Numa
situação em que falta dinheiro até para manter hospitais funcionando, você
ampliaria as verbas destinadas a políticos para usarem em suas campanhas? Pois
Dilma acaba de conceder quase R$ 1 bilhão aos partidos.
Eu
sei, apelei. Pelo menos até agora, são Estados e municípios que enfrentam
problemas de caixa que batem em serviços ao cidadão. E também não me parece
muito exato afirmar que Dilma tenha dado esse dinheiro. Ela apenas deixou de
vetar o aumento do fundo partidário que havia sido aprovado pelo Congresso.
Especialmente agora que o Supremo proibiu doações de empresas, ela teria pouca
ou nenhuma condição política de bancar esse veto.
Em
termos de resultado, porém, não faz muita diferença. Num momento de vacas
macérrimas, o poder público fez crescer a parte do bolo reservada aos partidos
políticos, o que contraria noções elementares de prioridade. A manobra fica
ainda mais grave quando se considera que não haveria grande prejuízo para a
democracia se todos os partidos passassem ao mesmo tempo a fazer campanhas
eleitorais franciscanas.
O
que de pior poderia acontecer é caírem um pouco as taxas de renovação
(candidatos menos conhecidos dependem mais de exposição para ter sucesso), mas
baixos índices de troca não estão entre os problemas da política brasileira. A
renovação do Congresso, por exemplo, tem variado entre os 40% e os 60%, valores
altos na comparação internacional, e nem por isso temos assistido a uma melhora
qualitativa na representação. A tendência é que o eleitor troque seis por meia
dúzia.
Meu
ponto aqui é que o governo Dilma chegou a um ponto em que não tem mais força
nem para fazer o óbvio, que seria vetar o despropositado aumento. E, num
cenário de impeachment, a situação de Temer não seria melhor. Ao que tudo
indica, infelizmente, a crise política continuará pelo menos até a próxima
eleição.
(Hélio
Schwartsman)
Sábado,
23 de janeiro 2016
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