O
presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES),
Gustavo Montezano, reafirmou quarta-feira (29/01) que a auditoria externa
contratada pela instituição não encontrou irregularidades nos contratos com o
grupo J&F. Segundo Montezano, “não há nada mais esclarecer” em relação às
operações do banco.
“Com
relação aos casos escandalosos de corrupção que houve no Brasil e que o BNDES
emprestou recursos para eles, a gente tem que esclarecer que até hoje nada de
ilegal foi encontrado no BNDES”, disse Montezano.
A
investigação se concentrou em apurar evidências de violação de leis
anticorrupção no Brasil e nos Estados Unidos, envolvendo oito contratos do
grupo com o BNDES, firmados entre 2005 e 2018, que totalizaram R$ 11,34 bilhões
(R$ 20,1 bilhões, em valores atualizados pelo IPCA).
Durante
entrevista à imprensa para tratar do tema, Montezano corrigiu o valor que teria
sido pago com a investigação, de R$ 48 milhões para R$ 42,7 milhões (em valores
pagos em dólar tendo como base a data em que cada contrato foi firmado).
A
auditoria foi contratada em 2017 e 2018, durante o governo do então presidente
Michel Temer, com custo inicial total de R$ 23,4 milhões, e recebeu dois
aditivos. De acordo com Montezano, em 2018, em razão da ampliação do volume de
trabalho nas investigações, houve uma suplementação no valor de R$ 5,067
milhões, realizada em novembro daquele ano.
Em
julho de 2019, em decorrência das investigações da Comissão Parlamentar de
Inquérito (CPI) do BNDES e da Operação Bullish, da Polícia Federal, que
investigou o favorecimento do banco ao grupo J&F, foi aprovado o aumento do
escopo da auditoria, com um novo aditivo de R$ 11,9 milhões no valor do
contrato. Segundo Montezano, a decisão ocorreu antes de sua posse como
presidente do banco, no dia 3 de julho.
“O
escopo adicional da Bullish e da CPI foi aprovado no BNDES em diretoria no dia
2 de julho e no conselho [diretor] no dia 22 do mesmo mês. Não participei como
diretor-presidente na aprovação do dia 2 e também não participei da aprovação
do conselho porque, na regra de governança do banco, o presidente não faz parte
do conselho”, disse.
Montezano
disse que o aditamento era necessário em razão das novas informações trazidas
pela CPI e pela operação. Segundo ele, se não houvesse o aumento no escopo da
investigação, o relatório final da auditoria ficaria praticamente sem valor e
jogaria dúvidas sobre a extensão dos procedimentos de compliance do banco. “Se
isso não tivesse sido feito, o relatório seria publicado com a ressalva existência
das duas investigações o que praticamente o tornaria invalido [como instrumento
de investigação]”, afirmou.
As
explicações do BNDES ocorrem após o presidente da República, Jair Bolsonaro,
ter criticado a auditoria ao dizer que “tem coisa esquisita”. “Entendi que ele
quis dizer com ‘raspar o tacho’ que parecia que alguém queria gastar todo o
dinheiro [do BNDES] e a gente provou aqui que não foi o caso, que o banco
gastou o necessário para cumprir o escopo da investigação”, disse Montezano,
que logo após assumir o cargo se comprometeu a abrir a “caixa-preta” do BNDES.
Para
Gustavo Montezano, é “razoável” as pessoas terem dúvidas sobre as operações do
banco, especialmente as que envolveram empresas pegas em casos de corrupção. “É
legítimo que o cidadão brasileiro se pergunte como você pode liberar R$ 20
bilhões para uma empresa, R$ 50 bilhões para outra e essas empresas
participaram de grandes escândalos de corrupção e não tem nada ilegal? É
legitimo que o cidadão tenha essa dúvida e pergunte para onde foi o meu
dinheiro”, disse. (ABr)
Quarta-feira,
29 de janeiro, 2020 ás 18:00
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