Terminado
o segundo capítulo da novela “impeachment já”, o primeiro na Câmara e o segundo
no Senado, Dilma vai para casa, ou melhor, para o Palácio da Alvorada onde,
cercada de todas as mordomias possíveis e imagináveis, irá arquitetar o seu
retorno no prazo máximo de 180 dias. Entre as mordomias, uma delas é de
arrepiar os cabelos mais do que as outras: terá à disposição um avião da FAB
para ir onde quiser, ainda que as viagens não sejam mais oficiais mesmo porque
oficiais elas não podem ser enquanto ela estiver impedida. É como entregar o
ouro para o bandido. Ela poderá se locomover por todo o país, paga por nós, não
só para visitar a família em Porto Alegre, mas para incentivar os tais
movimentos sociais a fazerem mais badernas, como fizeram nos últimos dias,
fechando estradas e queimando pneus, como se isso pudesse reverter a situação.
Inconformada com a perda do poder – um poder que certamente ela jamais imaginou
vir a ter na sua brilhante carreira política que não incluía nem mesmo uma
eleição para síndica de prédio, ela agora quer, em mais um demonstração de
desamor à pátria, incendiar o país, numa provocando ações temerárias de alguns
gatos pingados contra o que chama de golpe, que, na verdade, nada mais é do que
reintegração de posse, devolvendo ao povo a nação que lhe pertence e que lhe
foi afanada pelo PT. Se é para falar de
golpe, e não de reintegração de posse, é bom lembrar que golpe mesmo foi o que
ela perpetrou quando se reelegeu no bojo do maior estelionato eleitoral que se
tem notícia na história deste país.
Agora
Dilma está pagando pelos crimes que cometeu, os da campanha de 2014 e os de
responsabilidade, quando, dentro da sua soberba e arrogância, confundiu seus exercícios
matinais de “bike” com pedaladas fiscais. Quem semeia ventos colhe tempestades.
Esta vai varrê-la da política brasileira por pelo menos oito anos, quando os
senadores votarem pelo seu afastamento definitivo.
De
todas as cenas que assistimos na quinta-feira, no ocaso da pretensa estrela, a
que mais me chamou a atenção foi a foto do Lula atrás dela na saída melancólica
do Palácio do Planalto. Parecia um triste papagaio de pirata com cara de
desespero pensando: “que mancada a minha quando escolhi a Dilma para me
suceder”. Agora ele está se dando conta que foi aí que sepultou os seus sonhos
de poder. E de liberdade perpétua, já que não poderá ser Ministro Chefe da Casa
Civil e ter foro privilegiado. Voltando a ser um cidadão comum, como todos nós,
ele vai ficar na alça de mira da Lava Jato, correndo sérios riscos de fazer
companhia a seus correligionários, amigos e financiadores nas penitenciarias de
Curitiba. São tantos os indícios de que ele cometeu malfeitos que fica difícil
imaginar que ele escape das malhas da justiça, que tarda mas não falha, ainda
que no seu caso esteja demorando demais.
A
higienização do Brasil só se completará quando pudermos gritar: “tchau,
querido”.
Enquanto
isso, saudemos o novo governo, ainda que provisório. Sua instalação é um sopro
de esperança. Inicia-se uma nova era que pode recolocar o Brasil no rumo da sua
recuperação moral, social, política e econômica, como merecemos. Vale lembrar e
guardar, para depois cobrar, as dez principais promessas feitas por Temer no
dia da sua posse: manutenção e melhoria das ações sociais, reformas, sim, mas
com direitos assegurados, prioridade para as áreas de segurança, educação e
saúde, menos cargos comissionados e ministérios, autonomia total para
atividades e decisões do BC, apoio ao juiz Sérgio Moro e à Lava Jato, ambiente
de confiança para o setor produtivo, alíquota do ICMS unificada, liberdade para
usar receitas engessadas e uma aposta no diálogo para superar a crise. Coisa de
que o PT nem quer nem ouvir falar.
Ouvi
na sexta-feira do Ministro Henrique Meirelles, em entrevista à TV Globo, e
expressão: “devagar que temos pressa”. Admite-se que de certa forma este começo
seja um pouco devagar, para que o novo governo possa tomar pé da situação,
desenterrar a montanha de cadáveres herdados de Dilma e formular um plano de
trabalho objetivo, coerente e factível. Mas sem nunca perder de vista que temos
pressa, muita pressa. Se as coisas não acontecerem com a rapidez necessária,
corremos o risco de brevemente ouvir um solene “tchau Brasil”.
Por: Flávio Faveco Corrêa
Terça-feira,
17 de maio, 2016
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