Um
estudo feito por pesquisadores do Instituto de Ciências Biomédicas da
Universidade de São Paulo (ICB-USP), com apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa
do Estado de São Paulo (Fapesp), mostra que um fármaco usado no tratamento
contra hepatite C crônica é capaz de eliminar o vírus da chikungunya e da febre
amarela. Todos os testes para uso humano do Sofosbuvir já foram realizados e
com isso é possível que a substância seja empregada em uma eventual epidemia de
Chikungunya.
Segundo
a pesquisa, as células humanas infectadas in vitro com Chikungunya foram
tratadas com o fármaco, que eliminou o vírus sem danificar as células e se
mostrou 11 vezes mais efetivo contra o vírus do que contra as células.
Para
um dos pesquisadores, o professor Lúcio Freitas-Junior, a utilização do
Sofosbuvir para o tratamento da chikungunya é interessante porque o processo
para a obtenção de um novo fármaco é demorado, levando em torno de 12 anos, e
caro, podendo chegar a R$ 1,5 bilhão.
“O
Sofosbuvir é uma droga que passou por todo o processo de aprovação para uso
humano. Isso possibilita que ela venha a ser utilizada contra a chikungunya em
um ou três anos. O custo seria muito menor, estimado em cerca de US$ 500 mil”,
disse.
Explicou
que a chikungunya é grave não só por ser uma doença aguda, apresentando quadro
semelhante ao da dengue, mas porque pode provocar sequela, dores articulares
altamente debilitantes, que se estendem por meses ou anos.
Essas
sequelas podem também incapacitar a pessoa a exercer sua atividade profissional
e até mesmo a sair da cama.
“Não
há vacina desenvolvida e as ferramentas para diagnóstico ainda precisam ser
otimizadas. O Sofosbuvir é algo concreto que pode se tornar uma ferramenta
poderosa para lutar contra esse vírus. Os resultados de nossa pesquisa
possibilitam que as instituições eventualmente interessadas deem início aos
ensaios clínicos”, disse Freitas-Junior.
Afirmou
que a estratégia de utilizar um medicamento já conhecido para uma outra doença
é chamada de reposicionamento de fármacos. Foram testados vários remédios
conhecidos, prescritos não só antivirais, mas para outras doenças e condições e
o considerado melhor foi o Sofosbuvir.
“Com
essa informação, médicos em hospitais podem organizar pequenos protocolos para
testar isso em humanos”, disse.
Campanha
A
prefeitura de São Paulo anunciou que antecipará para a próxima semana o
lançamento do plano de combate ao mosquito Aedes aegypti e reforçará o efetivo
de agentes de saúde envolvidos na ação.
Normalmente
as campanhas são lançadas em janeiro. Segundo a prefeitura, este ano o combate
ao mosquito terá um plano que abrange várias secretarias. Haverá ainda uma sala
de situação, comandada pelo infectologista David Uip, que vai monitorar as
doenças transmitidas pelo mosquito.
Segundo
dados da prefeitura, até outubro deste ano foram registrados 505 casos de
dengue no município. No ano passado, foram confirmados 866 casos. Já com
relação à febre amarela, este ano foram 13 casos autóctones (adquiridos no
próprio município), 107 casos importados e seis mortes. Em 2017 não houve nenhum
caso autóctone e foram 28 casos importados.
Foram
confirmados ainda 24 casos de chikungunya autóctones e 30 importados este ano.
Em 2017, foram três autóctones e um importado. Em 2018, não foram registrados
casos autóctones de zika e houve apenas um importado. No ano anterior foram 3
autóctones e um importado.
A
prefeitura informou também que, além dos postos de saúde, a vacina contra a
febre amarela também será aplicada em estações de trem, Metrô e terminais de
ônibus. A meta é imunizar 95% da população em 2019. De setembro do ano passado,
quando começou a imunização, até outubro de 2018, foram vacinadas 6,8 milhões
de pessoas, o que representa 58,5% da cobertura vacinal. (ABr)
Sábado,
10 de novembro, 2018 ás 18:00
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