A
violência no Brasil mata mais que a guerra na Síria e o novo governo, Sergio
Moro à frente, quer inaugurar uma nova era na Segurança: a do jogo duro contra
os bandidos
No
ano passado, foram assassinadas no Brasil 62.517 pessoas. Em dez anos, a
criminalidade tirou a vida de 550 mil brasileiros, um número muito próximo dos
511 mil mortos na guerra da Síria desde 2011. Esses dados revelam como a
violência atingiu proporções epidêmicas no Brasil, com características de uma
verdadeira guerra civil, comandada por grandes organizações criminosas de
dentro e fora dos presídios. Por fim à essa tragédia foi, inclusive, uma das
principais promessas de campanha do presidente eleito Jair Bolsonaro.
Justamente por isso, ele não vacilou em escolher o ex-juiz Sergio Moro para ser
seu superministro de Justiça e Segurança Pública, com a missão de coordenar
ações que acabem com essa barbárie. Se o ex-juiz foi destemido ao enfrentar os
maiores corruptos do Brasil, considerou o presidente eleito, ele também tem
credibilidade para desarticular as facções criminosas que deixam as autoridades
policiais de joelhos e a população em pânico.
Confisco de bens
O
novo ministro já trabalha em um projeto contra a corrupção e o crime organizado
para apresentá-lo ao Congresso em fevereiro. Para combater a corrupção, Moro
pretende adotar parte das 70 medidas que estão paradas no Senado e endurecer
por exemplo a lei para crimes de caixa dois, que hoje são passíveis de punições
na Justiça Eleitoral. O desafio maior mesmo está na segurança pública, onde ele
pretende aplicar as mesmas estratégias que usou na Operação Lava Jato. Entre
outras medidas, vai comandar o cerco aos chefões das grandes organizações
criminosas, pedir penas mais elevadas para eles e isolá-los em presídios
federais, mas, sobretudo, confiscar seus bens. Pedirá que os bandidos que
cometem crimes mais graves sejam presos preventivamente. E que passem a cumprir
a pena logo após a sentença em segunda instância, como já ocorre no caso dos
crimes de colarinho branco. No seu projeto, Moro vai até mesmo pedir que eles
não tenham progressão de pena (que permite que deixem o regime fechado para
cumprirem pena no regime semiaberto ou aberto). “As penas no Brasil precisam
deixar de ser uma fantasia. O preso é condenado a 30 anos, mas não cumpre nem
dez”, disse Moro em entrevista exclusiva à ISTOÉ em novembro.
Moro
deseja também que a implantação de seu projeto seja feita de forma integrada
com os Estados. Afinal, ele sabe que a violência urbana está tomando proporções
de problema de segurança nacional e que a selvageria não se restringe apenas às
grandes cidades como São Paulo e Rio de Janeiro. Ao contrário do que se
imagina, a violência está correndo solta nos Estados mais pobres. Segundo dados
do Atlas da Violência 2018, a média brasileira de assassinatos é de 30,3 por
100 mil habitantes, mas no Sudeste, onde estão Rio e São Paulo, a taxa é menor,
de apenas 19,5 por 100 mil habitantes, enquanto que no Norte a matança é de
44,5 e no Nordeste de 43,7 por 100 mil habitantes. Não por acaso, Moro escolheu
para secretário nacional de Segurança Pública o general da reserva Guilherme
Theóphilo, do Ceará, um dos estados mais violentos do País.
(IstoÉ)
Terça-feira,
25 de dezembro, 2018 ás 11:00
Nenhum comentário:
Postar um comentário