O
Ministério Público Federal (MPF/DF) enviou à Justiça duas ações - uma penal e
uma por improbidade administrativa - contra duas irmãs acusadas de furtar
equipamentos do Ministério da Cultura (MinC). As investigações revelaram que,
em novembro de 2012, durante o governo Dilma Rousseff (PT), Ana Paula Santana e
Ana Carolina Dourado Santana levaram uma série de objetos, incluindo
computadores destinados à edição de vídeo, câmeras, monitores, lentes e tripés,
entre outros, da Secretaria do Audiovisual.
Só
computadores foram cinco, sendo que dois deles estão avaliados em R$ 8,1 mil
cada unidade. Doados ao órgão público pela Associação Cidadela-Arte, Cultura e
Cidadania e pela Agência do Instituto Mundial para as Relações Internacionais
(Agência IR.wi), os equipamentos foram retirados do prédio que funciona no
Parque da Cidade, em Brasília, com a alegação de que seriam devolvidos à
agência mundial.
A
descoberta do extravio do material levou o MinC a instaurar uma sindicância
interna. O caso também foi apurado no âmbito de um inquérito policial. Ao ser
ouvida na fase preliminar das investigações, Ana Carolina, responsável pela
retirada dos objetos, ainda sustentou ter entregue o carregamento à agência,
mas a informação foi desmentida pela presidente da entidade. "Em seus
depoimentos, Carolina de Souza Valente aduz, ainda, que apenas tomou
conhecimento dos fatos quando foi intimada como testemunha na
sindicância", destaca o procurador da República Ivan Cláudio Marx em um
dos trechos da ação penal.
Ainda
durante a sindicância e o inquérito policial, foram ouvidas duas pessoas que
confirmaram o esquema montado pelas irmãs. Uma delas foi um servidor
subordinado à advogada Ana Paula Santana que, à época do fato, atuava como
secretária do Audiovisual do MinC. Cleber Costa contou aos investigadores ter
recebido da chefe a informação de que todos os equipamentos seriam retirados
por um preposto da agência mundial. Disse também que foi orientado a elaborar
uma lista de bens que foi repassada a um vigilante terceirizado, que acompanhou
a retirada dos equipamentos. Ouvido na fase preliminar da investigação, o
vigilante Edgar Pereira confirmou os fatos.
Na
ação, o MPF destaca que, diante das provas do crime, Ana Carolina chegou a
devolver parte dos bens subtraídos, o que não afasta o caráter criminoso da
conduta. De acordo com a ação, 14 dos 31 itens levados ainda não foram
devolvidos. Os equipamentos que não retornaram ao MinC estão avaliados em pouco
mais de R$ 54 mil. Na denúncia, o pedido principal é que as duas sejam
condenadas por peculato, cuja pena varia de dois a 12 anos de reclusão e multa.
Improbidade
Além
da ação penal, Ana Paula e Ana Carolina Dourado Santana deverão responder por
improbidade administrativa, conforme prevê a Lei 8.429/92. Nesse caso, o
processo tramitará em uma das varas cíveis do Distrito Federal. Na ação, o
procurador da República Ivan Cláudio Marx explica que as envolvidas se valeram
da condição de agente público de Ana Paula, para “incorporarem indevidamente
aos seus respectivos patrimônios bens integrantes do acervo desse órgão”. Para
o MPF, a subtração dos equipamentos configura delitos previstos em três artigos
da norma: enriquecimento ilícito, lesão ao erário, além de atentar contra os
princípios da Administração Pública.
No
caso da improbidade, o MPF solicitou a condenação das duas irmãs às penas
previstas no artigo 12 da Lei de Improbidade. Entre as possíveis sanções, estão
ressarcimento integral do dano, pagamento de multa, perda de função pública,
suspensão de direitos políticos por até dez anos e a proibição de fazer
contratos com o poder público ou de receber benefícios fiscais e de créditos de
órgãos do governo. No caso do ressarcimento, o MPF indicou que o valor a ser
restituído deve ser R$ 54.358,89, o equivalente à avaliação dos equipamentos
não devolvidos ao patrimônio público.
Quarta-feira,
5 de Abril de 2017 ás 10hs 30
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