A
Polícia Federal iniciou na madrugada desta sexta-feira, no apartamento do
ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em São Bernardo do Campo (SP), a 24ª
fase da Operação Lava Jato.
O
ex-presidente foi levado por agentes para depor, de acordo com a imprensa, por
volta das 8h30. Ele teria sido levado para o aeroporto de Congonhas.
Diversos
endereços ligados ao fundador do Partido dos Trabalhadores, incluindo a sede do
Instituto Lula e o sítio que ele frequentava em Atibaia, no interior de São
Paulo, foram visitados por agentes, que também fizeram operações em endereços
de um dos filhos do presidente, Fabio Luiz, conhecido como Lulinha.
Segundo
Ministério Público Federal no Paraná, a operação visa a "aprofundar a
investigação de possíveis crimes de corrupção e lavagem de dinheiro oriundo de
desvios da Petrobras, praticados por meio de pagamentos dissimulados feitos por
José Carlos Bumlai e pelas construtoras OAS e Odebrecht ao ex-presidente da
República Luiz Inácio Lula da Silva e pessoas associadas."
"Há
evidências de que o ex-presidente Lula recebeu valores oriundos do esquema
Petrobras por meio da destinação e reforma de um apartamento triplex e de um
sítio em Atibaia, da entrega de móveis de luxo nos dois imóveis e da
armazenagem de bens por transportadora. Também são apurados pagamentos ao
ex-presidente, feitos por empresas investigadas na Lava Jato, a título de
supostas doações e palestras", diz nota do MPF.
A
operação de hoje, batizada de Aletheia, envolve cerca de 200 agentes da PF e 30
auditores da Receita Federal, que também estiveram em endereços na Bahia e no
Rio de Janeiro.
Eles
cumprem 44 mandados judiciais, sendo 33 deles de busca e apreensão e 11 de
condução coercitiva (em que pessoas são obrigadas a prestar depoimento à
polícia, ainda que sem acusação formal) - um deles tinha Lula como alvo.
A
ação está sendo realizada um dia depois de a revista IstoÉ ter revelado o
suposto conteúdo da delação premiada do senador do PT Delcídio Amaral, em que
acusaria o ex-presidente de ter mandado comprar o silêncio do ex-diretor da
Petrobras, Nestor Cerveró, e de outras testemunhas.
O
senador também teria citado a presidente Dilma Rousseff no acordo de delação -
o governo negou as denúncias.
Manifestantes
contra e a favor de Lula entraram em confronto em frente ao prédio do
ex-presidente.
Também
há manifestantes no aeroporto de Congonhas.
Outro
lado
Em
nota divulgada na manhã desta sexta-feira, o Instituto Lula disse que
"Lula jamais ocultou patrimônio ou recebeu vantagem indevida, antes,
durante ou depois de governar o país. Jamais se envolveu direta ou
indiretamente em qualquer ilegalidade, sejam as investigadas no âmbito da Lava
Jato, sejam quaisquer outras."
O
instituto classificou a ação da PF como uma "violência" e disse que
foi "é arbitrária, ilegal, e injustificável".
De
acordo com o instituto, o presidente já vinha colaborando com as investigações
e, por isso, não haveria necessidade de levá-lo à força para depor.
A
nota critica também a quebra de sigilos bancários e fiscal do ex-presidente, do
Instituto Lula e da empresa LILS Palestras, porque estas informações já
estariam com os investigadores.
O
Instituto Lula diz também que "nada justifica levar o ex-presidente Lula a
depor sobre um apartamento no Guarujá que não é nunca foi dele e sobre um sítio
de amigos em Atibaia, onde ele passa seus dias de descanso"
"O
único resultado da violência desencadeada hoje pela Força Tarefa é submeter o
ex-presidente a um constrangimento público", conclui a nota.
Suspeitas
As
principais suspeitas citadas pela Procuradoria em sua nota se referem ao
triplex do Guarujá, à reforma de um sítio em Atibaia e a palestras dadas por
Lula.
No
caso do tríplex, a suspeita é que o imóvel estaria sendo reformado pela OAS
para Lula - e o presidente estaria escondendo a posse do imóvel.
Lula
e Marisa alegam que teriam visitado uma única vez o triplex 164-A para avaliar
a possibilidade de compra, mas não compraram o imóvel e, em novembro,
desistiram definitivamente de seu "direito de compra" no Solaris.
Já
o sítio em Atibaia teria sido reformado por um consórcio de empresas do qual
fariam parte a OAS e a Odebrecht. O sítio não pertence a Lula oficialmente, mas
é usado pelo ex-presidente e seus familiares.
O
Instituto Lula diz que o sítio não pertence a ele e que "a tentativa de
associá-lo a supostos atos ilícitos tem o objetivo mal disfarçado de macular a
imagem do ex-presidente.
A
nota do MPF também faz referência a palestras feitas por Lula. Um inquérito do
Ministério Público do Distrito Federal (MPF-DF) foi aberto em julho para
investigar se Lula teria feito tráfico de influência em favor da Odebrecht.
O
órgão investiga viagens internacionais do ex-presidente bancadas pela empresa a
países como Cuba, República Dominicana, Gana e Angola.
A
Odebrecht e o ex-presidente dizem que ele teria sido pago para dar palestras
nesses países.
(BBC
Brasil)
Sexta-feira,
04 de março, 2016
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