Superada
a discussão sobre a relatoria do caso JBS, que foi mantida com o ministro Edson
Fachin, o julgamento sobre os acordos de delação premiada deverá se concentrar
nesta quarta-feira, 28, na discussão sobre a possibilidade de revisão das
cláusulas das colaborações já homologadas. Entre os ministros que já votaram, o
ministro Ricardo Lewandowski foi o único a se manifestar favorável à
possibilidade de revisar uma cláusula no acordo.
O
julgamento será retomado com o voto do ministro Gilmar Mendes, dois dias depois
de o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, apresentar denúncia contra o
presidente Michel Temer por corrupção passiva. Gilmar fez duras críticas à
atuação do Ministério Público na semana passada, quando começou a discussão
sobre os limites de atuação do magistrado nos acordos de delação premiada.
“Veja,
a Procuradoria pode muito. Mas pode tudo? É isso que a lei autoriza?”,
questionou Gilmar no início do julgamento. “Me parece que nós temos que
esclarecer o que se pode fazer, sob pena de ficarmos em platitudes.”
Dentro
do STF, a expectativa é a de que Gilmar faça um voto longo e contundente na
sessão desta quarta-feira, com críticas incisivas à atuação do Ministério
Público. O próprio Gilmar já reconheceu que o caso da JBS é “ainda mais
delicado”, devido à concessão de imunidade penal aos delatores do grupo.
Conforme
informou o Estado, integrantes da Corte acreditam que o STF vai impedir a
revisão dos acordos de delação já homologados. Os ministros Luiz Fux e Luís
Roberto Barroso já fizeram defesa enfática desse ponto de vista – e ganharam o
apoio do relator da Lava Jato, Edson Fachin.
A
expectativa é de que esse entendimento tenha respaldo do decano, Celso de
Mello, da presidente da Corte, Cármen Lúcia, e de Rosa Weber, o que garantiria
a formação de maioria nesse entendimento.
Do
outro lado, os ministros Marco Aurélio Mello e Gilmar Mendes devem convergir
com Lewandowski. Se o STF confirmar que as cláusulas não podem ser revistas, o
resultado será visto como uma vitória para o Ministério Público, que ganhará
força para negociar os acordos de colaboração. (AE)
Quarta-feira,
28 de junho, 2017 ás 10hs00
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