Condenado
a 41 anos de prisão na Operação Lava Jato, o ex-tesoureiro do PT João Vaccari
Neto tornou-se réu em mais uma ação penal. Desta vez, por corrupção passiva. O
juiz federal Sérgio Moro aceitou denúncia da Procuradoria da República contra o
petista e mais quatro investigados.
São
acusados, além de Vaccari, o ex-diretor de Serviços da Petrobrás Renato Duque,
os ex-gerentes da estatal Eduardo Costa Vaz Musa e Pedro Barusco, o
ex-presidente da Sete Brasil João Carlos de Medeiros Ferraz por crime de corrupção
passiva e aos quatro primeiros ainda o crime de lavagem de dinheiro. A
Procuradoria da República imputa a Guilherme Esteves de Jesus o crime de
corrupção ativa, lavagem de dinheiro e pertinência à organização criminosa.
Eduardo
Musa, Pedro Barusco e João Ferraz são delatores da Lava Jato. Renato Duque está
preso desde março de 2015, em Curitiba (PR), e condenado a mais de 50 anos de
detenção em três processos julgados pelo juiz da Lava Jato. Vaccari foi
capturado em abril do mesmo ano e já está condenado em quatro ações a penas de
15 anos e 4 meses, 9 anos, 6 anos e 8 meses e 10 anos. O petista ainda responde
a três processos sem sentença final. Guilherme Esteves de Jesus foi preso em
fevereiro daquele ano e solto em maio seguinte.
A
Sete Brasil foi constituída para fornecer sondas para a exploração do petróleo
na camada de pré-sal à Petrobrás. Após ganhar a licitação, a Sete Brasil
negociou 21 contratos de construção dessas sondas com vários estaleiros,
Estaleiros Keppel Fels, Atlântico Sul, Enseada do Paraguaçu, Rio Grande e
Jurong, sendo sete sondas negociadas com o Estaleiro Jurong.
Barusco
e Ferraz foram indicados pela estatal para cargos de direção na Sete Brasil,
respectivamente para Diretor de Operações e para Presidente.
Segundo
a denúncia, foi cobrada propina de 0,9% sobre o valor dos contratos. O valor
teria sido dividido em 1/6 para Renato Duque e para o gerente executivo de
Engenharia e Serviços da Petrobrás Roberto Gonçalves, 1/6 para Pedro Barusco,
Eduardo Musa e João Carlos Ferraz, e 2/3 para o PT, que seriam arrecadados por
João Vaccari Neto.
“Por
questões pragmáticas relativas ao pagamento da propina, ficou acertado que os
Estaleiros Atlântico Sul, Enseada do Paraguaçu e Rio Grande pagariam somente as
propinas dirigidas ao Partido dos Trabalhadores, o Estaleiro Jurong pagaria
somente propinas dirigidas aos executivos da Petrobrás e aos da
Sete
Brasil, enquanto que o Estaleiro Keppel Fels pagaria a todos”, relata Moro
sobre trechos da denúncia.
“Teria
ainda sido acertado por fora um pagamento de propina adicional de 0,1%
destinado exclusivamente a Pedro José Barusco Filho. A vantagem indevida
acertada com o Estaleiro Jurong teria sido intermediada pelo acusado Guilherme
Esteves de Jesus, representante do Grupo Jurong. A vantagem indevida teria sido
paga mediante transferências subreptícias no exterior, com contas secretas em
nome de offshores.”
O
juiz da lava jato aceitou a denúncia na sexta-feira, 3/03.
“Há,
portanto, em cognição sumária, razoável prova de que houve acertos de propinas envolvendo
agentes da Petrobras, agentes da Sete Brasil e agentes políticos, nos contratos
da Sete Brasil com os estaleiros responsáveis pelo fornecimento de sondas à
Petrobrás, e que Guilherme Esteves de Jesus, representando o Estaleiro Jurong,
participou desses acertos e realizou o pagamento das propinas acertadas”,
anotou. (AE)
Terça-feira,
7 de Março de 2017 ás 10hs30
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