Diante
de um quadro fiscal marcado por dificuldades, a equipe da presidente do Supremo
Tribunal Federal (STF), ministra Cármen Lúcia, está fechando uma proposta
orçamentária que não deve incluir aumento para os ministros da Corte.
Atualmente o salário dos ministros é de R$ 33,7 mil, o teto do funcionalismo
público.
A
previsão orçamentária do STF para 2018 deve ficar na faixa de R$ 700 milhões,
segundo apurou a reportagem.
Apesar
da movimentação política do Conselho Superior do Ministério Público Federal,
que incluiu um aumento de 16,3% para os procuradores do MPF ao custo de R$ 116
milhões em 2018, a presidente do STF segue sem disposição de levantar a
bandeira do reajuste dos ministros em um cenário de crise. Cármen está
empenhada em cortar mais despesas da Corte.
A
proposta orçamentária elaborada pela equipe de Cármen deve ser discutida em uma
sessão administrativa do STF prevista para o dia 9 de agosto. Os ministros do
STF costumam aprovar o que for recomendado pela administração sem criar
polêmicas – mesmo assim, a expectativa é a de que o reajuste seja um dos
principais temas discutidos na sessão.
A
falta de engajamento de Cármen no aumento dos ministros pode enfraquecer o
pleito dos procuradores, já que as duas questões estão atreladas – o salário do
procurador-geral da República é o mesmo dos ministros do STF. Mesmo assim, o
presidente da Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR), José
Robalinho Cavalcanti, acredita que a ministra pode ser convencida pelos colegas
a ceder. “O orçamento não é da presidente do STF, e sim do STF, avaliado pelo
plenário da Corte. A ministra Cármen Lúcia tem a característica de ouvir o
colegiado, é uma pessoa que tem muito respeito pelos seus colegas”, disse.
Um
dos temores da ministra é o efeito cascata que um reajuste para os ministros da
Corte provocaria no Judiciário e Ministério Público dos Estados.
Inicial.
A inclusão do reajuste dos procuradores do MPF não estava na proposta
orçamentária inicial elaborada pela equipe do procurador-geral da República,
Rodrigo Janot. A sua sucessora, Rachel Dodge, pediu que o aumento fosse
incluído durante sessão do Conselho Superior do Ministério Público Federal
(CSMPF), sendo acompanhada pelos conselheiros.
Procurada
pela reportagem, Raquel informou que não comentaria o assunto. Segundo a PGR, a
posição de Janot já foi manifestada na sessão.
Para
o presidente da Associação dos Juízes Federais do Brasil (Ajufe), Roberto
Veloso, o argumento da crise deveria valer para todos, e não apenas para a
magistratura. “Todas as outras carreiras – auditores fiscais da Receita
Federal, delegados da Policia Federal, defensores públicos, advogados da União
– tiveram reajuste, menos a gente”, disse Veloso, que também se mobiliza para
garantir um reajuste para a categoria. O salário médio de um juiz federal hoje
é de R$ 27 mil.
Atualmente,
tramitam na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado dois projetos que
preveem reajuste para ministros do STF e procurador-geral da República. Para os
aumentos entrarem em vigor, é necessário o aval do Congresso. Relator da
proposta de reajuste de 16,3% na CAE do Senado, o senador Ricardo Ferraço
(PSDB-ES) criticou a decisão do CSMPF de incluir o aumento na proposta
orçamentária de 2018. Para ele, o assunto não deve nem ser discutido pelos parlamentares
nos próximos meses. (AE)
Sexta-feira,
28 de julho, 2017 ás 10hs30
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