A
audiĆŖncia de depoimento do ex-senador DelcĆdio Amaral (ex-PT/MS), primeira das
doze testemunhas de acusação no processo contra o ex-presidente Lula, foi
marcada por uma sƩrie de interrupƧƵes e bate-boca entre os advogados do petista
e o juiz SĆ©rgio Moro. Foi a audiĆŖncia mais tensa e rĆspida da Lava Jato. A
sessão aconteceu na segunda-feira (21/11).
O
tempo fechou quando os defensores de Lula alegaram que o juiz da Lava Jato
estava permitindo ao procurador da República que representou o Ministério
PĆŗblico Federal fizesse perguntas fora do Ć¢mbito da denĆŗncia formal – o
ex-presidente é réu por corrupção e lavagem de dinheiro porque teria recebido
propinas de R$ 3,7 milhƵes da empreiteira OAS no caso do triplex do GuarujƔ.
As
altercaƧƵes predominaram em toda a sessĆ£o, mas atingiram nĆveis de alta tensĆ£o
após vinte minutos de depoimento do ex-lĆder do Governo no Senado, arrolado
pela Procuradoria como uma das testemunhas da acusação. Ele falava sobre o
suposto ‘conhecimento’ de Lula sobre os negócios da PetrobrĆ”s, quando um dos
advogados, Cristiano Zanin Martins, interrompeu.
“ExcelĆŖncia,
pela ordem, estamos falando de trĆŖs contratos celebrados com uma empreiteira.”
“Dr.,
é contexto, existe uma dinâmica. Existe um contexto e essa pergunta (do
procurador) estĆ” dentro desse contexto”,
“Vossa
Excelência me permite, quando pedimos a produção de provas vossa excelência foi
muito claro e enfÔtico ao dizer que a acusação se restringia a três contratos
que envolvem uma empresa”, insistiu o advogado.
“Dr,
a defesa pediu cópias de todas as atas de licitações e os contratos da
PetrobrÔs em treze anos, diferente de o Ministério Público fazer uma pergunta
para a testemunha nesse momento. EstÔ indeferida essa questão, dr., podemos
prosseguir”, asseverou o juiz. “No momento próprio a defesa pode fazer
(perguntas), agora estamos ouvindo a testemunha e a palavra estĆ” com o
MinistĆ©rio PĆŗblico.”
“Mas
Ć© uma questĆ£o de ordem, Vossa ExcelĆŖncia tem que me ouvir.”
“Dr.,
a defesa vai ficar fazendo a cada dois minutos, a defesa vai ficar levantando
questĆ£o de ordem, Ć© inapropriado. EstĆ£o tumultuando a audiĆŖncia.”
Outro
advogado, o criminalista JosĆ© Roberto Batochio, tomou a palavra. “Pode ser
inapropriado, mas perfeitamente jurĆdico e legal.”
Moro
retomou. “EstĆ£o tumultuando a audiĆŖncia.”
Batochio
foi Ć rĆ©plica. “O juiz preside (a audiĆŖncia), o regime Ć© presidencialista, mas
o juiz não é dono do processo. Aqui os limites são a lei. A lei é a medida de
todas as coisas e a lei do processo disciplina esta audiĆŖncia. A defesa tem o
direito de fazer uso da palavra, a defesa tem direito de fazer uso da palavra
pela ordem.”
Quando
Moro mandou prosseguir a audiĆŖncia, um terceiro advogado de Lula pegou o
microfone. O juiz não admitiu nova interrupção. E cortou a gravação.
TerƧa-feira,
22 de novembro, 2016
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