O
ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, voltou a defender o recuo
nos crimes ocorridos no Brasil desde o início da sua gestão, citando
estatísticas oficiais que revelam queda “significativa” entre os principais
tipos de ações criminosas. “Crime cresceu nos últimos 20 anos mesmo em períodos
de boa situação econômica. Impunidade segue sendo um grande problema. Grande
desafio é tornar permanentes as quedas nos índices de criminalidade. Os números
remanescentes ainda são muito ruins”, ponderou Moro.
As
declarações foram feitas em painel de abertura no segundo dia do Fórum de
Investimentos Brasil 2019. O evento, realizado em São Paulo, é organizado pelo
Banco Interamericano de Desenvolvimento e pela Agência Brasileira de Promoção
de Exportações e Investimentos (Apex).
O
ministro atribuiu a queda na criminalidade a uma série de iniciativas tomadas
pelo governo federal, entre eles a criação do banco nacional de perfis
genéticos. “O banco genético servirá para cruzamento de dados nas investigações
de crimes. Não é uma invenção tupiniquim. Estados Unidos têm banco de dados com
cerca de 12 milhões de perfis. No Reino Unido, são 6 milhões”, argumentou Moro.
O
ex-juiz também defendeu uma atuação mais presente do governo federal junto aos
entes estaduais no combate à criminalidade. “O governo federal não pode ignorar
criminalidade na rua, que é responsabilidade da Polícia Militar. Estamos
montando força tarefa federal, estadual e municipal em cidades mais violentas”,
observou o ministro.
Fim
da Lava Jato
O
ministro da Justiça admitiu que a Lava Jato acabará em algum momento, porque
tem “começo, meio e fim” e “nada dura para sempre”. Para ele, o que está em
jogo não é a operação em si, mas, sim, o combate à corrupção como um todo, que,
na sua visão, tem de ser tratado como uma questão institucional, uma missão do
País, e não de uma de uma força-tarefa. “Meu trabalho na Lava Jato acabou, mas
permaneço firme nas minhas crenças”, disse.
A
declaração de Moro foi dada no fórum, após o tema ser levantado por um
participante da plateia. Moro falava sobre iniciativa para o combate aos crimes
cibernéticos, quando uma pessoa perguntou em voz alta: “e a Lava Jato?”. Moro
acenou para que a pessoa aguardasse um pouco e, alguns minutos depois, o
ministro começou a falar sobre a operação, embora já tivesse feito alguns
comentários sobre o tema durante o seu discurso.
“Existem
grandes desafios que são permanentes, tanto no avanço contra a corrupção como
contra a criminalidade. (Podem achar) que não é tarefa do governo federal, que
cabe à Lava Jato, mas temos de avançar de forma institucional, como País,
contra a corrupção, contra a criminalidade, que ajuda no ambiente de negócios”,
afirmou o ministro.
Moro,
então, começou a discorrer sobre direitos humanos, mas, de repente, voltou a
falar sobre a Lava Jato, ao afirmar que “precisamos resgatar a autoestima dos
brasileiros”. Ele já havia dito no seu discurso que as conquistas da Lava Jato
foram boas para resgatar a autoestima do brasileiro. Dessa vez, ele contou de
uma pessoa que o encontrou na rua e disse que estava desiludido, mas que a Lava
Jato o fez recuperar sua autoestima.
“O
que está em jogo não é a Lava Jato, é uma força-tarefa que tem começo, meio e
fim, nada dura para sempre, mas não podemos retroceder nesses avanços, virar de
costas e incorporar certos discursos, que não fazem sentido”, afirmou. “Há
analistas que dizem que a Lava Jato é culpada por problemas econômicos. Ah,
pelo amor de Deus. É a velha história de culpar o policial por descobrir o
cadáver do assassinato”, disse.
Apesar
de ter exaltado a Lava Jato, Moro ressaltou em seguida que seu trabalho na
operação “acabou”, mas que ele permanece “firme nas crenças que tinha no
passado”. “Precisamos avançar e não retroceder, é um grande desafio, que não
pode ser encarado só quando o governo age sozinho, precisamos de apoio de
outras instituições e igualmente da sociedade”, disse. “Este é o meu
compromisso, estaremos lá sempre, é meu lema no Ministério”, disse o ministro,
aplaudido pela plateia.
Pacote ante-crime:
Moro
é recorrentemente citado como potencial candidato à Presidência da República.
Ele ganhou notoriedade por ter sido juiz em primeira instância da Lava Jato.
Logo após a vitória de Jair Bolsonaro na eleição presidencial, em 2018, foi
convidado para assumir o Ministério da Justiça e da Segurança Pública. Desde
então, tem tocado uma agenda de combate à corrupção e à criminalidade violenta,
simbolizada pelo pacote anticrime, que tramita no Congresso.
(Estadão
Conteúdo )
Sábado,
12 de outubro ás 11:45
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