O
juiz federal Sérgio Moro afirmou nesta terça-feira, 15, que a decisão do
Supremo Tribunal Federal (STF) que permite a prisão para execução penal em
segunda instância foi ‘essencial’ para a Justiça criminal. O magistrado,
símbolo da Operação Lava Jato, participou pela manhã do Fórum Mitos &
Fatos, da Rádio Jovem Pan.
“Essa
foi uma reforma essencial para a efetividade da Justiça criminal. A Lava Jato
começou antes dela, funcionava antes dela, mas eu diria assim essa mudança é
algo essencial para que nós tenhamos uma esperança no futuro em que a
impunidade desses barões da corrupção chegue a seu termo e que nós tenhamos um
país mais limpo. Vejo com algumas grandes preocupações algumas movimentações no
sentido de alterar esses recentes precedentes”, afirmou.
As
prisões a partir de confirmação em segundo grau judicial são o alvo de severas
críticas de advogados penalistas e juristas. Eles alegam que a execução só pode
ocorrer após trânsito em julgado, ou seja, quando a condenação for definitiva.
Desde que a Corte máxima autorizou prisão para condenados pela segunda
instância, a advocacia em todo o País tem protestado.
Moro
disse que tem ‘grande esperança que a atual composição do Supremo Tribunal
Federal’ não reverta a decisão tomada pelo plenário da Corte máxima em
fevereiro de 2016.
“São
decisões, de 2016, e representem, ao meu ver, o grande legado do ministro Teori
Zavascki – morto em janeiro de 2017 em um acidente de avião – , que não se
revertam esses precedentes, porque realmente seria algo desastroso para a
efetividade da justiça criminal”, disse.
“Seria
uma grande surpresa para mim se isso viesse do Supremo Tribunal Federal, que há
pouco mais de um ano decidiu diferente.”
O
juiz da Lava Jato declarou não estar fazendo pressão sobre o Supremo. “Não falo
isso para pressionar ninguém, longe de mim querer efetuar qualquer espécie de
pressão mas espero que a maioria dos ministros do Supremo Tribunal Federal
tenha a compreensão de que essa mudança foi importante, essencial e foi legado
do ministro Teori Zavascki.”
Sérgio
Moro disse ainda. “Claro que é ótimo, em tese, se falar: vamos espera a última
decisão para não correr nenhum risco de condenação equivocada, para executar
uma pena. Mas no nosso sistema processual existe uma infinidade de recursos,
aliada a uma carga excessiva, desumana, realisticamente, irracional de
processos nos tribunais superiores, no STJ e no Supremo Tribunal Federal, a
exigência do trânsito em julgado significa na prática impunidade de crimes
praticados pelos poderosos que tem condições pelas brechas da lei, não há nada
de errado nisso, usam as brechas da lei, o errado está as brechas, para
manipular o sistema para que esses processos nunca cheguem ao fim.”
Para
o magistrado, a Corte máxima estava ‘antenada’ com ‘a percepção de que esse
sistema estava levando à impunidade desse tipo de criminalidade’.
“Mudou
seus precedentes e passou a entender que, a partir do julgamento em segundo
grau, pode-se executar a pena. Aqui não é mais prisão preventiva, é prisão para
execução da pena. Há pessoas que entendem que isso viola à presunção de
inocência, tem que respeitar o entendimento. Eu sempre disse que a presunção de
inocência, para mim, tem muito mais a ver com a questão da prova. Você só pode
condenar alguém criminalmente quando você tem certeza, quando você tem uma
prova categórica, acima de qualquer dúvida razoável. Se você tem essa prova,
não há violação da presunção de inocência”, afirmou. (AE)
Terça,
15 de agosto, 2017 ás 12hs43
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