O
juiz federal Sérgio Moro decidiu aceitar o convite do presidente eleito Jair
Bolsonaro (PSL), durante reunião em sua casa no Rio de Janeiro, quinta-feira
(1º/11), e vai assumir uma espécie de super-ministério da Justiça. Será um
“super-xerife” comandando o combate implacável à corrupção e a criminalidade
O
superministério da Justiça reunirá a área de Segurança Pública, que inclui a
Polícia Federal, a Polícia Rodoviária Federal e a Força Nacional de Segurança,
além da Controladoria-Geral da União e Conselho de Controle de Atividades
Financeiras (Coaf).
Em
nota, Moro confirmou a aceitação do convite, anunciou que já não presidirá
audiências em sua vara e lamentou que, para assumir as novas funções, terá de
abandonar a magistratura após 22 anos de dedicação exclusiva.
A nota
Leia
a íntegra da nota divulgada pelo juiz Sérgio Moro:
“Fui
convidado pelo Sr. Presidente eleito para ser nomeado Ministro da Justiça e da
Segurança Pública na próxima gestão. Após reunião pessoal na qual foram
discutidas políticas para a pasta, aceitei o honrado convite. Fiz com certo pesar
pois terei que abandonar 22 anos de magistratura. No entanto, a perspectiva de
implementar uma forte agenda anticorrupção e anticrime organizado, com respeito
a Constituição, a lei e aos direitos, levaram-me a tomar esta decisão. Na
pratica, significa consolidar os avanços contra o crime e a corrupção dos
últimos anos e afastar riscos de retrocessos por um bem maior. A Operação Lava
Jato seguira em Curitiba com os valorosos juízes locais. De todo modo, para
evitar controvérsias desnecessárias, devo desde logo afastar-me de novas
audiências. Na próxima semana, concederei entrevista coletiva com maiores detalhes.
”
Convite
Após
as eleições, Bolsonaro afirmou, durante entrevistas, que Moro poderia assumir o
Ministério da Justiça ou, futuramente, uma vaga no Supremo Tribunal Federal
(STF). O juiz federal agradeceu o convite, afirmando estar “honrado” pela
lembrança e que “refletiria” sobre o assunto. “Caso efetivado oportunamente o
convite, será objeto de ponderada discussão e reflexão.”
Para
especialistas que acompanham o processo político, ocupar o Ministério da
Justiça representa uma espécie de rito de passagem para, futuramente, ser
nomeado para o Supremo.
Supremo
Durante
o mandato presidencial, Bolsonaro poderá fazer duas indicações ao Supremo. A
primeira oportunidade será em novembro de 2020, quando o ministro Celso de
Mello, decano da Corte, completa 75 anos e será aposentado compulsoriamente. No
ano seguinte, será a vez do ministro Marco Aurélio Mello deixar o STF.
Moro,
de 46 anos, procura ser discreto nas atitudes, mas ganhou notoriedade ao
comandar, há quatro anos, o julgamento em primeiro instância dos processos
relativos à Operação Lava Jato, nos quais foram envolvidos nomes como o
ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o ex-ministro José Dirceu,
empresários e parlamentares.
O
escândalo relativo aos desdobramentos da Lava Jato é considerado um dos mais
complexos casos de corrupção e lavagem de dinheiro no país.
No
ano passado, Moro condenou Lula a nove anos e seis meses de prisão. Foi a primeira
condenação de um ex-presidente da República. A decisão foi ampliada em segunda
instância, e o ex-presidente agora cumpre pena em Curitiba, desde abril. (ABr)
Quinta-feira,
01 de novembro, 2018 ás 11:30
Nenhum comentário:
Postar um comentário