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“Ɖ fĆ”cil submeter povos livres: basta retirar – lhes o direito de expressĆ£o”. Marechal Manoel LuĆ­s OsĆ³rio, MarquĆŖs do Erval -15 de abril de 1866

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17 marƧo, 2017

TCU MANDA GOVERNO MUDAR PROCESSOS LENIƊNCIA COM EMPREITEIRAS




O Tribunal de Contas da UniĆ£o (TCU) determinou que o MinistĆ©rio da TransparĆŖncia, FiscalizaĆ§Ć£o e Controladoria-Geral da UniĆ£o (CGU) altere os processos de negociaĆ§Ć£o de acordos de leniĆŖncia para corrigir irregularidades e impedir o que considera favorecimento a empreiteiras investigadas na OperaĆ§Ć£o Lava Jato. Conforme antecipou o Estado, a corte detectou que a pasta concedeu benefĆ­cios indevidos Ć s empresas, suspeitas de fraudar licitaƧƵes, superfaturar contratos e pagar propinas no governo federal.

ApĆ³s trĆŖs anos de Lava Jato, o Executivo ainda nĆ£o firmou com as construtoras envolvidas no esquema de desvios de recursos da PetrobrĆ”s nenhum acordo de leniĆŖncia – espĆ©cie de delaĆ§Ć£o premiada de pessoa jurĆ­dica. A leniĆŖncia permitiria Ć s investigadas evitar puniƧƵes administrativas, como a proibiĆ§Ć£o de participar de licitaƧƵes, em troca de ressarcir os cofres pĆŗblicos pelos desvios.

Por ora, as empresas chegaram a entendimentos com outras instituiƧƵes, como o MinistĆ©rio PĆŗblico Federal (MPF) e o Conselho Administrativo de Defesa EconĆ“mica (Cade), evitando apenas as penalidades que cabem a esses Ć³rgĆ£os.

A decisĆ£o do TCU, aprovada em sessĆ£o sigilosa na quarta-feira, 15, proĆ­be o MinistĆ©rio da TransparĆŖncia de suspender os processos de investigaĆ§Ć£o abertos contra as empreiteiras quando elas manifestam o interesse em fazer os acordos de leniĆŖncia. Para os ministros do Tribunal, a prĆ”tica contraria a Lei AnticorrupĆ§Ć£o, que prevĆŖ os acordos, e contribui para que os ilĆ­citos atribuĆ­dos Ć s empresas prescrevam sem que haja a apuraĆ§Ć£o adequada.

O TCU tambƩm determinou que, ao contrƔrio do que vinha ocorrendo, a pasta agora verifique se a empresa que propƓs o acordo foi a primeira a confessar o ato lesivo. Trata-se de um prƩ-requisito, previsto na lei, para que o processo seja possƭvel.

‘Interesses’

O ministĆ©rio terĆ” ainda de excluir dos memorandos de entendimento firmados com as empreiteiras clĆ”usulas que, no entendimento do TCU, “atestam a possibilidade” de “obter crĆ©dito e subsĆ­dios” de bancos e outros Ć³rgĆ£os federais, mesmo tendo desviado recursos pĆŗblicos.

“A impressĆ£o que se colhe, ainda que de forma precĆ”ria, Ć© de certo aƧodamento tendente a favorecer os interesses da pessoa jurĆ­dica em seus negĆ³cios com o Estado. NĆ£o hĆ” no esquadro normativo da LAC (Lei AnticorrupĆ§Ć£o) qualquer orientaĆ§Ć£o nesse sentido, uma vez que o memorando visa a estabelecer as condiƧƵes necessĆ”rias Ć  celebraĆ§Ć£o do futuro acordo de leniĆŖncia, com o objetivo de ampliar o leque investigatĆ³rio, apurar atos ilĆ­citos e quantificar o dano causado aos cofres pĆŗblicos federais”, escreveu no voto apresentado ao plenĆ”rio o ministro Walton Alencar, relator do processo.

Os ministros do TCU impuseram vĆ”rias outras restriƧƵes. A colaboraĆ§Ć£o das empresas, ao propor um acordo, nĆ£o poderĆ” mais ter limite de dois anos. A TransparĆŖncia tambĆ©m nĆ£o poderĆ” considerar sanadas ilegalidades e prejuĆ­zos Ć  administraĆ§Ć£o pĆŗblica que nem sequer apurou.

O TCU detectou indĆ­cios de que foi o prĆ³prio governo que procurou as empresas da Lava Jato para tratar de acordos de leniĆŖncia, e nĆ£o o contrĆ”rio. A corte abriu na quarta-feira um processo especĆ­fico para apurar as responsabilidades pelas falhas, no qual serĆ£o ouvidos o ex-ministro interino e ex-secretĆ”rio executivo da CGU Carlos Higino Ribeiro de Alencar e o ex-secretĆ”rio-geral de Consultoria da Advocacia-Geral da UniĆ£o (AGU), Fernando Luiz Albuquerque Faria. Eles exerceram os cargos no governo da petista Dilma Rousseff.

Se o tribunal entender que os dois cometeram irregularidades, poderĆ” aplicar multas e atĆ© inabilitĆ”-los para o exercĆ­cio de cargos em comissĆ£o e funƧƵes de confianƧa. Alguns ministros da corte sustentam que a atual gestĆ£o, iniciada em maio do ano passado, deveria ter corrigido as supostas irregularidades ao assumir e nĆ£o descartam, eventualmente, convocar autoridades que estĆ£o no comando da TransparĆŖncia atualmente para se explicar.

As determinaƧƵes foram feitas em processo que analisou o caso da OAS. Como mostrou o Estado, na semana passada, a proposta de acordo feita pela empresa foi rejeitada pelo governo apĆ³s um ano e meio, sob o argumento de que a empreiteira nĆ£o colaborou efetivamente.

O MinistĆ©rio da TransparĆŖncia informou que nĆ£o comentaria a decisĆ£o, que cabe recurso na prĆ³pria corte. (AE)
Sexta-feira, 17 de MarƧo de 2017 Ɣs 09hs05

PF DEFLAGRA OPERAƇƃO CARNE FRACA CONTRA CORRUPƇƃO NA AGRICULTURA
 

A PolĆ­cia Federal deflagrou sexta-feira(17/03), a maior operaĆ§Ć£o da sua histĆ³ria. Trata-se da OperaĆ§Ć£o Carne Fraca, que combate corrupĆ§Ć£o de agentes pĆŗblicos federais e crimes contra SaĆŗde PĆŗblica. Executivos do frigorĆ­fico JBS Friboi. Dois executivos da empresa foram presos.

O esquema seria liderado por fiscais agropecuĆ”rios federais e empresĆ”rios do agronegĆ³cio. Segundo a PF, a operaĆ§Ć£o detectou em quase dois anos de investigaĆ§Ć£o que as SuperintendĆŖncias Regionais do MinistĆ©rio da Pesca e Agricultura do Estado do ParanĆ”, Minas Gerais e GoiĆ”s ‘atuavam diretamente para proteger grupos empresariais em detrimento do interesse pĆŗblico’.

Em nota, a PF informou que aproximadamente 1100 policiais federais estĆ£o cumprindo 309 mandados judiciais, sendo 27 de prisĆ£o preventiva, 11 de prisĆ£o temporĆ”ria, 77 de conduĆ§Ć£o coercitiva e 194 de busca e apreensĆ£o em residĆŖncias e locais de trabalho dos investigados e em empresas supostamente ligadas ao esquema.

“Os agentes pĆŗblicos, utilizando-se do poder fiscalizatĆ³rio do cargo, mediante pagamento de propina, atuavam para facilitar a produĆ§Ć£o de alimentos adulterados, emitindo certificados sanitĆ”rios sem qualquer fiscalizaĆ§Ć£o efetiva.

Dentre as ilegalidades praticadas no Ć¢mbito do setor pĆŗblico, denota-se a remoĆ§Ć£o de agentes pĆŗblicos com desvio de finalidade para atender interesses dos grupos empresariais. Tal conduta permitia a continuidade delitiva de frigorĆ­ficos e empresas do ramo alimentĆ­cio que operavam em total desrespeito Ć  legislaĆ§Ć£o vigente”, diz a nota da PF.

As ordens judiciais foram expedidas pela 14ĀŖ Vara da JustiƧa Federal de Curitiba/PR e estĆ£o sendo cumpridas em 7 estados federativos: SĆ£o Paulo, Distrito Federal, ParanĆ”, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Minas Gerais e Goias.

O nome da operaĆ§Ć£o faz alusĆ£o Ć  conhecida expressĆ£o popular em sintonia com a prĆ³pria qualidade dos alimentos fornecidos ao consumidor por grandes grupos corporativos do ramo alimentĆ­cio. A expressĆ£o popular demonstra uma fragilidade moral de agentes pĆŗblicos federais que deveriam zelar e fiscalizar a qualidade dos alimentos fornecidos a sociedade.

A reportagem entrou em contato com a JBS. O espaƧo estĆ” aberto para manifestaĆ§Ć£o.

Sexta-feira, 17 de MarƧo de 2017 Ɣs 09hs05

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