A
Operação Lava Jato mirou – e acertou – nomes importantes da política nacional
em 2016. Em Curitiba, Rio de Janeiro ou Distrito Federal, seja pelo escândalo
de corrupção na Petrobras ou investigações derivadas dele, foram parar no banco
dos réus pesos-pesados como o ex-presidente Lula, o ex-presidente da Câmara
Eduardo Cunha, o ex-governador do Rio de Janeiro Sérgio Cabral, o ex-ministro
da Fazenda e da Casa Civil Antonio Palocci e o marqueteiro João Santana.
O
juiz federal Sergio Moro e os demais magistrados de primeira instância à frente
destas ações penais, a exemplo de Vallisney Oliveira, da 10ª Vara Federal do
Distrito Federal, levam uma média de seis a nove meses entre o recebimento de
denúncias do Ministério Público Federal e os julgamentos.
Considerando
a velocidade das canetas de quem vai julgá-los, estes nomes outrora poderosos
devem figurar em sentenças judiciais em 2017. Relembre na lista abaixo as
acusações contra eles:
Lula
Réu
em cinco ações penais na Justiça Federal, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da
Silva deve conhecer suas primeiras sentenças judiciais em 2017. Lula foi
colocado no banco dos réus pela primeira vez em julho de 2016, quando o juiz
federal Ricardo Leite, da 10ª Vara Federal do Distrito Federal, aceitou a
denúncia do Ministério Público Federal que acusa o petista de ter participado
da tentativa de obstrução das investigações da Operação Lava Jato por meio da
compra do silêncio do ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró. O juiz Sergio Moro, responsável pelos
processos da Lava Jato em Curitiba, abriu a segunda ação penal contra o
ex-presidente em setembro. Neste processo, o petista é acusado dos crimes de corrupção
e lavagem de dinheiro no caso do tríplex construído pela OAS no Guarujá (SP) e
no armazenamento de seu acervo pessoal, bancado pela empreiteira. O terceiro
processo contra o ex-presidente Lula foi aberto em outubro pelo juiz Vallisney
Oliveira, também da 10ª Vara Federal do Distrito Federal, a partir da Operação
Janus. Neste caso, pesam contra Lula acusações de organização criminosa,
lavagem de dinheiro, corrupção e tráfico de influência em contratos do BNDES
que teriam favorecido a empreiteira Odebrecht. Nos dias 16 e 19 de dezembro,
respectivamente, Oliveira em Moro aceitaram mais duas denúncias contra o
ex-presidente, que sentou no banco dos réus da Operação Zelotes, acusado de
tráfico de influência, lavagem de dinheiro e organização criminosa, e em mais
um processo da Operação Lava Jato, desta vez pelo suposto recebimento de
propinas da Odebrecht.
Eduardo Cunha
Preso
em Curitiba desde outubro por ordem do juiz federal Sergio Moro, o ex-deputado
federal e ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha é acusado em três ações penais
e também deve ser julgado em 2017. Cunha é réu desde outubro na Justiça Federal
do Paraná pelos crimes de corrupção passiva, lavagem de dinheiro e evasão
fraudulenta de divisas por supostamente ter recebido propina na compra de um
campo de petróleo no Benin, na África, pela Petrobras. O dinheiro teria sido
escondido em contas não declaradas pelo peemedebista no exterior. Outra ação
penal contra Cunha corre no Tribunal Regional Federal da 2ª Região, no Rio de
Janeiro, esta por suposto recebimento de 5 milhões de dólares em propina
oriundos de contratos de afretamento de navios-sonda da Samsung Heavy
Industries pela Petrobras. Cunha ainda é réu em outro processo, que tramita na
Justiça Federal do Distrito Federal, em que é acusado dos crimes de corrupção,
lavagem de dinheiro, prevaricação e violação de sigilo funcional em aportes de
fundos de investimento administrados pela Caixa Econômica Federal, como o Fundo
de Investimentos do FGTS (FI-FGTS), em empresas.
Antonio Palocci
Identificado
como “Italiano” nas planilhas departamento de propinas da Odebrecht, o
ex-ministro da Fazenda e da Casa Civil Antonio Palocci está preso em Curitiba
desde o fim de setembro, se tornou réu na Lava Jato no início de novembro e
deve conhecer a sentença do juiz federal Sergio Moro em 2017. A força-tarefa do
Ministério Público Federal atribui a Palocci os crimes de corrupção passiva e
lavagem de dinheiro por ter recebido e intermediado ao PT pagamentos de propina
da empreiteira. Um relatório da Polícia Federal mostra que, entre 2008 e o fim
de 2013, foram pagos mais de 128 milhões de reais ao partido e seus agentes,
incluindo o ex-ministro.
João Santana
Preso
em fevereiro de 2016 e colocado no banco dos réus da Lava Jato dois meses
depois em duas ações penais, o marqueteiro João Santana ainda não foi
sentenciado por Sergio Moro. Santana é acusado pelo Ministério Público Federal
dos crimes de corrupção e lavagem de dinheiro. Os investigadores da Lava Jato
descobriram depósitos da empreiteira Odebrecht e do lobista Zwi Skornicki,
representante do estaleiro Keppel Fels, de Singapura, em uma conta não
declarada mantida na Suíça pelo marqueteiro e sua mulher e sócia, Mônica Moura.
Os pagamentos, num total de 7,5 milhões de dólares, foram feitos até o final do
ano de 2014, ou seja, na época em que o publicitário dirigia a campanha à
reeleição da ex-presidente Dilma Rousseff. João Santana deixou a cadeia em
agosto e negocia um acordo de delação premiada com a força-tarefa da Lava Jato.
Sérgio Cabral
Preso
na Operação Calicute, desmembramento da Operação Lava Jato no Rio de Janeiro, o
ex-governador do Rio Sérgio Cabral é o mais recente peixe grande a ser colocado
no extenso banco dos réus da Lava Jato e também deve terminar 2017 com pelo
menos uma sentença na primeira instância. O juiz federal Marcelo Bretas,
responsável pelos processos da operação no Rio de Janeiro, aceitou no início de
dezembro a denúncia do Ministério Público Federal contra Cabral pelos crimes de
corrupção passiva, lavagem de dinheiro e formação de quadrilha. O peemedebista
é acusado pelos procuradores de ter liderado um esquema de corrupção que
desviou 224 milhões de reais de contratos públicos do estado do Rio com as
empreiteiras Andrade Gutierrez e Carioca Engenharia.
José Dirceu
Condenado
a 7 anos e 11 meses de prisão no mensalão e a mais 20 anos e 10 meses no
petrolão, o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu deve receber outra sentença
judicial em 2017. Dirceu, que está preso em Curitiba desde agosto de 2015, é
réu em outro processo na Lava Jato, acusado de corrupção passiva e lavagem de
dinheiro no suposto recebimento de propina em contratos do setor de compras da
Petrobras. Segundo o Ministério Público Federal, a Apolo Tubulars e a Confab,
fornecedoras com 5 bilhões de reais em contratos com a estatal, pagaram propina
de mais de 40 milhões de reais para “prosperarem” na petrolífera. Parte do
dinheiro sujo teria sido destinada ao petista. A ação penal em que José Dirceu
é réu está na fase de alegações finais, ou seja, a última oportunidade para
acusação e defesa exporem seus argumentos ao juiz Moro.(VEJA)
Domingo,
1º de Janeiro de 2017
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