Desta
vez, pode não se tratar de teoria conspiratória. São fatos reais que se
encadeiam e mostram que o governo de Jair Bolsonaro estaria sob flagrante
ameaça de ser derrubado pelo Exército, com apoio da Marinha e da Aeronáutica.
Quando o general Villas Bôas, maior liderança militar do país, fala na
“eventual convulsão social”, conforme fez na quarta-feira, dia 16, véspera do
início do julgamento, pelo Supremo Tribunal Federal, das três ações que
contestam a possibilidade de prisão após condenação em segunda instância, o que
o chefe militar está anunciando é a possibilidade de intervenção das Forças
Armadas, não há dúvida.
O
mais significativo é que o recado de Villas Bôas foi dado logo após ter
recebido a visita do presidente Jair Bolsonaro em sua casa.
DISSE
O GENERAL – “Experimentamos um novo período em que as instituições vêm fazendo
grande esforço para combater a corrupção e a impunidade, o que nos trouxe —
gente brasileira — de volta a autoestima e a confiança. É preciso manter a
energia que nos move em direção à paz social, sob pena de que o povo brasileiro
venha a cair outra vez no desalento e na eventual convulsão social”, escreveu
Villas Bôas, sem meias palavras.
Pode
ser que eu esteja enganado, posso estar desenvolvendo uma teoria conspiratória,
mas tudo indica que o pacto entre os Três Poderes já ultrapassou todos os limites democráticos, na
tentativa de garantir impunidade a corruptos e corruptores, incluindo dos dois
filhos do presidente que se envolveram em “rachadinhas”.
FORA
DA AGENDA – O recado foi entendido pelos ministros Dias Toffoli e Alexandre
Moraes, que estão operando com Gilmar Mendes o pacto entre os Três Poderes,
pois na mesma quarta-feira Toffoli e Moraes foram de surpresa ao Planalto, para
um encontro com o presidente Bolsonaro, fora de agenda.
Como
Bolsonaro não conseguiu tranquilizá-los, chamaram Gilmar Mendes, que também foi
ao Planalto, fora de agenda, para saber até que ponto a ameaça do general
Villas Bôas tinha procedência.
Bolsonaro,
que só pensa em livrar os filhos Flávio e Carlos, até tentou acalmar os
ministros, disse que o Exército está sob controle, o Supremo é soberano para
decidir, não há ameaça à democracia etc. e tal. Mas os ministros sabem que
estão extrapolando suas funções e que as aparências enganam.
NÃO
VAI SE CALAR – Na terça-feira, antes de se pronunciar no Twitter, o general
Villas Bôas transmitiu um vídeo aos militares, em que avisou que não vai se
calar. E a dúvida é saber se no Forte Apache a palavra do ex-comandante ainda é
uma ordem.
O
mais importante é que, ao contrário do pensam (?) Bolsonaro e os três ministros
do Supremo, a democracia brasileira não está sob ameaça, caso os Três Poderes
insistam em concretizar o pacto pela impunidade, como ocorreu na Itália, ao
sepultar a célebre Operação Mãos Limpas.
No
Brasil, quem corre risco direto é o presidente Bolsonaro e os membros do
Supremo que pretendem inviabilizar a Lava Jato.
(Carlos
Newton/Tribuna da internet)
Domingo,
20 de outubro ás 12:00
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