O
senador Aécio Neves (MG) deve retomar a presidência do PSDB em agosto para
coordenar a eleição e transição de seu substituto definitivo no comando da
legenda e, ao mesmo tempo, tentar evitar o rompimento dos tucanos com o
presidente Michel Temer. Licenciado da direção partidária desde 18 de maio,
após ser atingido pela delação da JBS, ele trabalha ativamente nos bastidores
para manter a sigla na base do governo.
No
esforço para reverter votos de tucanos, Temer convidou Aécio para um jantar na
noite de sábado. O encontro aconteceu no Palácio do Jaburu, onde o presidente
mora com a família, e contou com os ministros tucanos Antonio Imbassahy
(Secretaria de Governo) e Bruno Araújo (Cidades) e Moreira Franco
(Secretaria-Geral da Presidência), do PMDB, e das respectivas esposas. O
presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), foi convidado, mas não compareceu.
Aécio
tem ligado para deputados do PSDB em busca de reverter votos daqueles que são
favoráveis à aceitação da denúncia por corrupção passiva contra Temer
apresentada pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot. A votação da
denúncia no plenário da Câmara está marcada para esta quarta-feira. E pelas
previsões do líder do partido na Casa, Ricardo Tripoli (SP), a maioria dos 46
deputados tucanos deve votar pela aceitação da denúncia.
“A
maioria deve votar para que a investigação seja aberta. Hoje, o placar está na
faixa de 28 a 30 (deputados) a favor da denúncia e de 17 a 19 contra”, disse
Tripoli ao Estado/Broadcast. No Placar do Estado, 18 deputados do PSDB já
declararam voto a favor da aceitação da denúncia e apenas seis se disseram
contra. Dos outros 22 parlamentares, 19 não quiseram responder e três se
disseram indecisos sobre como se posicionarão.
O
líder do PSDB ressaltou que dificilmente a bancada fechará questão a favor ou
contra a denúncia, como fizeram outros partidos da base aliada. Sigla de Temer,
o PMDB fechou questão para barrar a abertura de investigação do presidente,
assim como PSD, PP, PR, PRB e PTB, legendas que integram o chamado Centrão.
“Vamos nos reunir nessa semana para discutir o assunto, mas fechar questão é
difícil”, afirmou Tripoli.
Na
votação da denúncia na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), cinco dos sete
deputados do PSDB que integram o colegiado votaram contra Temer. Os outros dois
votaram a favor, entre eles, Paulo Abi-Ackel (MG). Aliado de Aécio, ele foi o
responsável por apresentar parecer pela rejeição da denúncia contra o
presidente, em substituição ao do deputado Sergio Zveiter (PMDB-RJ). O
relatório do peemedebista recomendava a aceitação da denúncia, mas foi
rejeitado.
Sucessão
Aécio
combinou com o presidente interino do PSDB, senador Tasso Jereissati (CE), de
se reunirem no início de agosto para decidirem juntos a data da convenção do
partido para eleger uma nova executiva nacional. Segundo Tripoli, a previsão é
de que essa eleição ocorra no fim de agosto. É durante esse intervalo que
aliados pressionam Aécio a retomar a chefia do partido para comandar a
transição. Segundo aliados, o senador já topou.
“É
legítimo que isso (transição) seja feito pelo próprio Aécio. Não tem nada que o
impeça de conduzir a transição. Como já se decidiu que vai ter uma eleição fora
de época, não há razão para o Aécio não conduzir isso”, afirmou o deputado
Nilson Leitão (MT), vice-líder do PSDB na Câmara e segundo-secretário da
legenda. “O partido não o afastou. Ele se licenciou. Estamos falando de uma
transição. Não podemos sentenciá-lo.”
Hoje
dois nomes são colocados pelos tucanos como candidatos à sucessão de Aécio. O
próprio Tasso Jereissati e o governador de Goiás, Marconi Perillo. Considerado
o favorito, o senador cearense é favorável ao rompimento do partido com Temer.
Já Perillo é favorável à permanência do PSDB na base do governo.
Manifestação
O
movimento Quero Um Brasil Ético realizou neste domingo, na Avenida Paulista, um
ato em apoio à Operação Lava Jato. A pauta da manifestação, que segundo os
organizadores teve a participação de aproximadamente mil pessoas, também pediu
“Fora Temer, Lula, Aécio e todos os corruptos”. Entre os participantes do ato
estavam os juristas Modesto Carvalhosa e Hélio Bicudo, um dos autores do pedido
de impeachment contra a presidente cassada Dilma Rousseff.
O
promotor e presidente do conselho deliberativo do Instituto Não Aceito
Corrupção, Roberto Liviano, destacou o caráter apartidário do ato e já marcou
nova manifestação para o próximo domingo. “Vamos levar as fotos de todos os
deputados que votarem contra a admissibilidade da denúncia (contra Temer) para
a Avenida Paulista”, disse.
O
movimento também garantiu o seu apoio ao jurista Modesto Carvalhosa em uma
eventual eleição indireta, no caso do afastamento de Temer. “A manifestação
avançou em outras pautas, como no apoio à possibilidade de candidaturas
independentes concorrerem em 2018”, afirmou Carvalhosa. (AE)
Segunda-feira,
31 de julho, 2017 ás 10hs00
Nenhum comentário:
Postar um comentário