Em
depoimento à Justiça Eleitoral nesta quarta-feira, o empreiteiro Marcelo
Odebrecht confirmou que participou de um jantar com o presidente Michel Temer,
no Palácio do Jaburu, em Brasília, em que ele e Temer trataram de contribuições
para a campanha do então vice-presidente, em maio de 2014. Odebrecht afirmou,
no entanto, que o tema foi tratado “de forma genérica” e não houve um pedido de
doação direto feito por Temer.
O
jantar e o pedido de doações foram relatados pelo ex-diretor de Relações
Institucionais da Odebrecht Claudio Melo Filho em seu acordo de delação
premiada com o Ministério Público Federal. Segundo Melo Filho, o presidente
teria solicitado ao empreiteiro 10 milhões de reais em doações a campanhas do
PMDB, valor que teria sido repassado por meio do ministro licenciado da Casa
Civil, Eliseu Padilha, e da campanha ao governo de São Paulo de Paulo Skaf.
As
declarações do empresário, ex-presidente da holding Odebrecht e delator da
Operação Lava Jato, foram prestadas em Curitiba ao corregedor-geral da Justiça
Eleitoral, Herman Benjamin, no processo em que o PSDB pede a cassação da chapa
Dilma-Temer na eleição presidencial de 2014.
Na
semana passada, em nota oficial, Temer afirmou que, como presidente do PMDB,
“pediu auxílio formal e oficial à Construtora Norberto Odebrecht” e não
autorizou que “nada fosse feito sem amparo nas regras da lei eleitoral”.
A
nota foi motivada por entrevistas do advogado José Yunes, amigo pessoal de
Temer, que confirmou ter recebido um pacote do doleiro Lucio Funaro em seu
escritório a pedido de Padilha. A história da entrega foi revelada pelo
ex-diretor da Odebrecht, que alegou ter mandado entregar 1 milhão de reais no
escritório de Yunes. O advogado nega que soubesse se tratar de dinheiro.
Caixa dois via João
Santana
Marcelo
Odebrecht confirmou no depoimento o pagamento do publicitário João Santana,
responsável pela campanha de Dilma Rousseff à presidência em 2014, com recursos
de caixa dois acertados com o então ministro da Fazenda, Guido Mantega. Ao
final da oitiva, Odebrecht disse que não tinha como dizer “com certeza” se
Dilma e Temer sabiam das negociações e de “qualquer ilicitude nas doações”.
O
empreiteiro afirmou que o governo petista, ainda na gestão do ex-presidente
Luiz Inácio Lula da Silva, teria negociado com a empresa duas “contrapartidas”
por uma medida provisória negociada por Mantega ainda em 2009 e que
beneficiaria a empresa. Os recursos não teriam sido usados na campanha de 2010
e teriam ficado como um crédito para uso posterior, no valor de 50 milhões de
reais.
Em
2013, de acordo com Marcelo Odebrecht, Mantega teria negociado um apoio
“espontâneo” à campanha de 2014 e que os valores totais, somados todos os
créditos, seriam de 300 milhões de reais, para serem usados em caixa dois.
Marcelo Odebrecht negou que os recursos fossem propina para que a empreiteira
conseguisse negócios ou obras com o governo.
Ainda
no depoimento, Mantega pediu a Odebrecht que pagasse uma dívida com João
Santana, sem especificar se eram dívidas de campanha, o que foi feito. O
empresário alega não lembrar o valor exato, mas afirmou que se tratava de algo
entre 20 e 40 milhões de reais em pagamentos “não oficiais”, ou seja, caixa
dois.
(Com
Reuters)
Quinta-feira,
2 de Março de 2017 ás 11hs30
Nenhum comentário:
Postar um comentário