O marqueteiro João Santana
afirmou em seu depoimento de delação premiada ao Ministério Público Federal
(MPF), que o ex-presidente Lula ficou “irritado” com as exigências do PMDB para
apoiar a candidatura de Dilma Rousseff à Presidência da República, em 2010.
Segundo Santana, Lula preferia que o então ministro da Defesa, Nelson Jobim,
fosse o vice de sua sucessora naquela campanha eleitoral.
Santana relatou à força-tarefa da
Operação Lava Jato o episódio de um jantar no Palácio da Alvorada, em que se
reuniu com o então presidente Lula e o núcleo duro da campanha de Dilma para
tratar das eleições de 2010.
“Ele estava profundamente
exasperado, irritado, dizendo que não ia coligar (com o PMDB). Que se
dependesse dele, não ia coligar com o PMDB, porque o PMDB estava fazendo
exigências absurdas”, disse Santana. “Tá ficando impossível atender as exigências
do PMDB”, afirmou Lula, conforme o depoimento do marqueteiro.
O delator não soube detalhar
quais seriam as exigências absurdas do PMDB para fazer parte da chapa de Dilma.
Segundo Santana, em sua forma de interpretação, as exigências poderiam ser
tanto políticas, envolvendo loteamento futuro de cargos na administração
pública, quanto apoio financeiro, ou uma combinação das duas coisas.
No entanto, conseguir o apoio do
PMDB era considerado fundamental para a campanha, devido principalmente ao
tempo que o partido teria a oferecer a Dilma no horário eleitoral. E o partido
impôs o nome de Michel Temer.
Enquanto Lula considerava Nelson
Jobim o “candidato ideal”, desde o início, estava claro que Temer “não somava
nada” à campanha do ponto de vista eleitoral, segundo João Santana.
“Nós fazemos teste de perfil de
vice. O Temer não tinha um perfil, nunca teve. Era pouco conhecido e onde era
conhecido, sofria críticas. E não havia uma sinergia entre os perfis dele e da
Dilma, ao contrário. A Dilma precisava na verdade ter um político mais jovem,
mais aberto, mais carismático, que compensasse (isso), sem engoli-la”, comentou
Santana.
Domingo, 14 de Maio, 2017 as 12hs00
REGISTRO EM CARTÓRIO PROVA EXISTÊNCIA DE E-MAIL REVELADO POR
MÔNICA MOURA
Em entrevista nesta sexta-feira, Cardozo disse que se fosse verdadeira
a história do e-mail, Mônica o teria fotografado. Ela fez mais: registrou em
cartório.
A empresária Monica Moura
entregou ao Ministério Público Federal o registro com as imagens do e-mail que
usou para trocar mensagens com a ex-presidente Dilma Rousseff, conforme revelou
em depoimento sob acordo de delação premiada, na Operação Lava Jato. Ela criou
no computador da presidente uma conta de e-mail com nome e dados fictícios,
segundo seu relato, com senha compartilhada entre as duas e o ex-assessor de
Dilma, Giles Azevedo. As fotografias estão em uma Ata Notarial lavrada em 13 de
julho de 2016 no 1º Tabelionato Giovannetti em Curitiba.
A solicitação do registro das
imagens foi feita, segundo o documento, por Felipe Pedrotti Cadori. Na Ata
Notarial, o funcionário do Tabelionato afirma que ‘às 15 horas e 14 minutos,
acessei o sítio “http://www.gmail.com”, e, após o solicitante efetuar login com
usuário e senha, acessei referido e-mail, registrando a rotina sugerida na
forma a seguir, do que dou fé’.
Do documento constam três
imagens. Em uma delas, há um rascunho de e-mail “2606iolanda@gmail.com” com uma
mensagem de ‘22 de fev’: “Vamos visitar nosso amigo querido amanhã. Espero não
ter nenhum espetáculo nos esperando. Acho que pode nos ajudar nisso, né?”.
Cardozo duvidava
Em entrevista ao programa
"Bastidores do Poder", da rádio Bandeirantes, nesta sexta-feira (12),
o ex-ministro da Justiça do governo Dilma José Eduardo Cardozo, que se encontra
em Londres, tentou desqualificar a história sobre o e-mail. "Se isso fosse
verdade, Mônica o teria fotografado e não apenas copiado para um arquivo do
Word.
A delatora fez mais que isso. Já
presa, orientou o registro do e-mail Ata Notarial, no cartório, onde ele foi
acessado e atestado. Ela também declarou em papel assinado de próprio punho e
entregue à Procuradoria-Geral da República que a senha de acesso ao e-mail
‘2606iolanda’ era ‘iolanda47′.
Segundo ela, foi Dilma quem
sugeriu o nome "Iolanda" em alusão à mulher do ex-presidente Costa e
Silva – um dos generais da ditadura. Ainda segundo a delatora, 47 é o ano de
nascimento da petista.
Delação negociada
Monica é casada com o
publicitário João Santana. O casal de marqueteiros fez as campanhas
presidenciais de Lula (2006) e Dilma (2010 e 2014). Eles foram presos na
Operação Lava Jato em fevereiro de 2016 e fecharam acordo de delação premiada
para se livrar da cadeia. O juiz federal Sérgio Moro mandou soltar Mônica Moura
e João Santana em 1 de agosto de 2016.
Segundo a delatora, ela e a então
presidente combinaram que, se houvesse notícia sobre avanço da Lava Jato em
relação ao casal, o aviso seria feito através desse e-mail. As mensagens
escritas pela presidente ficariam na caixa de rascunhos do e-mail, para não
circularem, e Mônica acessaria a conta de onde estivesse.
“Para preservar a existência da
conta de e-mail, enquanto a colaboradora se encontrava presa, a senha de acesso
foi trocada para “lice1984”, que permanece até hoje”, afirmou.
Em nota, após o STF liberar o
sigilo da delação do casal, a assessoria de Dilma Rousseff disse que João
Santana e Mônica Moura “prestaram falso testemunho e faltaram com a verdade em
seus depoimentos, provavelmente pressionados pelas ameaças dos investigadores”.
“Apesar de tudo, a presidente eleita acredita na Justiça e sabe que a verdade
virá à tona e será restabelecida”, afirma a nota.
Domingo, 14 de Maio, 2017 as 12hs00
Nenhum comentário:
Postar um comentário