O
relator do processo de impeachment no Senado, Antonio Anastasia (PSDB-MG), pede
em seu parecer que seja feita a admissibilidade do processo contra a presidente
Dilma Rousseff. Anastasia lê neste momento o seu relatório. Entretanto, o
documento já foi publicado no site do Senado Federal.
"Em
face do exposto, a denúncia apresenta os requisitos formais exigidos pela
legislação de vigência, especialmente pela Constituição Federal, para o seu
recebimento. O voto é pela admissibilidade da denúncia, com a consequente
instauração do processo de impeachment, a abertura de prazo para a denunciada
responder à acusação e o início da fase instrutória", escreveu Anastasia
ao fim do relatório, onde revela o seu voto.
Entre
as diferentes denúncias do pedido dos juristas Miguel Reale Jr. e Janaína
Paschoal, Anastasia considerou como "fatos criminosos" a abertura de
créditos suplementares sem autorização do Congresso Nacional e a contratação
ilegal de operações de crédito com instituição financeira controlada pela
União. De acordo com o texto do relator, há indícios suficientes de autoria e
materialidade para que a presidente responda ao processo de impeachment.
Novas
acusações
O
relatório se limita às tipificações de crime que foram autorizadas pela Câmara
dos Deputados, em relatório escrito por Jovair Arantes (PDT-GO). Entretanto,
Anastasia considera que, após instauração do processo, novos fatos possam ser
aditados.
"Uma
vez (e se) instaurado o processo, a denunciada deverá se defender dos fatos
narrados, e não da tipificação jurídica proposta na denúncia e aceita pela
Câmara dos Deputados", escreveu e ponderou que os julgadores, no caso, os
senadores, podem alterar a tipificação de crime e propor uma classificação
jurídica diferente.
Até
as vésperas da entrega do relatório, Anastasia sofreu pressão dos próprios
colegas do PSDB para inserir em seu relatório denúncias relacionadas à Lava
Jato. Em uma estratégia de manter um relatório técnico, o tucano preferiu não
inserir em seu parecer qualquer menção à investigação da Polícia Federal.
Entretanto,
com o entendimento de que é possível que, ao longo da fase de instrução
probatória, outros fatos sejam incluídos no processo, Anastasia abre espaço
para que a oposição abra novas acusações contra a presidente.
Crítica à
Dilma
O
senador também aproveitou o relatório para criticar a presidente Dilma Rousseff
por chamar o processo de golpe. "Cabe refutar as insistentes e
irresponsáveis alegações, por parte da denunciada, de que este processo de
impeachment configuraria um "golpe". Em primeiro lugar, nunca se viu
golpe com direito a ampla defesa, contraditório, com reuniões às claras,
transmitidas ao vivo, com direito à fala por membros de todos os matizes
políticos, e com procedimento ditado pela Constituição e pelo Supremo Tribunal
Federal (STF)" diz o tucano.
(AE)
Quinta-feira,
05 de maio, 2016
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