela Polícia Federal (PF) por corrupção passiva. O indiciamento consiste numa conclusão do delegado de polícia acerca das suspeitas sobre um investigado e, em geral, precede a formulação de denúncia pelo Ministério Público, que pode ou não concordar com as conclusões da PF.

A investigação da Polícia Federal concluiu que há indícios suficientes de que a campanha da petista ao Senado recebeu R$ 1 milhão em recursos desviados da Petrobras.

O indiciamento da senadora do PT, entretanto, é alvo de questionamento porque o STF decidiu, em 2006, que parlamentares não podem ser indiciados pela polícia. Em abril, o procurador-geral da República chegou a enviar parecer ao tribunal contestando o indiciamento de Gleisi pela PF. Para o chefe do Ministério Público, os inquéritos criminais que tramitam na Suprema Corte envolvendo autoridades públicas não podem ser objeto de indiciamento.

O que disseram as defesas dos suspeitos
Por meio de nota, os advogados Rodrigo Mudrovitsch e Veronica Abdala Sterman disseram ter recebido com "inconformismo" a denúncia da senador a do PT (leia a íntegra do comunicado ao final desta reportagem). Segundo os defensores, as provas obtidas no inquérito comprovam que ela não recebeu propina do esquema de corrupção.

"[A denúncia] baseia-se apenas em especulações que não são compatíveis com o que se espera de uma acusação penal", diz trecho do comunicado.

Rodrigo Mudrovitsch e Veronica Abdala Sterman também são responsáveis pela defesa de Paulo Bernardo. Em outra nota, os criminalistas afirmaram que as referências ao ex-ministro na denúncia se baseiam em "declarações contraditórias e inverossímeis".

"Não houve qualquer envolvimento dele com os fatos narrados na denúncia. Demonstraremos isso com veemência e acreditamos que a denúncia não pode ser recebida", enfatizam os advogados na nota.

Responsável pela defesa do empresário Ernesto Kugler, o advogado Cal Garcia afirmou ao G1 que não iria comentar a denúncia da Procuradoria Geral da República.

Rodrigo Mudrovitsch e Verônica Sterman

Sábado, 07 de maio, 2016

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