Organizações
conservadoras vêm tendo discussões frequentes com representantes do governo
federal sobre políticas para o cinema, da Lei do Audiovisual à composição do
conselho do setor.
Um
dos grupos mais atuantes reúne ativistas envolvidos com a organização da Cúpula
Conservadora das Américas.
A
tal cúpula foi criada como uma alternativa de direita para o Foro de São Paulo,
reunião de partidos de esquerda.
Sua
primeira edição aconteceu em dezembro do ano passado em Foz do Iguaçu, no
Paraná, e teve como um de seus principais proponentes o deputado federal
Eduardo Bolsonaro, do PSL paulista, filho do presidente Jair Bolsonaro.
Em
junho, membros da organização da Cúpula se reuniram com o ministro da
Cidadania, Osmar Terra, cuja pasta agregou a área de cultura. Também
participaram representantes do Brasil 2100, que reúne empresários e
pesquisadores conservadores.
Segundo
a assessoria do ministério, entre os temas discutidos na reunião estiveram a
Lei do Audiovisual e a necessidade de se promover filmes que destaquem símbolos
nacionais e valores conservadores, como patriotismo e preservação da família.
Pela
Cúpula, participaram da reunião a consultora em comércio exterior Katiane
Gouvêa, o médico Luciano Azevedo, da Marinha, o produtor e roteirista Fábio
Cavaleiro, o maestro Dante Mantovani e o curador Romildo Silva, entre outros
membros.
Do
lado do governo, além de Terra, participou José Paulo Soares Martins,
secretário de Fomento e Incentivo à Cultura.
Em
28 de agosto, houve nova reunião de integrantes da Cúpula, dessa vez na Casa
Civil.
Segundo
o relato de um participante, um tema discutido foi como transformar os filmes
brasileiros em produtos de exportação mais bem-sucedidos.
Uma
conclusão a que chegaram foi que temas polêmicos, como drogas e questões de
gênero, afugentam público e reduzem o apelo comercial de filmes, por não
poderem ser classificados como de censura livre.
Por
isso, na visão deles, esses temas deveriam ser evitados em produções
incentivadas com recursos públicos.
Também
nessa reunião foi debatida a importância de haver um representante da equipe
econômica no Conselho Superior de Cinema, instância responsável por formular e
implementar políticas para o setor.
Isso
seria fundamental para ajudar a traçar estratégias de venda das produções para
o mercado externo.
No
dia seguinte, um decreto do governo incluiu um representante do Ministério da
Economia no conselho, restabelecendo uma prática que já ocorreu no passado.
Essa
alteração no órgão consultivo não foi a primeira feita por Bolsonaro desde que
assumiu o Alvorada.
Em
julho, outro decreto já havia transferido o Conselho Superior de Cinema do
Ministério da Cidadania para a Casa Civil. Seria uma forma de aumentar o
controle do Planalto sobre o órgão.
Em
mais de uma ocasião, Bolsonaro já expressou contrariedade com produções
financiadas por recursos públicos que tenham temáticas como sexo e drogas.
Lembrou
como principal exemplo o filme “Bruna Surfistinha”, de 2011, que conta a
história de uma ex-garota de programa e tem Deborah Secco no papel principal.
Ao
todo, o conselho tem representantes de oito ministérios, mais três do setor
audiovisual e dois da sociedade civil.
Procurados,
os ministérios da Casa Civil, Cidadania e Economia não se manifestaram. (FolhaPress)
Domingo,
08 de setembro ás 12:00
Nenhum comentário:
Postar um comentário