A
reação dos militantes ressentidos do PT já era esperada. Eles ainda vão
espernear por muito tempo. À medida que estão sendo desalojados das boquinhas
públicas cresce a vontade de atear fogo ao país. Afinal de contas, foram mais
de dez anos mamando na tetas do governo, realizando negócios escusos e
aparelhando o Estado. O resultado de tudo isso foi o surgimento da maior
organização criminosa do Brasil. Dois tesoureiros petistas na cadeia e um na
bica de também ser preso, o ex-ministro da Comunicação Social, Edinho Silva. Zé
Dirceu, o maestro do esquema, voltou para a cadeia e agora foi novamente
condenado a mais de 20 anos. E os grandes empresários, cúmplices de toda
bandalheira, também estão amargando seus dias na prisão. Mas ainda falta o
golpe final, o corte da cabeça do chefe.
É
natural que os desempregados petistas reajam de forma violenta a qualquer tipo
de mudança institucional. Afinal de contas, como são desqualificados,
certamente não vão conseguir emprego facilmente na iniciativa privada. Os mais
exaltados, como era de se esperar, são aqueles que perdem os salários
milionários e as negociatas nos ministérios. Agora, desolados, tentam de todas
as formas reorganizar grupos para desestabilizar o governo e promover badernas.
O eco dos ressentidos ainda será ouvido por todos os cantos, estimulado pelos
pelegos da CUT que transformaram as entidades de classe em centrais de
propaganda fascista com o dinheiro da contribuição sindical.
Os
petistas do fundamentalista Rui Falcão estão atentos a tudo. E se o Temer
vacilar, eles vão para o ataque. Veja o que acontece com a ocupação do
ministério da Cultura nos estados. Alguns dos invasores condenam o governo
peemedebista de destroçar a cultura com o fim do ministério. Acusam o novo
governo de tentar acabar com a arte, o cinema, a literatura. É claro que a
medida é impactante, mas não é o fim do mundo. A cultura desaparelhada, se
tiver apoio do governo, certamente vai contemplar igualmente aqueles que nunca
tiveram acesso a recursos públicos porque não rezavam na cartilha petista. A
cultura da república sindical mostrou-se um desastre. O orçamento do
ministério, segundo a própria Dilma, era de 1%, insignificante para a demanda,
quase todo direcionado aos apadrinhados do PT.
É
inconcebível, por exemplo, que filmes de chachadas patrocinados pela Globo
Filme cheguem ao mercado incentivados pelo dinheiro público da Ancine. E que
esse mesmo dinheiro tenha foco na produção dos filmes dos simpatizantes
lulistas. O mercado cinematográfico brasileiro ainda está engatinhando porque o
incentivo que chega ao cinema não é para capacitar os produtores mas para
compensá-los por agir como petista, pensar como petista e serem amigos de
petistas. Não se trata de combater o incentivo, o que se discute aqui é como
esse dinheiro deve chegar, sem intermediários, ao mercado cinematográfico, ao
teatro e as artes de modo geral.
Por
que os filmes incentivados têm que cobrar ingressos já que recebem dinheiro
público para serem realizados? Por que então não chegam aos cinemas com preços
mais baixos, já que foram subsidiados, para que mais gente tenha acesso às
salas? Por que uma quota desses filmes não é destinada gratuitamente para as
comunidades pobres? Por que até agora o acesso aos recursos da Ancine não foi
democratizado de forma a contemplar o cinema sem discriminação ideológica e
partidária? Na Argentina, a vanguarda de filmes de qualidade, o dinheiro chega
aos produtores por um fundo que administra um percentual dos ingressos
vendidos. O governo não é tutor, apenas fiscaliza.
Ao
passar o serrote no ministério, sem uma discussão ampla com os gestores sérios
e apartidários da cultura no Brasil, Temer deu aos militantes petistas o
pretexto que eles queriam para fazer protestos contra o governo nos festivais
de cinema do mundo, a exemplo do que ocorreu no FESTin, de Lisboa, e em Cannes,
na França, onde eles chegaram às custas do dinheiro público.
Alojar
a cultura na Educação, em princípio, parece uma decisão coerente, desde que não
se mexa nos avanços conquistados nos últimos trinta anos quando o ministério da
foi criado por Sarney. Veja que interessante: um presidente conservador, mas
que tinha visão ampla da cultura e da sua importância no país. Mesmo assim, o
ministério nunca foi prestigiado por nenhum governo, especialmente os do PT.
Quem
trabalha na produção de cinema no Brasil sempre teve dificuldade em realizar projetos
se não se adequasse aos mandamentos petistas, em um setor aparelhado e
discricionário. O ministério da Cultura e seus órgãos foram ocupados por
militantes desqualificados e ideológicos que tinham rancor de quem não lesse na
cartilha deles. O critério para aprovação de qualquer proposta na área sempre
foi o partidário, o que restringiu o mercado cinematográfico a alguns
“iluminados” , partidários do lulismo, para quem faziam orações diárias sempre
de olho no caixa da Ancine.
É
preciso desaparelhar o estado, torná-lo mais amplo, despolitizá-lo. Criar
mecanismo para que todos que fazem cultura no Brasil, independentemente de
partido e de cor ideológica, tenham as mesmas oportunidades. Não é um prédio ou
o fim de uma nomenclatura que vai impedir que o país se abra para o mundo. O
Brasil precisa, de verdade, de gente que pense um novo modelo para a cultura
sem o peso da mão de ferro ideológica.
*****Jorge
Oliveira, cineasta, já ganhou vinte prêmios com seus filmes. Seu mais recente,
Olhar de Nise, recebeu dois prêmios no FESTin, em Lisboa, e está sendo exibido
em vários outros festivais da Europa e dos Estados Unidos.
sexta-feira, 20 de maio, 2016
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