Os
procuradores da República, na força-tarefa da Operação Lava Jato, no Paraná,
afirmaram em nota que o desmonte do grupo exclusivo da Polícia Federal na
investigação ‘prejudica’ as
apurações. A força-tarefa manifestou ‘discordância’
em relação à dissolução do grupo de trabalho dos policiais federais.
“O efetivo da Polícia Federal na Lava Jato,
reduzido drasticamente no governo atual, não é adequado à demanda. Hoje, o
número de inquéritos e investigações é restringido pela quantidade de
investigadores disponível. Há uma grande lista de materiais pendentes de
análise e os delegados de polícia do caso não têm tido condições de desenvolver
novas linhas de investigação por serem absorvidos por demandas ordinárias do
trabalho acumulado”, diz a nota.
A
Polícia Federal informou quinta-feira (06/07) que os grupos de trabalho
dedicados às operações Lava Jato e Carne Fraca agora passam a integrar a
Delegacia de Combate à Corrupção e Desvio de Verbas Públicas (Delecor), braço
da Superintendência no Paraná – base e origem das duas grandes investigações.
Em nota oficial, a PF nega que a Lava Jato esteja em processo de desmonte.
A
corporação afirma que a fusão dos elencos da Lava Jato e da Carne Fraca visa
‘priorizar ainda mais as investigações de maior potencial de dano ao erário’. O
texto destaca que a medida ‘permite o aumento do efetivo especializado no
combate à corrupção e lavagem de dinheiro e facilita o intercâmbio de
informações’.
Para
força-tarefa dos procuradores, a ‘redução e dissolução’ do grupo da PF ‘não
contribui para priorizar ainda mais as investigações ou facilitar o intercâmbio
de informações’.
“Pelo contrário, a distribuição das
investigações para um número maior de delegados e a ausência de exclusividade
na Lava Jato prejudicam a especialização do conhecimento e da atividade, o
desenvolvimento de uma visão do todo, a descoberta de interconexões entre as
centenas de investigados e os resultados”, anotaram os procuradores. (AE)
Leia
a nota da Força Tarefa da Lava Jato:
Dissolução
do Grupo de Trabalho da Lava Jato na Polícia Federal prejudica as investigações
Os
procuradores da república da força-tarefa da Lava Jato em Curitiba vêm
manifestar sua discordância em relação à dissolução do Grupo da Lava Jato no
âmbito Polícia Federal.
1.
A operação Lava Jato investiga corrupção bilionária praticada por centenas de
pessoas, incluindo ocupantes atuais e pretéritos de altos postos do Governo
Federal. Foram realizadas 844 buscas e apreensões em 41 fases que ensejaram a
apreensão de um imenso volume de materiais – apenas na primeira fase, foram
mais de 80 mil documentos. São rastreadas hoje mais de 21 milhões de transações
que envolvem mais de R$ 1,3 trilhão. Já foram acusadas por crimes graves como
corrupção, lavagem de dinheiro e organização criminosa mais de 280 pessoas, e
centenas de outras permanecem sob investigação. Embora já tenham sido
recuperados, de modo inédito, mais de R$ 10 bilhões, há um potencial de
recuperação de muitos outros bilhões, se os esforços de investigação
prosseguirem.
2.
A anunciada integração, na Polícia Federal, do Grupo de Trabalho da Lava Jato à
Delegacia de Combate à Corrupção e Desvio de Verbas Públicas, após a redução do
número de delegados a menos de metade, prejudica as investigações da Lava Jato
e dificulta que prossigam com a eficiência com que se desenvolveram até
recentemente.
3.
O efetivo da Polícia Federal na Lava Jato, reduzido drasticamente no governo
atual, não é adequado à demanda. Hoje, o número de inquéritos e investigações é
restringido pela quantidade de investigadores disponível. Há uma grande lista
de materiais pendentes de análise e os delegados de polícia do caso não têm
tido condições de desenvolver novas linhas de investigação por serem absorvidos
por demandas ordinárias do trabalho acumulado.
4.
A redução e dissolução do Grupo de Trabalho da Polícia Federal não contribui
para priorizar ainda mais as investigações ou facilitar o intercâmbio de
informações. Pelo contrário, a distribuição das investigações para um número
maior de delegados e a ausência de exclusividade na Lava Jato prejudicam a
especialização do conhecimento e da atividade, o desenvolvimento de uma visão
do todo, a descoberta de interconexões entre as centenas de investigados e os
resultados.
5.
A necessidade evidente de serviço, decorrente inclusive do acordo feito com a
Odebrecht, determinou que a equipe do Ministério Público Federal na Lava Jato
em Curitiba tenha aumentado, o que ocorreu em paralelo ao aumento das equipes
da Lava Jato no Rio de Janeiro, São Paulo e Brasília, no mesmo período em que a
Polícia Federal reduziu a equipe e dissolveu o Grupo de Trabalho da Lava Jato
em Curitiba.
6.
A Polícia Federal, assim como a Receita Federal, são parceiras indispensáveis
nos trabalhos da Lava Jato. Reconhece-se ainda a dedicação do superintendente da
Polícia Federal no Paraná, Rosalvo Franco, e do Delegado de Polícia Federal
Igor de Paula, às investigações. Contudo, a medida tornada pública hoje é um
evidente retrocesso. Por isso, o Ministério Público Federal espera que a
decisão possa ser revista, com a consequente reversão da diminuição de quadros
e da dissolução do Grupo de Trabalho da Polícia Federal na Lava Jato, a fim de
que possam prosseguir regularmente e com eficiência as investigações contra
centenas de pessoas e de que os bilhões desviados possam continuar a ser
recuperados.
Sexta-feira,
07 de julho, 2017 ás 11hs00
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