No
País do jeitinho, o improviso é a regra.
Quanto
maior o desafio, melhor a embolada. No caso desse teatro de rua, são dois
cantores versejando, dois pandeiros ritmando.
Cada
um na sua vez fazendo seu som, esgrimindo as suas rimas. As pessoas param em
derredor e se avolumam se dividindo em duas torcidas.
O
teatro político da atual conjuntura está assim. Embolado.
Que
a Dilma já não governa o País, todos sabem. Que o Congresso está mais para
feira de Caruaru, ninguém duvida.
A
sabedoria popular não cunhou no adagiário que o pior cego é o que não ver? A
baixa qualificação da quase totalidade dos atuais atores, ou artistas, da política
em todo o País não decorre de glaucomas e quejandos. Não olham, farejam.
Muitos
se dão conta que já estamos em março. Em Roma, no começo do Ano 44 Antes de
Cristo, César parecia não ter ideia da crise política que iria enfrentar.
“Cuidado com os idos de março”, advertiu-lhe um adivinho. Um dia, no auge do
parangolé, pediram-lhe que não fosse ao Senado. Deu no que deu.
Março
no Brasil é mês para se subestimar. É sempre bom lembrar que a ultima ditadura
foi gestada nos idos de março. Agosto então, nem falar.
A
estas alturas, todas as conjuminâncias imagináveis fervilham em Brasília,
partindo do fato tido como certo para acontecer – a queda da Dilma.
Como
são dois os caminhos para a saída da crise, o impeachment da Dilma pelo
Congresso ou a cassação da chapa Dilma-Temer pelo TSE, cresce a segunda
possibilidade.
O
impeachment daria a Presidência ao Vice, cujo partido já melado pela Lava Jato
arrastaria o novo governante à salsugem das acusações sistemáticas dos decaídos
e a contestações e controvérsias quanto a dividas com a ética e até com a lei,
contraídas na anterior coalização.
Restando
a via do TSE, a cassação da chapa Dilma/Temer, haveria um novo cenário para um
novo começo. Novas eleições para Presidente e Vice Presidente da República e
também, ao mesmo tempo, de uma Assembleia Constituinte Exclusiva para as
reformas política, partidária, eleitoral e demais questões, ressalvadas as cláusulas
pétreas.
Os
eleitos para essa Constituinte poderiam ser candidatos avulsos sem exclusão dos
indicados pelos partidos e ao fim do trabalho que não poderia exceder a um ano,
estariam inelegíveis para todos os cargos por quatro anos. A intenção é barrar
os políticos profissionais de pouca ou quase nenhuma qualificação para as
funções constituintes.
Aqui
entra o Pezão, Governador do Rio de Janeiro, confirmando a dupla vacância no
Executivo da República – “Se Dilma cair, Temer também cai”. (Folha de S. Paulo,
08.03.16, pag. A9).
O
segundo nome na sucessão, o Eduardo, já disse aos mais próximos que não tem
nenhum interesse em assumir a Presidência da República. Renan, igualmente, não
quer empecilho. Ambos quereriam estar acima das conjuminâncias. Em bons
exemplos de homens públicos em favor do Brasil.
O
Ricardo, Presidente do Supremo, é o que detém a estas alturas as melhores
credenciais para organizar essa nova transição. O momento será de diálogo e de
autoridade moral, suficientes para essas providencias institucionais
indispensáveis.
Isso
tudo antes de agosto. Porque se chegarmos a agosto sem alguém confiável ao País
no comando compartilhado com a Nação e todas as suas forças vivas, o dragão da
inflação já terá nos devorado.
Daqui
a cinco meses estaremos em agosto.
(Por:
Edson Vidigal)
Quinta-feira,
10 de março, 2016
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